Misericórdia das Caldas festejou 82 anos e avança com projecto para novas instalações Publicado a 2 de Julho de 2010 .
“Dentro de muito pouco tempo as obras irão começar”. Foi a promessa que o provedor da Santa Casa da Misericórdia das Caldas, Lalanda Ribeiro, proferiu sobre as novas instalações, durante as comemorações do 82º aniversário daquela instituição, assinalado no último domingo, 27 de Maio.
O projecto de ampliação das instalações na Estrada da Foz, que teve várias dificuldades em ser aprovado (especialmente por parte do Igespar), verá agora a luz do dia. “Durante anos candidatámo-nos a vários programas de urbanização, mas nunca formos apoiados. Mas agora conseguimos a ajuda do programa de regeneração urbana com uma comparticipação de 80 por cento, ou seja, maior do que teríamos com qualquer outro suporte”, disse Lalanda Ribeiro.
O dia 7 de Julho é a data limite para o projecto estar na base de dados, para posteriormente entrar em concurso. A obra prevê uma execução na ordem dos 1,6 milhões de euros, embora o provedor da Santa Casa da Misericórdia confesse que “a verba possa ir pouco mais além deste valor inicial”. Já o começo da construção ainda não está programado, mas Lalanda Ribeiro antevê que seja ainda no final deste ano ou no início do próxim . “É provável que a obra demore um ano e meio. Mas daqui a três anos estaremos de certeza a comemorar os 85 anos nas novas instalações”, prometeu o provedor aos utentes.
Estas ampliações da Santa Casa vão permitir que o centro de acolhimento temporário para crianças em risco tenha instalações definitivas e que o internato feminino usufrua de espaços novos. De igual modo, os novos espaços trarão mais capacidade de armazenamento (nomeadamente de câmaras frigoríficas), um ginásio e uma ala dedicada à saúde – com gabinete médico e salas de enfermagem. Contudo, as novas instalações possibilitarão melhorar os serviços da lavandaria, por causa do apoio domiciliário. “Normalmente não prestamos o uso da lavandaria porque não temos capacidade para abranger tantas pessoas que temos neste sector”, referiu o provedor.
Mas não é só com as novas instalações que a Misericórdia das Caldas irá contar. Lalanda Ribeiro adiantou que o actual edifício também será alvo de obras. “Este edifício é de 1940 e já não tem as condições ideais”, afirmou o provedor, garantindo que só depois de as ampliações estarem concluídas se iniciará a requalificação do edifício principal, visto que o orçamento atribuído à instituição ronda os 1,7 milhões de euros. “Procuramos sempre procurar colmatar as falhas que haja, mas as nossas verbas também são muito limitadas”, disse, lamentando que a comparticipação da Segurança Social (cerca de 42%) “não cheggue para os vencimentos do pessoal”.
Já pedidos de ajuda, sobretudo agora em tempo de crise, não têm abrandado. Por isso, a Santa Casa da Misericórdia vai abrir no princípio de Julho uma loja social (junto ao Centro da Juventude), onde terá somente à disposição vestuário. Para que a entrega de roupa se proceda de maneira justa e equilibrada, a tarefa será efectuada “em colaboração com os nossos parceiros dos serviços sociais da Câmara das Caldas, juntas de freguesia e instituições, para que encaminhem as pessoas para a loja”, contou Lalanda Ribeiro.
Festejos com exposição de pintura, mas com poucos visitantes
Sendo a terceira vez que a Misericórdia abre as portas da sua Casa, este ano as comemorações de aniversário incluíram uma exposição de pintura de dois utentes – Dulce Mota do internato feminino, e Henrique Cabaços usufruidor do serviço de apoio domiciliário.
Dulce Mota de 18 anos já pinta desde pequena, mas Henrique Cabaços com os seus 88 anos, só se dedicou a tempo inteiro à pintura depois de terminada a carreira de 40 anos como professor do ensino primário. “Comecei muito tarde nisto, devia ter-me dedicado mais cedo [à pintura] que é quando as nossas possibilidades físicas estão no auge”, contou.
