segunda-feira, 6 de julho de 2009

Santa Casa da Misericórdia de Castro d'Aire


DE C. DAIRE
A preparação das eleições para os órgãos sociais da Santa Casa da Misericórdia que se realizaram em Dezembro de 2008 decorreram com muita manha, muita animação, alguma discórdia e, ao que consta, no decorrer do processo eleitoral, a estratégia para se atingirem os fins em vista, nada teve a ver com actos misericordiosos e de tolerância.
Surripiando, de propósito, o título da crónica publicada no «Notícias de Castro Daire» de 24 de Dezembro do ano findo, assinada por António de Oliveira Giroto, candidato que foi ao cargo de Provedor da Misericórdia de Castro Daire, crónica onde questiona a forma como decorreu o «processo eleitoral», dizendo que a, então Provedora, «teve uma atitude nunca vista na instituição ao não admitir, como irmãos, largas centenas de pessoas que iriam apoiar-nos nas eleições», dizendo que a demissão de um dos membros da Mesa, António José Rebelo de Albuquerque, se devia ao facto de ele não estar de acordo com o «modo tendencioso como estava a ser conduzido o processo eleitoral pela senhora Provedora e pelo Presidente da Assembleia Geral», dizendo que a sua «candidatura apresentou um programa e uma equipa competente para ir a votos desde que fossem reparadas as ilegalidades e admitidos, como irmãos, as pessoas que se tinham inscrito até 30 de Setembro», tudo isso seguido de uma proposta no sentido de adiar as eleições até ser resolvido o imbróglio das inscrições pendentes, proposta que foi rejeitada, face a tal derrota, retirou a sua lista, Lista B, ficando apenas a Lista A, encabeçada pela então Provedora. Lista que, submetida a votos obteve 843 votos favoráveis, 44 brancos e 11 nulos.




É de destacar, todavia, que na Assembleia Geral, convocada para articular a vontade e a candidatura da velha/nova Provedora com os Estatutos, e onde foi apresentada a proposta para adiar as eleições, ela obteve 647 votos favoráveis, 105 «nãos», 6 brancos e 2 nulos. Ora tornando-se lista única, a partir daí, ela ganharia com qualquer número de votos, mas a atitude dos irmãos, ou a estratégia montada pela Provedora, para derrotar o seu opositor, fez acorrer às urnas, mais 200 votos, o que significa uma estrondosa derrota para o candidato António Giroto, que cedo começou a fazer a sua campanha, usando até, como foi tornado público, o telemóvel da Câmara que lhe estava distribuído. A esta hora já deve ter ressarcido o Município dos gastos feitos em seu proveito/desproveito.
A Assembleia Geral extraordinária convocada para autorizar a recandidatura da Provedora, foi um espectáculo pouco católico, entre gente muito «católica, apostólica, romana» como preconizam nos Estatutos da Irmandade. Alguns dos protagonistas que intervieram a favor da Lista B, isto é, de António Giroto, que acabou por ser retirada, roçaram a boçalidade, juntamente com o grau de analfabetismo já conhecido publicamente. A tal boçalidade, grosseria e falta de verbo comunicativo, ou verbo arrevesado contra as regras elementares da gramática, respondeu a Provedora e o Presidente da Assembleia Geral com serenidade e esclarecimento, atitudes que fizeram, desde logo, pender para o lado da Lista A, a simpatia dos irmãos presentes. E na confusão levantada pelos membros e apoiantes da Lista B, visando o «adiamento das eleições», destacou-se o decano dos advogados de Castro Daire, Dr. João Duarte de Oliveira. Com o traquejo adquirido ao longo da longa vida, da profissão e das funções desempenhadas, ex-deputado da Nação, ex-presidente da Câmara, ex-provedor da Misericórdia, ex-presidente dos Bomboeiros Voluntários de C. Daire, ex-presidente da Assembleia Municipal, primeiro proponente da Lista A, lá do alto dos seus cabelos braancos, da sua experiência e sabedoria, disse que não havia razões jurídicas para adiar o processo eleitoral, que o processo estava a decorrer com toda a legalidade, e quem discordasse que recorresse, consequentemente, aos Tribunais. Foi o fim da questão. A lista B bateu em retirada, e a Lista A ficou com o caminho aberto e livre para prosseguir sozinha.



