MORTÁGUA - Santa Casa da Misericórdia promoveu palestra “Como envelhecer na sociedade actual”
4 de Novembro de 2009
Promovida no âmbito do programa de comemoração do Mês do Idoso, a Santa Casa da Misericórdia de Mortágua levou a efeito, no dia 30 de Outubro, uma palestra de debate sobre a Gripe A, a Alzheimer e a Sexualidade na Terceira Idade, direccionada, principalmente, à população idosa.
Subordinada ao tema “Como envelhecer na sociedade actual”, a iniciativa teve lugar no Centro de Animação Cultural, da própria vila, com presença de idosos dos três lares do concelho, juntando também alunos do Curso Profissional de Apoio Psicossocial da Escola Secundária e público em geral.
A parte da manhã foi dedicada à Gripe A, tema de que se ocuparam Sofia Ladeira e Kelly Oliveira, enfermeiras da Santa Casa da Misericórdia. Falaram dos sintomas, prevenção e tratamento do vírus, apresentando ainda exemplos práticos dos cuidados a ter no dia-a-dia para evitar a contracção e propagação da doença.
Isabel Gonçalves, médica da Associação Portuguesa de Doentes de Alzheimer, foi a primeira a abordar, da parte da tarde, esta doença degenerativa do foro neurológico. Conforme descreveu, a Alzheimer tem uma evolução lenta, várias fases de progressão, agravando-se com a idade e instalando-se, geralmente, em pessoas com mais de 65 anos, e mais no sexo feminino, mas existem pacientes em que foi verificada a partir dos 40 anos. “Nós não temos um padrão exemplar; há pessoas que estão anos e anos na fase ligeira e há outras que começam logo na fase grave, porque a pessoa é o seu ambiente, a sua casa, é no fundo, o somatório das suas respostas fisiológicas, do seu metabolismo próprio interno, do seu percurso e das suas substâncias“, esclareceu.
Também a enfermeira Suse Simões, enfermeira do Centro Hospitalar de Coimbra, se pronunciou acerca da doença: “Os doentes atingidos pela Alzheimer precisam de muita vigilância, acompanhamento e apoio. A Alzheimer é uma doença que pode durar muitos anos; exige muita coragem, paciência e amor para lidarmos com estes doentes“.
Por último, José Ermida, médico geriatra, membro da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia, abordou o tema “A Sexualidade na Terceira Idade”. Começou por referir-se ao mito da sociedade que transforma o idoso num indivíduo assexuado, identificando-o: “É aquele mito de que com a idade termina o sexo, que o idoso é um indivíduo assexuado e tem idade para ter juízo“. Contrapôs, então: “Isso é desconhecer completamente que a actividade sexual ou a sexualidade existe enquanto o indivíduo está vivo, existe até ao fim, ele não está amputado dos seus órgãos, das suas funções“. Segundo afirmou este clínico, é preciso mudar mentalidades e comportamentos, defendendo que os idosos têm os mesmos direitos que tem toda a gente. “Têm direito a ter a sua sexualidade, têm direito a viver na sociedade“, frisou.
José Ermida adiantou, no entanto, que com o avanço da idade a intensidade e o modo de exprimir a sexualidade no indivíduo registam diferenças ou mudanças, sendo natural que o idoso “não tenha a mesma sexualidade que tem aos 20, 30, 40 ou 50 anos, porque ele vai tendo uma diminuição de todas as suas funções, incluindo da sua função sexual”. Afirmou ainda: “À medida que se avança na idade o aspecto sexo conta cada vez menos e os aspectos da amizade, da fraternidade, do amor vão contando cada vez mais; deixa de ser uma relação entre macho e fêmea e passa a ser uma relação entre homem e mulher“. Terminou a sua intervenção afiançando que a satisfação sexual é um factor determinante da qualidade de vida. “Proibir um idoso de exercer a sua sexualidade pode ter graves riscos, podendo levar a situações de depressão e mesmo a situações terminais“, alertou.
Pela pertinência dos temas abordados e pela qualidade e utilidade das intervenções, não restam dúvidas que foi uma iniciativa louvável e que estão de parabéns a Santa Casa da Misericórdia de Mortágua e todos quantos contribuíram para o sucesso da iniciativa.