O número exagerado de alunos por turma (sempre mais de 40 estudantes), não lhe deu a oportunidade de vingar mais nas artes pictóricas. “Quando estava a estudar na Guarda fiz uma exposição e até me aconselharam a seguir essa via, mas em Portugal ninguém se podia governar só com a pintura. Por isso, nas minhas horas livres era um pintor de fim-de-semana”, contou Henrique Cabaços.
Sendo um autodidacta, Henrique Cabaços confessou que ao longo do seu percurso na pintura sempre lhe surgiram- algumas dificuldades, em especial na quantidade de ingredientes para misturar as cores e no manuseamento da espátula. “Isto são dificuldades que um autodidacta tem que vencer por si. O conhecimento que fui adquirindo foi através dos livros e sempre que tenho oportunidades vejo exposições, onde também se aprende muito”, explicou.
Por enquanto, Henrique Cabaços está na fase do figurativo – algo que é bem visível pelas representações das ruelas das Caldas –, mas o avanço para o estilo impressionista será a sua próxima fase.
Contente com a exposição, mas menos satisfeito com a pouca afluência do público caldense para visitar a instituição na iniciativa “Portas Abertas”, estava Lalanda Ribeiro, visto que a “festa de anos” acabou por ser mais dirigida para a comunidade da Misericórdia. Este ano a direcção resolveu não convidar entidades oficiais, mas o provedor considera que teria sido “bom que as pessoas pudessem aparecer e ver, que a Santa Casa não é só um lar onde as pessoas estão. Há actividades que se fazem, como foi o caso desta exposição de uma jovem aqui internada e de um nosso utente do serviço de apoio domiciliário que marcou uma geração aqui em Caldas”.
E por que razão os caldenses não responderam ao convite? Lalanda Ribeiro responde que “se houvesse aqui problemas que agitassem o meio, se calhar as pessoas iam aparecer. Como as coisas estão calmas normalmente as pessoas não aparecem e pensam que não têm de haver intervenção. Aliás, penso que todas as instituições têm esse problema, pois as Assembleias Gerais normalmente são pouco participadas”.
Tânia Marques
tania.marques@gazetacaldas.com
“Dentro de muito pouco tempo as obras irão começar”. Foi a promessa que o provedor da Santa Casa da Misericórdia das Caldas, Lalanda Ribeiro, proferiu sobre as novas instalações, durante as comemorações do 82º aniversário daquela instituição, assinalado no último domingo, 27 de Maio.
O projecto de ampliação das instalações na Estrada da Foz, que teve várias dificuldades em ser aprovado (especialmente por parte do Igespar), verá agora a luz do dia. “Durante anos candidatámo-nos a vários programas de urbanização, mas nunca formos apoiados. Mas agora conseguimos a ajuda do programa de regeneração urbana com uma comparticipação de 80 por cento, ou seja, maior do que teríamos com qualquer outro suporte”, disse Lalanda Ribeiro.
O dia 7 de Julho é a data limite para o projecto estar na base de dados, para posteriormente entrar em concurso. A obra prevê uma execução na ordem dos 1,6 milhões de euros, embora o provedor da Santa Casa da Misericórdia confesse que “a verba possa ir pouco mais além deste valor inicial”. Já o começo da construção ainda não está programado, mas Lalanda Ribeiro antevê que seja ainda no final deste ano ou no início do próxim . “É provável que a obra demore um ano e meio. Mas daqui a três anos estaremos de certeza a comemorar os 85 anos nas novas instalações”, prometeu o provedor aos utentes.
Estas ampliações da Santa Casa vão permitir que o centro de acolhimento temporário para crianças em risco tenha instalações definitivas e que o internato feminino usufrua de espaços novos. De igual modo, os novos espaços trarão mais capacidade de armazenamento (nomeadamente de câmaras frigoríficas), um ginásio e uma ala dedicada à saúde – com gabinete médico e salas de enfermagem. Contudo, as novas instalações possibilitarão melhorar os serviços da lavandaria, por causa do apoio domiciliário. “Normalmente não prestamos o uso da lavandaria porque não temos capacidade para abranger tantas pessoas que temos neste sector”, referiu o provedor.
