Capela desvenda época medieval de Sesimbra
00h30m
Sandra Brazinha
Não é apenas uma igreja a Capela do Espírito Santo dos Mareantes, situada na rua Cândido dos Reis que desce Sesimbra. Há muito mais história no seu interior do que se possa pensar. O espaço museológico, com vestígios góticos e barrocos, tem para apreciar desde painéis de Arte Sacra ao que restou de um antigo hospital medieval.
A visita guiada inicia-se com a contextualização do espaço, que está aberto ao público desde 18 de Dezembro de 2004.
É logo nesta primeira etapa que se descobre que a igreja foi reconstruída após o terramoto de 1755, que também afectou aquela vila piscatória, tendo servido nos anos de 1960 de biblioteca municipal. E que, em 1973, obras na casa de banho dessa mesma biblioteca despoletaram escavações arqueológicas que desvendaram o hospital da Confraria do Espírito Santo.
A Arte Sacra é o principal atractivo da sala de entrada deste museu, onde é possível observar diversas imagens e esculturas do tempo áureo da capela, como o altar, e outras cedidas pela Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra ou oriundas do Castelo e do cabo Espichel.
São na maioria pinturas a óleo sobre madeira de carvalho, mas há também esculturas em pedra de ançã ou madeira esfolada, uma talha dourada e pendões processionais de meados do século XVII.
Hospital soterrado
As maiores revelações surgem, contudo, após o visitante descer umas escadas em madeira que o encaminham para o hospital da Confraria do Espírito Santo, o único aberto ao público em Portugal depois de ter estado soterrado 250 anos.
Entre a sala que servia de acolhimento a quem precisava de um local para pernoitar, à zona de oito leitos ou à casa dos hospitaleiros Lourenço Anes e Isabel da Gama, estão expostos objectos encontrados durante as escavações, que relatam a vivência da Vila de Sesimbra desde o século XVI ao século XVIII, nomeadamente centenas de moedas que vão desde a época de D. Dinis à 1.ª República.
Quatro grafitos de antigas embarcações são também visíveis nas paredes. Os desenhos parietais a carvão, eventualmente do século XVI, retratam acontecimentos no mar, entre os quais navios em guerra ou em chamas.
Situada na actual rua da República e selada há centenas de anos, a porta de acesso central ao hospital, que prestava assistência caritativa a casos de pobreza e doença, está praticamente intacta, tal como o arco de volta redonda que na época medieval convidava os necessitados a recolherem-se.
Ícone da pintura nacional
Um dos painéis a óleo sobre madeira de carvalho que se pode encontrar neste museu é a representação de Nossa Senhora da Misericórdia, que outrora foi altar-mor da Igreja da Misericórdia de Sesimbra.
Considerada um ícone da pintura portuguesa, da primeira metade do século XVI, esta obra do pintor régio Gregório Lopes é também das mais importantes do concelho de Sesimbra.
Nesta bandeira real da misericórdia, que retrata toda a sociedade portuguesa da época desde a aristocracia ao clero e ao povo, a Virgem surge num pedestal em forma de taça onde surgem em relevo os símbolos das virtudes Fé, Esperança, Caridade, Força e Justiça.
O painel inclui ainda uma inscrição em latim, que significa: "desde a minha infância comigo cresceu a Misericórdia, e do ventre da minha mãe saiu comigo".
JN
00h30m
Sandra Brazinha
Não é apenas uma igreja a Capela do Espírito Santo dos Mareantes, situada na rua Cândido dos Reis que desce Sesimbra. Há muito mais história no seu interior do que se possa pensar. O espaço museológico, com vestígios góticos e barrocos, tem para apreciar desde painéis de Arte Sacra ao que restou de um antigo hospital medieval.
A visita guiada inicia-se com a contextualização do espaço, que está aberto ao público desde 18 de Dezembro de 2004.
É logo nesta primeira etapa que se descobre que a igreja foi reconstruída após o terramoto de 1755, que também afectou aquela vila piscatória, tendo servido nos anos de 1960 de biblioteca municipal. E que, em 1973, obras na casa de banho dessa mesma biblioteca despoletaram escavações arqueológicas que desvendaram o hospital da Confraria do Espírito Santo.
A Arte Sacra é o principal atractivo da sala de entrada deste museu, onde é possível observar diversas imagens e esculturas do tempo áureo da capela, como o altar, e outras cedidas pela Santa Casa da Misericórdia de Sesimbra ou oriundas do Castelo e do cabo Espichel.
São na maioria pinturas a óleo sobre madeira de carvalho, mas há também esculturas em pedra de ançã ou madeira esfolada, uma talha dourada e pendões processionais de meados do século XVII.
Hospital soterrado
As maiores revelações surgem, contudo, após o visitante descer umas escadas em madeira que o encaminham para o hospital da Confraria do Espírito Santo, o único aberto ao público em Portugal depois de ter estado soterrado 250 anos.
Entre a sala que servia de acolhimento a quem precisava de um local para pernoitar, à zona de oito leitos ou à casa dos hospitaleiros Lourenço Anes e Isabel da Gama, estão expostos objectos encontrados durante as escavações, que relatam a vivência da Vila de Sesimbra desde o século XVI ao século XVIII, nomeadamente centenas de moedas que vão desde a época de D. Dinis à 1.ª República.
Quatro grafitos de antigas embarcações são também visíveis nas paredes. Os desenhos parietais a carvão, eventualmente do século XVI, retratam acontecimentos no mar, entre os quais navios em guerra ou em chamas.
Situada na actual rua da República e selada há centenas de anos, a porta de acesso central ao hospital, que prestava assistência caritativa a casos de pobreza e doença, está praticamente intacta, tal como o arco de volta redonda que na época medieval convidava os necessitados a recolherem-se.
Ícone da pintura nacional
Um dos painéis a óleo sobre madeira de carvalho que se pode encontrar neste museu é a representação de Nossa Senhora da Misericórdia, que outrora foi altar-mor da Igreja da Misericórdia de Sesimbra.
Considerada um ícone da pintura portuguesa, da primeira metade do século XVI, esta obra do pintor régio Gregório Lopes é também das mais importantes do concelho de Sesimbra.
Nesta bandeira real da misericórdia, que retrata toda a sociedade portuguesa da época desde a aristocracia ao clero e ao povo, a Virgem surge num pedestal em forma de taça onde surgem em relevo os símbolos das virtudes Fé, Esperança, Caridade, Força e Justiça.
O painel inclui ainda uma inscrição em latim, que significa: "desde a minha infância comigo cresceu a Misericórdia, e do ventre da minha mãe saiu comigo".
JN
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