Farol da Nossa Terra
4 de Novembro de 2009
Promovida no âmbito do programa de comemoração do Mês do Idoso, a Santa Casa da Misericórdia de Mortágua levou a efeito, no dia 30 de Outubro, uma palestra de debate sobre a Gripe A, a Alzheimer e a Sexualidade na Terceira Idade, direccionada, principalmente, à população idosa.
Subordinada ao tema “Como envelhecer na sociedade actual”, a iniciativa teve lugar no Centro de Animação Cultural, da própria vila, com presença de idosos dos três lares do concelho, juntando também alunos do Curso Profissional de Apoio Psicossocial da Escola Secundária e público em geral.
A parte da manhã foi dedicada à Gripe A, tema de que se ocuparam Sofia Ladeira e Kelly Oliveira, enfermeiras da Santa Casa da Misericórdia. Falaram dos sintomas, prevenção e tratamento do vírus, apresentando ainda exemplos práticos dos cuidados a ter no dia-a-dia para evitar a contracção e propagação da doença.
Isabel Gonçalves, médica da Associação Portuguesa de Doentes de Alzheimer, foi a primeira a abordar, da parte da tarde, esta doença degenerativa do foro neurológico. Conforme descreveu, a Alzheimer tem uma evolução lenta, várias fases de progressão, agravando-se com a idade e instalando-se, geralmente, em pessoas com mais de 65 anos, e mais no sexo feminino, mas existem pacientes em que foi verificada a partir dos 40 anos. “Nós não temos um padrão exemplar; há pessoas que estão anos e anos na fase ligeira e há outras que começam logo na fase grave, porque a pessoa é o seu ambiente, a sua casa, é no fundo, o somatório das suas respostas fisiológicas, do seu metabolismo próprio interno, do seu percurso e das suas substâncias“, esclareceu.
Também a enfermeira Suse Simões, enfermeira do Centro Hospitalar de Coimbra, se pronunciou acerca da doença: “Os doentes atingidos pela Alzheimer precisam de muita vigilância, acompanhamento e apoio. A Alzheimer é uma doença que pode durar muitos anos; exige muita coragem, paciência e amor para lidarmos com estes doentes“.
Por último, José Ermida, médico geriatra, membro da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia, abordou o tema “A Sexualidade na Terceira Idade”. Começou por referir-se ao mito da sociedade que transforma o idoso num indivíduo assexuado, identificando-o: “É aquele mito de que com a idade termina o sexo, que o idoso é um indivíduo assexuado e tem idade para ter juízo“. Contrapôs, então: “Isso é desconhecer completamente que a actividade sexual ou a sexualidade existe enquanto o indivíduo está vivo, existe até ao fim, ele não está amputado dos seus órgãos, das suas funções“. Segundo afirmou este clínico, é preciso mudar mentalidades e comportamentos, defendendo que os idosos têm os mesmos direitos que tem toda a gente. “Têm direito a ter a sua sexualidade, têm direito a viver na sociedade“, frisou.
José Ermida adiantou, no entanto, que com o avanço da idade a intensidade e o modo de exprimir a sexualidade no indivíduo registam diferenças ou mudanças, sendo natural que o idoso “não tenha a mesma sexualidade que tem aos 20, 30, 40 ou 50 anos, porque ele vai tendo uma diminuição de todas as suas funções, incluindo da sua função sexual”. Afirmou ainda: “À medida que se avança na idade o aspecto sexo conta cada vez menos e os aspectos da amizade, da fraternidade, do amor vão contando cada vez mais; deixa de ser uma relação entre macho e fêmea e passa a ser uma relação entre homem e mulher“. Terminou a sua intervenção afiançando que a satisfação sexual é um factor determinante da qualidade de vida. “Proibir um idoso de exercer a sua sexualidade pode ter graves riscos, podendo levar a situações de depressão e mesmo a situações terminais“, alertou.
Pela pertinência dos temas abordados e pela qualidade e utilidade das intervenções, não restam dúvidas que foi uma iniciativa louvável e que estão de parabéns a Santa Casa da Misericórdia de Mortágua e todos quantos contribuíram para o sucesso da iniciativa.
Farol da Nossa Terra
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