domingo, 29 de abril de 2012

Santa Casa da Misericórdia de Azambuja

Pensões são baixas e não cobrem o que a instituição gasta com o acolhimento 
Misericórdia de Azambuja vai pedir a famílias de idosos que ajudem nas despesas 

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Os familiares dos idosos internados no lar da Santa Casa da Misericórdia de Azambuja vão ser convidados a ajudar a suportar os custos que a instituição tem com os seniores. As pensões baixas, dilema de uma zona marcadamente rural, levam a que as mensalidades não cheguem para cobrir as despesas mesmo com a contribuição do Estado.

Edição de 2012-04-19
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Ana Santiago
A Santa Casa da Misericórdia de Azambuja vai pedir às famílias dos idosos internados no lar que ajudem a suportar os custos do acolhimento. Isto porque as mensalidades são de forma geral inferiores ao custo real que a instituição tem com cada sénior.
A maior parte dos idosos recebe pensões baixas na ordem dos 300 e 400 euros e a instituição só pode cobrar 85 por cento dos seus rendimentos. Mesmo com contribuição do Estado, através da Segurança Social, a quantia é insuficiente. Algumas famílias são chamadas a contribuir, dentro do que está estipulado a nível oficial, mas nem todas têm essa disponibilidade. “É um dilema de uma zona marcadamente rural”, constata o provedor, Sebastião Bexiga.
Com cada idoso internado na valência de lar a instituição gasta 930 euros enquanto que o valor médio das mensalidades ronda os 750 euros já com o apoio do Estado e das famílias, em alguns casos. A instituição só sobrevive, garante o provedor, porque conta com ajudas externas que permitem cobrir esta diferença.
“Recebemos alimentos que são doados pelas grandes superfícies da zona e parte dos bens do banco alimentar da luta contra a fome, que também distribuímos, são usados na alimentação dos idosos”, revela o provedor.
“A situação está difícil para que as pessoas possam libertar algumas importâncias mas temos que os confrontar. É uma realidade que não podemos omitir sob pena de criarmos uma situação insustentável no futuro”, analisa Sebastião Bexiga que lembra que a instituição tem despesas fixas de água, electricidade e gás além das remunerações e da alimentação dos idosos que tem que assegurar.
A maior parte dos idosos que a instituição acolhe na valência de lar é de Azambuja. Os residentes no concelho têm prioridade. A valência tem normalmente uma extensa lista de espera que é actualmente de 40 pessoas ao contrário do que acontece com o pré-escolar que sofreu uma diminuição depois da abertura do infantário da rede pública.
A instituição tem um projecto para um novo lar que está em reavaliar já que as regras se alteraram. A solução poderá passar por um alargamento do edifício do lar com mais 30 camas, um número inferior ao projecto inicial. O novo projecto terá sempre em conta as capacidades financeiras da instituição, ressalva o provedor.
Na festa que assinalou os 24 anos da valência de lar da Misericórdia, realizada na tarde de sábado, o provedor sublinhou que a casa pretende ser um espaço de vivência e recusou a ideia de que seja uma espécie de “antecâmara da morte” salientando a actividade assegurada por um animador cultural.
A Misericórdia de Azambuja tem 49 idosos em lar apoiados por 30 funcionários só nesta valência que funciona 24 horas por dia todo o ano.
Alguns dos utentes internados têm visitas regulares de familiares e passam o fim de semana em casa, o que não acontece noutros casos. “Para muitos esta é a única casa “, salienta o provedor que lembra que os funcionários tratam os utentes como elementos da família. “Às vezes basta uma conversa e o sorriso aparece”, constata.

O Mirante

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