sábado, 4 de junho de 2011

Santa Casa da Misericórdia de Alfândega da Fé

Instituição não conseguiu reunir as condições para poder registar a propriedade do lar para dar como garantia bancária
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Misericórdia de Alfândega não consegue empréstimo

As dificuldades financeiras estão a agravar-se na Santa Casa da Misericórdia de Alfândega da Fé (SCMAF). A instituição não conseguiu reunir condições para dar o Lar de Idosos de Santa Teresinha como garantia bancária de um empréstimo, que tinha como destino saldar parte das dívidas e reestruturar a Misericórdia.

Em causa está um processo em tribunal, que se arrasta há vários anos, que impede a SCMAF de registar o lar como sua propriedade. No passado mês de Abril, o provedor da Misericórdia, Arsénio Pereira, afirmou que tinha sido dado um passo importante no sentido de desbloquear a situação, mas o entendimento entre as partes acabou por não se verificar. “ Não conseguimos o entendimento. Inicialmente, em conversa com o nosso advogado, o advogado da Câmara e o advogado da outra parte chegámos a um pré-entendimento, que estaria dependente de uma reunião entre o advogado e a família que representa, que reivindica a propriedade do terreno. No entanto, a família terá dito que não concordava com o entendimento, pelo que vamos ter que esperar pela sentença”, esclarece o provedor.
Esta situação impediu a Misericórdia de contrair um empréstimo para fazer face aos compromissos com funcionários e fornecedores. “Enquanto não houver uma sentença não podemos passar para o registo do imóvel e também não podemos apresentá-lo como garantia bancária, o que nos traz problemas graves para a instituição”, admite o responsável.
Os constrangimentos financeiros já se verificam no dia-a-dia da instituição. “Temos problemas para pagar a fornecedores. Se temos prejuízo diariamente, ao longo dos tempos, vamos ter problemas para satisfazer os nossos compromissos e manter a confiança junto daquelas pessoas que nos fornecem bens essenciais”, realça Arsénio Pereira.

Provedor afirma que vai ter que aumentar a dívida aos fornecedores para pagar aos funcionários

Os oito salários relativos ao mês de Fevereiro continuam por pagar, mas o provedor não admite a possibilidade de não haver dinheiro para pagar aos funcionários nos próximos meses. “Para pagar os ordenados aos funcionários vamos ter que acumular mais alguma dívida junto dos fornecedores, mais do que aquilo que é desejável e mais do que eles podem esperar em tempo de crise”, lamenta o responsável.
A aposta na mobilidade de pessoal e a rescisão de alguns contratos de trabalho também ainda estão em cima da mesa, mas segundo Arsénio Pereira só poderão avançar depois de haver um encaixe financeiro, que permita o pagamento de indemnizações.
A leitura da sentença ainda não tem data marcada, mas o provedor da Misericórdia espera que o veredicto seja conhecido antes das férias judiciais.
Caso seja interposto um novo recurso e o processo se continue a arrastar nos tribunais, Arsénio Pereira garante que já tem um plano para resolver os problemas da instituição. “Temos outro plano para apresentar junto da Segurança Social, no sentido de termos também alguns apoios que nos permitam fazer essa reestruturação”, garante o responsável.
Arsénio Pereira preferiu não quantificar o valor da dívida, mas afirma que é “muito preocupante”. “A direcção tem soluções estudadas para resolver o problema. Estão é a demorar mais do que aquilo que estávamos à espera”, remata o provedor da Misericórdia de Alfândega.

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