Ora, vem tudo isto a propósito e em apoio do sentido das palavras que escrevi na capa do meu livro «Os Nossos Bombeiros», publicado em 2005, editado pela Câmara Municipal. Disse, então, já o repeti antes e volto a repetir agora aqui, que «as instituições locais, como a Misericórdia e os Bombeiros, não são assim tão «santas» nem «humanitárias» como vulgarmente são conhecidas. Nelas se envolvem pessoas bem intencionadas, solidárias, empenhadas no Bem Comum, mas também pessoas não tanto dispostas a servirem-nas, mas a servirem-se». Foi o «aqui d?el Rei!». O autor da obra estava denegrir instituições prestimosas, havia que excomungá-lo e, de seguida, «queimar o livro». Não sucedeu nada disso. E, como se vê, não foi preciso passar muito tempo, para que concorrentes e apoiantes aos órgãos sociais de uma destas instituições, zangados uns com as outros, viessem a público dar-me razão, melhor ainda, dar razão à «História». É bem certo que «pela boca morre o peixe» e, para que conste, para que fique escrita mais uma página onde se descortinam os interesses não confessados que fazem mover as pessoas em torno destas nossas Instituições, isto é, para que fique escrita mais uma página da nossa «História local», aqui deixo alguns factos, algumas atitudes e algumas palavras escritas e/ou faladas, relacionadas com o processo eleitoral da Santa Casa da Misericórdia que decorreu nos dias 13 e 14 de Dezembro de 2008. É a prova provada de que os anjos ainda não desceram à Terra e que muitos anjinhos andam por aí a bater as asas.
Nestas eleições, como em todas as outras, houve muita manha e muito calculismo. O caciquismo, que estende longe as suas raízes, substituiu as chapeladas nas urnas de antigamente pela inscrição prévia e arregimentada de irmãos. Cerca de mil inscrições ficaram a aguardar melhores dias na Secretaria. O seu voto arregimentado não entrou nas urnas, desta vez. Talvez na próxima.
Montemuro - Trilhos Serranos

Santa Casa da Misericórdia de Vouzela


História da Santa Casa perpetuada em livro


Escrito por Vânia Pereira
21-Mai-2009

A Santa Casa da Misericórdia de Vouzela celebrou no passado dia 14 de Maio mais um marco da sua história. O lançamento do livro comemorativo dos 510 anos da história da Instituição apresentado pelo seu autor, Agostinho Torres, nos Paços do Concelho. O evento decorreu no âmbito das celebrações de S. Frei Gil e da homenagem da edilidade à Santa Casa da Misericordia. “Hoje sinto-me felicíssimo”, Agostinho Torres começou o trabalho de pesquisa e recolha de documentos e fotos há cerca de três anos, após um convite endereçado por Eugénio Lobo, Provedor da Misericórdia.
O autor contou com dois pontos de partida, nomeadamente do Padre António Barros Barbosa, que caracterizou uma época de transição da Misericórdia, datado de 1988, e de António Lopes da Costa com diversas fontes da imprensa regional.
O livro está dividido em dez capítulos que ilustram diferentes pontos da história da Instituição desde a fundação até à actualidade, com referências ao antigo Hospital, aos equipamentos, serviços e património, bem como a listagem cronológica dos provedores e a relação dos beneméritos. A obra apresenta ainda alguma documentação em arquivo, como Breves do Papa Urbano VIII, de 1636 e 1641, com os selos em chumbo do Vaticano. Recorde-se que a Santa Casa da Misericórdia de Vouzela foi uma das primeiras 14, fundadas em 1498.
A capa do livro destaca “a majestosa Igreja” com a obra a mencionar alguns dos principais momentos da Santa Casa, nomeadamente o primeiro Hospital em 1841 e a inauguração do mesmo com a presença da Rainha Dª Amélia que assistiu a uma tourada na Quinta da Cavalaria, que dispunha de Praça de Touros. O vice-provedor considerou que “foi extraordinariamente gratificante verificar, nesta viagem feita pelo passado, que Vouzela foi mesmo a antiga e nobilíssima Capital de Lafões”.
Agostinho Torres referiu que a obra foi conseguida com “muita dedicação, entusiasmo e a certeza de que estava a fazer algo importante pela Nossa Terra”.
O livro vai estar á venda no Posto de Turismo de Vouzela e na Secretaria da Santa Casa da Misericórdia, pela quantia de 15 euros.
Ao todo foram impressos mil exemplares que albergam a história de uma das maiores Instituições da Vila de Vouzela.
Agostinho Torres não esqueceu um especial agradecimento a todas as pessoas que colaboraram e contribuíram de uma forma mais estreita para a realização do livro.