quinta-feira, 29 de julho de 2010

Santa Casa da Misericórdia de Foz Côa

Diz ex-autarca António Gouveia

Museu do Côa: legislativas de 1995 forçaram suspensão da barragem
29.07.2010 - 12:30 Por Lusa

O autarca que liderava a Câmara de Vila Nova de Foz Côa quando as gravuras rupestres foram descobertas reconheceu hoje que a decisão de suspender a barragem foi precipitada pelas eleições legislativas de 1995.
O ex-autarca António Gouveia (PSD) considera que “se não fosse o movimento político de eleições nacionais” que ocorreu na altura, o assunto teria sido discutido “com calma e serenidade”.

Lembrou que aconteceu em Foz Côa “uma revolução política”, que foi desencadeada entre Maio e Junho de 1995, quando estavam em causa as eleições legislativas, disputadas por António Guterres (PS) e Fernando Nogueira (PSD), assumindo que foi por essa razão que a luta pela preservação das gravuras “se aguçou”.

Referiu que, num outro contexto, teria sido possível “a compatibilização entre a construção da barragem e a preservação das gravuras” e ainda a construção do Museu do Côa e de um Parque Temático, como também era apontado na altura.

Caso tivesse vingado a construção da barragem e a preservação das gravuras, António Gouveia reconhece que a situação económica e social do concelho seria outra.

“Ai sim, acreditava que passado este tempo todo, hoje, não estaríamos com uma fase de regressão de crescimento económico e de sangria da população, mas estávamos com uma fase de crescimento e como pólo de desenvolvimento para todo o interior”, disse.

Para o antigo presidente de Câmara a complementaridade entre gravuras e barragem “era fundamental”, recordando que com a construção daquela obra seria criada uma albufeira de 17 quilómetros “que podia ser um potencial de reserva de água doce”.

Gouveia, que actualmente desempenha as funções de provedor da Santa Casa da Misericórdia local, recorda que naquela época o seu desejo enquanto autarca era que o concelho e a região tivessem “uma oportunidade de desenvolvimento e de crescimento sustentado, com base em potencialidades energéticas [barragem] e também na valorização do património [gravuras]”. “A minha posição foi de acumulação de dois prémios, que designei por jackpot”, lembrou.

Disse que na altura “estava convicto de que era possível compatibilizar os dois projectos, preservando as gravuras rupestres e, ao mesmo tempo, valorizando esta região com o armazenamento de água e com a produção de energia”.

Em relação ao atraso na construção do museu, António Gouveia diz que “vale mais tarde do que nunca”.

Considera tratar-se de “um pólo de desenvolvimento fundamental” para a região mas reconhece que “não é suficiente”.

“Penso que terão que associar outro grande investimento, que é o Parque Temático”, defendeu.

O Museu do Côa abre as portas 15 anos depois da polémica que suspendeu a construção da barragem devido aos protestos de ambientalistas e de especialistas em arte rupestre.

Público

Sem comentários: