Natália Ferreira diz-se alvo de perseguição
Funcionária que denunciou corte de comida na Misericórdia foi despedida
A Santa Casa da Misericórdia de Penafiel despediu uma das duas funcionárias que, em Agosto do ano passado, acusaram os responsáveis da instituição de cortar na comida servida aos utentes do apoio domiciliário.
O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social considera que Natalina Ferreira foi vítima de perseguição e irá recorrer ao Tribunal para que a sua delegada seja reintegrada. Para sábado, está marcada uma manifestação de solidariedade e protesto em frente às instalações da Misericórdia penafidelense.
Carta anónima na origem de novo processo disciplinar
Natalina Ferreira e Emília Pinto foram, no Verão passado, os rostos visíveis de um conjunto de funcionárias que teceu várias críticas aos responsáveis da Misericórdia. Entre outras acusações, as duas delegadas sindicais afirmavam que era servida pouca comida aos utentes beneficiários do apoio domiciliário. "Os recipientes de levar a comida são pequenos e cortaram de quatro para três o número de pães", disseram na altura.
Depois de uma vigília promovida em frente às instalações da instituição, a Mesa da Misericórdia avançou com processos disciplinares sobre Natalina Ferreira e Emília Pinto, que terminaram com cinco dias de suspensão para as duas funcionárias. No final deste período de suspensão, as duas regressaram ao trabalho.
Porém, em Agosto deste ano, Natalina Ferreira foi surpreendida com novo processo disciplinar, justificado, segundo a nota de culpa, por esta funcionária ter sido a autora de uma carta anónima distribuída nas instalações da Misericórdia. Nessa carta anónima, estavam transcritas partes de um ofício enviado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social à Misericórdia com críticas à encarregada geral da instituição, Isaura de Fátima.
Natalina Ferreira nega, todavia, a autoria desse documento e o Sindicato alega que a Misericórdia criou "um falso pretexto" para despedir a delegada sindical. "A Misericórdia não descansou enquanto não encontrou um pretexto para voltar a atacá-la [depois de efectuadas as denúncias]", lê-se num comunicado emitido pelo Sindicato. Ao VERDADEIRO OLHAR, os sindicalistas sustentam ainda que há uma "intenção de despedir Natalina Ferreira por causa da sua actividade sindical".
Assim, o próprio Sindicato avançará, em Tribunal, com um pedido de anulação do processo de despedimento e organizará, pelas 16h00 de amanhã, sábado, uma manifestação no Largo Santo António dos Capuchos.
Até ao fecho desta edição não foi possível contactar o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, Fernando Gonçalves.
Troca de acusações começou em Outubro do ano passado
Este caso foi espoletado em Outubro do ano passado. Nesse mês, algumas funcionárias da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel acusaram a administração de servir pouca comida aos utentes beneficiários do apoio domiciliário. Emília Pinto e Natalina Ferreira, delegadas sindicais, deram a cara pelas restantes colegas e denunciaram, por exemplo, o corte de quatro para três no número de pães distribuídos aos idosos que dependem da Misericórdia para tomar o pequeno-almoço, o almoço e o jantar. "Os recipientes de levar a comida são pequenos", referiu Emílio Pinto, há 16 anos ao serviço da instituição.
Estas denúncias foram corroboradas por Maria Alcina Martins, uma utente de 76 anos que paga 175 euros por mês para ter direito a duas refeições por dia. "No mês passado tiraram-me um pão. Tem ocasiões em que a comida é pouca e outras em que é mais ou menos", declarou, à data. Maria Alcina avançou, igualmente, que as funcionárias lhe disseram que não tinham autorização para dar mais comida e que o marido tinha sido aliciado a doar a casa à Misericórdia para beneficiar de um lugar no lar da instituição.
Emília Pinto e Natalina Ferreira acusaram ainda as directoras técnicas de "revistar as carrinhas" utilizadas no apoio domiciliário "à procura de comida a mais" e diziam-se alvo de perseguições. "Somos postas de castigo e colocadas nos piores sítios. Se há uma funcionária que não seja querida é capaz de andar nas limpezas um mês seguido", alegavam.
Ao VERDADEIRO OLHAR, o provedor da instituição negou todas as acusações. Fernando Gonçalves defendeu que as queixas resumiam-se a "duas funcionárias" que viram mudado o seu local e horário de trabalho e sustentou que o corte do pão foi feito por indicação dos próprios utentes. "Eles é que disseram que era comida a mais", afirmou.
Para o provedor era ainda muito estranho que em 449 anos de história e entre 150 funcionários "só estas duas é que se queixam".
Certo é que, semanas depois, as duas funcionárias foram alvo de processos disciplinares, nos quais foram acusadas de justificar falsamente as suas faltas ao trabalho e de roubar alimentos da Misericórdia.
"Verificámos todos os carros e encontramos cerca de dez pães e peças de fruta debaixo do carro da Natalina", justificou o provedor.
Fernando Gonçalves acusou ainda as duas funcionárias de terem colocado em causa o bom nome da Misericórdia de Penafiel nas declarações que prestaram a alguns órgãos de comunicação social na data da vigília. "Juntámos ao processo as reportagens dos jornais e da RTP em que elas falam sobre a instituição. É tudo mentira", disse.
