Hospital de Valpaços ainda na “sala de triagem”
A esperança renasce com as últimas notícias vindas a público. Contudo, os valpacenses continuam apreensivos quanto à reabertura do Hospital da cidade. A mesa administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços já fez saber que ainda nada está garantido.
O Hospital de Valpaços, administrado pela Santa Casa da Misericórdia de Valpaços (SCMV), encerrou a 11 de Janeiro do ano passado por falta de acordos com a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte.
A população valpacense, que vive e trabalha no concelho, viu-se de um dia para o outro sem os serviços disponibilizados pela unidade hospitalar acarretando todas as consequências que daí advieram, com deslocações e custos mais penosos para os utentes.
A situação deu azo a várias manifestações originadas por população em geral e pelos funcionários, que ficaram sem emprego e com a situação profissional por resolver, não só na sede de concelho como nas freguesias.
O encerramento do Hospital de Nossa Senhora da Saúde deixou um buraco negro aos olhos dos valpacenses que por ali passam diariamente, sobretudo para os mais antigos que recordam que o edifício foi construído “com a esmola e o suor do povo, na primeira metade do século passado e posteriormente entregue à Santa Casa da Misericórdia de Valpaços para que o Estado dele não se apoderasse”.
Toda a envolvência económica que o concelho ganhava com o funcionamento do hospital perdeu-se e no rol de 12 hospitais de misericórdias que há cerca de um ano regressaram aos cuidados no sector da saúde, só não consta o de Valpaços, que ficou de fora do acordo que garantiu um financiamento de 22 milhões de euros por parte do ministério que tutela a saúde. De acordo com o que está estabelecido, os hospitais das Misericórdias passaram a cobrar apenas taxas moderadoras pelas consultas e pelas cirurgias, tal como acontece nas unidades de saúde públicas.
ARS há menos de um ano disse “não haver condições”
O Hospital de Valpaços foi vistoriado pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, em Maio de 2011, para serem avaliadas as condições físicas do edifício, tendo a ARS concluído que “o edifício hospitalar não reunia as condições de segurança, funcionais e técnicas necessárias para o seu funcionamento”.
Apesar do antigo Provedor, Eugénio Morais, garantir que “a Santa Casa investiu 125 mil euros na remodelação do hospital para pô-lo ao serviço da população”, segundo a ARS, as obras do hospital “não foram devidamente planeadas, nem acompanhadas por técnicos da parte da instituição com conhecimentos específicos na área hospitalar, de modo a cumprir com a legislação e com os requisitos actuais”.
Santa Casa aguarda nova visita da ARS
Em comunicado e depois de uma reunião com a Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços, realizada no início da semana, aquela instituição fez saber que efectivamente se realizaram três reuniões desde o início do ano com vista à solução do problema.
No passado dia 27 de Fevereiro, teve lugar uma reunião no Ministério da Saúde, onde estiveram presentes o Secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, o Presidente da Câmara Municipal de Valpaços, Francisco Tavares, e o Provedor da SCMV, Altamiro Claro, onde foi analisada a situação do Hospital e “apesar da compreensão do membro do governo este não se comprometeu com qualquer solução concreta, tendo remetido qualquer decisão para o Presidente da Administração Regional de Saúde do Norte”, refere o comunicado.
Depois, a 9 de Março, realizou-se uma reunião na sede da União das Misericórdias Portuguesas, na Maia, entre o seu Presidente e o Provedor da SCMV, onde entre outros assuntos foi abordada toda a problemática à volta da abertura do Hospital. Naquela, o presidente da UMP “comprometeu-se a apoiar a referida abertura, na certeza porém de que só à ARS Norte competiria em última instância a respectiva autorização técnica e a atribuição dos acordos de cooperação”.
Há menos de um mês, a 23 de Março teve lugar na ARS Norte uma reunião entre o seu Presidente e o Provedor da Santa Casa onde foi exaustivamente analisada a situação do Hospital. O responsável “mostrou abertura para que seja encontrada uma solução para o problema comprometendo-se a deslocar-se a Valpaços conjuntamente com os técnicos num futuro próximo, visita esta que se aguarda que seja agendada”, concluiu o comunicado.
Cátia Mata
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