Quinta, 27-10-2011 23:23
Director: José Gaio Martins Dias (josegaio@otemplario.pt)
Edição nº1192 de 27-10-2011. Director: José Gaio Martins Dias
(Opinião, por Sérgio Martins)
A Misericórdia de Madureira
(© Jornal O Templário)
O Dr. António Madureira fez publicar no "Cidade de Tomar" uma Nota, não como irmão da Misericórdia de Thomar, mas como director daquele jornal, onde formula algumas opiniões que merecem esclarecimento junto da comunidade.
Diz Madureira que a Misericórdia de Thomar é uma meritória instituição que muito orgulha a nossa Cidade. Muito bem. Mas, só a Cidade? E o Concelho? E a comunidade? E não orgulha a actividade das Misericórdias na região e em Portugal? A Misericórdia de Thomar celebrou quinhentos anos em Dezembro de 2010. Na sua Assembleia Geral de Novembro de 2010 propus uma celebração adequada, ao longo de 2011 e onde se aproveitasse a Festa dos Tabuleiros. O Provedor Fernando Jesus considerou a ideia boa, mas não se fez nada. Porquê? É todos os dias que se celebram quinhentos anos? Como é que, com semelhante omissão, se respondeu à proposta formulada por António Madureira: "Honremos aqueles que com respeito e sabedoria lhes vão deixando, em testamento os seus bens. Honremos os que, em vida, tudo lhe têm dado"?
Diz Madureira: "Discutamos, por isso, projectos e não pessoas". De acordo. Vamos então discutir qual é o projecto e a missão da Misericórdia de Thomar. A finalidade da Misericórdia de Thomar não se resume a um projecto de Residências Assistidas. Se não houver cuidado, a viabilidade e sustentabilidade daquela Santa Casa, e os seus quase
160 postos de trabalho, ficarão comprometidos: a instituição vem apresentando uma tendência de subida de custos e de descidas de receitas, o que causa resultados negativos no seu Balanço, a isto Madureira diz nada. O que foi criticado no projecto das Residências Assistidas foi a falta de informação atempada aos irmãos, e a sua localização em cima de outros dois edifícios e em zona de cheias. Não foi por acaso que o projecto levou tanto tempo a ser aprovado pelo Instituto Hidrográfico, foi porque a zona é perigosa. A própria Ordem de Trabalhos da Assembleia Geral extraordinária de 12 de Outubro de 2011, visou, no seu ponto um, informação sobre o muro de cheias. Se vierem a ocorrer acidentes por força das águas do rio, de quem será a responsabilidade?
António Madureira diz que o projecto das Residências Assistidas terá uma taxa de comparticipação de 80% no âmbito do QREN, informação, segundo ele, "recolhida na manhã de 19 de Outubro de 2011". Mas, se no cartaz público afixado pela Misericórdia, e naquela Assembleia Geral de 12 de Outubro de 2011, já foi informado que a comparticipação do QREN é de 80%, porquê a sua reafirmação uma semana depois? Quais as dúvidas? Serão, não os 80%, mas os 37% retirados do sítio do QREN, como então afirmámos? A União Europeia vai cortar milhões de euros no apoio aos mais carenciados, o que vai deixar as IPSS em sérias dificuldades, manterá as outras transferências?
António Madureira, jurista de profissão, não diz nada quanto ao facto de os corpos gerentes da Misericórdia de Thomar estarem, para lá dos dois mandatos permitidos por lei (três anos cada mandato), há três mandatos, nove anos, de forma ilegal, porque as suas candidaturas foram consentidas, em três Assembleias Gerais, por voto de mão no ar, quando a lei manda que seja por voto secreto. Estão ilegais há nove anos! Colocar os colaboradores internos e externos, dependentes, a votar de mão no ar, como no PREC, só podia dar ilegalidade.
Mais haveria a contestar, mas fiquemos por aqui, avisando o Dr. António Madureira, os restantes irmãos da Misericórdia, os seus colaboradores, a comunidade tomarense e a Igreja Católica, que as ameaças sobre aquela Santa Casa são muitas, pelo que se exige bom senso na sua administração e capacidade de prospectiva para futuro, o que não tem acontecido na gestão da Irmandade, que se afastou da comunidade, por isso tem a sua imagem junto desta muito afectada.
Porque a sustentabilidade da Misericórdia de Thomar é a grande preocupação, lembro que Madureira deriva de madurar, que significa: "tornar maduro; amadurecer; adquirir prudência". Por isso haja prudência no projecto e na missão da Misericórdia de Thomar, ou esta afunda-se.
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