Saúde: 80 idosos manifesta-se na ARS de Lisboa
Exigem a restituição da comparticipação nas consultas no hospital de Benavente
Por: tvi24 | 23- 8- 2011 21: 23
Quase uma centena de idosos de Benavente manifestaram-se hoje junto à Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa para exigir a restituição da comparticipação nas consultas de especialidade no hospital da Misericórdia local, prevista num acordo com aquela entidade, noticia a Lusa.
As cerca de 80 pessoas concentraram-se em frente à ARS de Lisboa e Vale do Tejo, empunhando cartazes com frases como «Exigimos o cumprimento do acordo em vigor entre a ARS e a Misericórdia de Benavente» e «A saúde é um direito, não um negócio», enquanto a comissão de utentes de Benavente e autarcas do concelho ribatejano se reuniram com o director daquela entidade estatal, Rui Portugal.
À saída da reunião, o porta-voz da comissão de utentes de Benavente, Domingos David, disse aos jornalistas que «já houve serviços que foram desbloqueados, como o acesso ao serviço de fisioterapia na Santa Casa», mas que «falta resolver o resto» do que estava acordado nesse protocolo.
«O número de consultas contratadas, que, por um lado, o director da ARS diz que vai negociar, falta a cardiologia, oftalmologia e cirurgia geral, áreas onde estamos excluídos [do hospital da Misericórdia] quando utentes de outros concelhos vizinhos de Benavente continuam a poder usufruir», enumerou Domingos David.
Para os utentes, estes serviços não estão a ser disponibilizados [de forma comparticipada], ao contrário do que estava previsto, porque «houve um acordo assinado com o grupo Melo para a população de Benavente ser encaminhada para o hospital» de Vila Franca de Xira, gerido por aquele grupo.
«É como se fossemos vendidos num negócio e isso não aceitamos», afirmou Domingos David.
No entanto, de acordo com o utente, a justificação dada por Rui Portugal «são critérios de qualidade e segurança» já que «o Serviço Nacional de Saúde tem um hospital em Vila Franca de Xira que consegue em tempo útil e de acordo com os padrões internacionais fornecer esse serviço em qualidade».
«O que contrapomos é que com o conhecemos do Hospital de Vila Franca e da realidade das populações, as dificuldades que têm de transportes, de mobilidade, de pensões baixas, são impeditivas só por si que se desloquem ao hospital», disse Domingos David.
Depois de a agência Lusa ter solicitado um esclarecimento ao director da ARS de Lisboa e Vale do Tejo presencialmente no final da reunião, Rui Portugal enviou um e-mail em que corrobora as vantagens dos serviços no hospital.
Nos casos de cardiologia e de cirurgia geral os utentes «obtêm no Hospital de Vila Franca uma resposta temporal inferior a cerca de metade do tempo médio da região», refere.
Rui Portugal salientou ainda que a «ARS sela a sua actuação no sentido de garantir equidade no acesso às populações e de segurança nos actos clínicos praticados», que «o Hospital de Vila Franca de Xira assegura todos estes critérios para a população de Benavente» e que, ao aproveitar a capacidade daquela unidade, a entidade «gera poupança e redução de despesa».
Além da manifestação dos utentes desta tarde, também o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) acusou hoje a Administração Regional de Saúde de não estar a cumprir o acordo que «assinou livremente», ao suspender as consultas de especialidade em Benavente.
TVI24
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