Misericórdia acusada de cortar na comida aos utentes idosos
ROBERTO BESSA MOREIRA, Paredes
Penafiel. Provedor refuta acusações
Misericórdia acusada de cortar na comida aos utentes idosos
Algumas funcionárias da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel acusam a administração de servir pouca comida aos utentes beneficiários do apoio domiciliário. Emília Pinto e Natalina Ferreira denunciam o corte de quatro para três no número de pães distribuídos aos idosos que dependem da Misericórdia para tomar o pequeno-almoço, o almoço e o jantar. "Os recipientes de levar a comida são pequenos", refere Emílio Pinto, há 16 anos ao serviço da instituição.
Denúncias corroboradas por uma utente de 76 anos que paga 175 euros por mês para ter direito a duas refeições por dia. "No mês passado tiraram-me um pão. Em algumas ocasiões a comida é pouca e noutras ainda é menos", declara. Esta idosa avança, igualmente, que o marido foi aliciado a doar a casa à Misericórdia para beneficiar de um lugar no lar da instituição.
Emília Pinto e Natalina Ferreira, porta-vozes de outras funcionárias que preferem manter o anonimato com medo de represálias, acusam ainda as directoras técnicas de "revistar as carrinhas" utilizadas no apoio domiciliário "à procura de comida a mais" e dizem-se alvo de perseguições. "Somos postas de castigo e colocadas nos piores sítios. Se há uma funcionária que não seja querida é capaz de andar nas limpezas um mês seguido", referem.
Estas acusações são confirmadas pelo delegado sindical António Teixeira, que já reuniu com a administração da Misericórdia para tentar resolver questões relacionadas com o não pagamento de horas extraordinárias. "Fizemos uma proposta para que a Misericórdia pagasse cerca de cinco mil euros a cada uma das funcionárias, mas não foi aceite. Agora, vamos para tribunal", sublinha.
Ao DN, o provedor da instituição nega todas as acusações. Fernando Gonçalves defende que as queixas resumem-se a "duas funcionárias" que viram mudado o seu local e horário de trabalho. "Já estão a ser alvo de processos disciplinares", revela, enquanto sustenta que o corte do pão foi feito por indicação dos próprios utentes. "Eles é que disseram que era comida a mais", afirma. O provedor diz ser muito estranho que em 449 anos de história e entre 150 funcionários "só estas duas é que se queixam".
Fernando Gonçalves esclarece ainda que a Misericórdia não pode devolver dez mil euros pagos por Joaquim Pereira para que a esposa ficasse num dos lares da instituição e que agora são reclamados pelo idoso. Apesar de a mulher ter falecido 11 dias após ter dado entrada no lar, o provedor defende que os dez mil euros correspondem a um donativo à Misericórdia e não ao pagamento dos serviços prestados à utente.|
Diário de Notícias
22-10-2008
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