Mas não é só com as novas instalações que a Misericórdia das Caldas irá contar. Lalanda Ribeiro adiantou que o actual edifício também será alvo de obras. “Este edifício é de 1940 e já não tem as condições ideais”, afirmou o provedor, garantindo que só depois de as ampliações estarem concluídas se iniciará a requalificação do edifício principal, visto que o orçamento atribuído à instituição ronda os 1,7 milhões de euros. “Procuramos sempre procurar colmatar as falhas que haja, mas as nossas verbas também são muito limitadas”, disse, lamentando que a comparticipação da Segurança Social (cerca de 42%) “não cheggue para os vencimentos do pessoal”.
Já pedidos de ajuda, sobretudo agora em tempo de crise, não têm abrandado. Por isso, a Santa Casa da Misericórdia vai abrir no princípio de Julho uma loja social (junto ao Centro da Juventude), onde terá somente à disposição vestuário. Para que a entrega de roupa se proceda de maneira justa e equilibrada, a tarefa será efectuada “em colaboração com os nossos parceiros dos serviços sociais da Câmara das Caldas, juntas de freguesia e instituições, para que encaminhem as pessoas para a loja”, contou Lalanda Ribeiro.
Festejos com exposição de pintura, mas com poucos visitantes
Sendo a terceira vez que a Misericórdia abre as portas da sua Casa, este ano as comemorações de aniversário incluíram uma exposição de pintura de dois utentes – Dulce Mota do internato feminino, e Henrique Cabaços usufruidor do serviço de apoio domiciliário.
Dulce Mota de 18 anos já pinta desde pequena, mas Henrique Cabaços com os seus 88 anos, só se dedicou a tempo inteiro à pintura depois de terminada a carreira de 40 anos como professor do ensino primário. “Comecei muito tarde nisto, devia ter-me dedicado mais cedo [à pintura] que é quando as nossas possibilidades físicas estão no auge”, contou.
O número exagerado de alunos por turma (sempre mais de 40 estudantes), não lhe deu a oportunidade de vingar mais nas artes pictóricas. “Quando estava a estudar na Guarda fiz uma exposição e até me aconselharam a seguir essa via, mas em Portugal ninguém se podia governar só com a pintura. Por isso, nas minhas horas livres era um pintor de fim-de-semana”, contou Henrique Cabaços.
Sendo um autodidacta, Henrique Cabaços confessou que ao longo do seu percurso na pintura sempre lhe surgiram- algumas dificuldades, em especial na quantidade de ingredientes para misturar as cores e no manuseamento da espátula. “Isto são dificuldades que um autodidacta tem que vencer por si. O conhecimento que fui adquirindo foi através dos livros e sempre que tenho oportunidades vejo exposições, onde também se aprende muito”, explicou.
Por enquanto, Henrique Cabaços está na fase do figurativo – algo que é bem visível pelas representações das ruelas das Caldas –, mas o avanço para o estilo impressionista será a sua próxima fase.
Contente com a exposição, mas menos satisfeito com a pouca afluência do público caldense para visitar a instituição na iniciativa “Portas Abertas”, estava Lalanda Ribeiro, visto que a “festa de anos” acabou por ser mais dirigida para a comunidade da Misericórdia. Este ano a direcção resolveu não convidar entidades oficiais, mas o provedor considera que teria sido “bom que as pessoas pudessem aparecer e ver, que a Santa Casa não é só um lar onde as pessoas estão. Há actividades que se fazem, como foi o caso desta exposição de uma jovem aqui internada e de um nosso utente do serviço de apoio domiciliário que marcou uma geração aqui em Caldas”.
E por que razão os caldenses não responderam ao convite? Lalanda Ribeiro responde que “se houvesse aqui problemas que agitassem o meio, se calhar as pessoas iam aparecer. Como as coisas estão calmas normalmente as pessoas não aparecem e pensam que não têm de haver intervenção. Aliás, penso que todas as instituições têm esse problema, pois as Assembleias Gerais normalmente são pouco participadas”.
Tânia Marques
tania.marques@gazetacaldas.com
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