Verdadeiro Olhar
Funcionária que denunciou corte de comida na Misericórdia foi despedida
A Santa Casa da Misericórdia de Penafiel despediu uma das duas funcionárias que, em Agosto do ano passado, acusaram os responsáveis da instituição de cortar na comida servida aos utentes do apoio domiciliário.
O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social considera que Natalina Ferreira foi vítima de perseguição e irá recorrer ao Tribunal para que a sua delegada seja reintegrada. Para sábado, está marcada uma manifestação de solidariedade e protesto em frente às instalações da Misericórdia penafidelense.
Carta anónima na origem de novo processo disciplinar
Natalina Ferreira e Emília Pinto foram, no Verão passado, os rostos visíveis de um conjunto de funcionárias que teceu várias críticas aos responsáveis da Misericórdia. Entre outras acusações, as duas delegadas sindicais afirmavam que era servida pouca comida aos utentes beneficiários do apoio domiciliário. "Os recipientes de levar a comida são pequenos e cortaram de quatro para três o número de pães", disseram na altura.
Depois de uma vigília promovida em frente às instalações da instituição, a Mesa da Misericórdia avançou com processos disciplinares sobre Natalina Ferreira e Emília Pinto, que terminaram com cinco dias de suspensão para as duas funcionárias. No final deste período de suspensão, as duas regressaram ao trabalho.
Porém, em Agosto deste ano, Natalina Ferreira foi surpreendida com novo processo disciplinar, justificado, segundo a nota de culpa, por esta funcionária ter sido a autora de uma carta anónima distribuída nas instalações da Misericórdia. Nessa carta anónima, estavam transcritas partes de um ofício enviado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social à Misericórdia com críticas à encarregada geral da instituição, Isaura de Fátima.
Natalina Ferreira nega, todavia, a autoria desse documento e o Sindicato alega que a Misericórdia criou "um falso pretexto" para despedir a delegada sindical. "A Misericórdia não descansou enquanto não encontrou um pretexto para voltar a atacá-la [depois de efectuadas as denúncias]", lê-se num comunicado emitido pelo Sindicato. Ao VERDADEIRO OLHAR, os sindicalistas sustentam ainda que há uma "intenção de despedir Natalina Ferreira por causa da sua actividade sindical".
Assim, o próprio Sindicato avançará, em Tribunal, com um pedido de anulação do processo de despedimento e organizará, pelas 16h00 de amanhã, sábado, uma manifestação no Largo Santo António dos Capuchos.
Até ao fecho desta edição não foi possível contactar o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, Fernando Gonçalves.
Troca de acusações começou em Outubro do ano passado
Este caso foi espoletado em Outubro do ano passado. Nesse mês, algumas funcionárias da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel acusaram a administração de servir pouca comida aos utentes beneficiários do apoio domiciliário. Emília Pinto e Natalina Ferreira, delegadas sindicais, deram a cara pelas restantes colegas e denunciaram, por exemplo, o corte de quatro para três no número de pães distribuídos aos idosos que dependem da Misericórdia para tomar o pequeno-almoço, o almoço e o jantar. "Os recipientes de levar a comida são pequenos", referiu Emílio Pinto, há 16 anos ao serviço da instituição.
Estas denúncias foram corroboradas por Maria Alcina Martins, uma utente de 76 anos que paga 175 euros por mês para ter direito a duas refeições por dia. "No mês passado tiraram-me um pão. Tem ocasiões em que a comida é pouca e outras em que é mais ou menos", declarou, à data. Maria Alcina avançou, igualmente, que as funcionárias lhe disseram que não tinham autorização para dar mais comida e que o marido tinha sido aliciado a doar a casa à Misericórdia para beneficiar de um lugar no lar da instituição.
Emília Pinto e Natalina Ferreira acusaram ainda as directoras técnicas de "revistar as carrinhas" utilizadas no apoio domiciliário "à procura de comida a mais" e diziam-se alvo de perseguições. "Somos postas de castigo e colocadas nos piores sítios. Se há uma funcionária que não seja querida é capaz de andar nas limpezas um mês seguido", alegavam.
Ao VERDADEIRO OLHAR, o provedor da instituição negou todas as acusações. Fernando Gonçalves defendeu que as queixas resumiam-se a "duas funcionárias" que viram mudado o seu local e horário de trabalho e sustentou que o corte do pão foi feito por indicação dos próprios utentes. "Eles é que disseram que era comida a mais", afirmou.
Para o provedor era ainda muito estranho que em 449 anos de história e entre 150 funcionários "só estas duas é que se queixam".
Certo é que, semanas depois, as duas funcionárias foram alvo de processos disciplinares, nos quais foram acusadas de justificar falsamente as suas faltas ao trabalho e de roubar alimentos da Misericórdia.
"Verificámos todos os carros e encontramos cerca de dez pães e peças de fruta debaixo do carro da Natalina", justificou o provedor.
Fernando Gonçalves acusou ainda as duas funcionárias de terem colocado em causa o bom nome da Misericórdia de Penafiel nas declarações que prestaram a alguns órgãos de comunicação social na data da vigília. "Juntámos ao processo as reportagens dos jornais e da RTP em que elas falam sobre a instituição. É tudo mentira", disse.
Verdadeiro Olhar
Sem comentários:
Enviar um comentário