A Misericórdia de Vila Real e as Misericórdias no Mundo de Expressão Portuguesa
A Misericórdia de Vila Real acaba de fazer História
Fui bafejado pela sorte, em meados de Agosto, ao receber do Provedor da Misericórdia de Vila Real, Padre José Joaquim Dias Gomes, um riquíssimo exemplar do livro: «A Misericórdia de Vila Real e as Misericórdias no Mundo de Expressão Portuguesa». Este volume de 720 páginas de excelente qualidade gráfica, profusamente ilustrado, foi coordenado pela Doutora Natália Marinho Ferreira Alves e resultou do Seminário Internacional, realizado na capital Transmontana, entre 8 e 11 de Setembro do ano passado, tendo como tema genérico o título da obra. As actas que constam desta notável obra constituíram um conjunto de eventos de que este magnífico tomo é exemplo clarificador.
Na primeira aba lê-se que as misericórdias, enquanto instituições de assistência que surgiram em Portugal na viragem do séc. XV para o séc. XVI e que rapidamente se expandiram pelo mundo de expressão portuguesa, têm a sua origem nas confrarias de caridade medievais que floresceram em toda a cristandade, dedicando-se à prática das obras ou actos de misericórdia, de forma a atenuar o sofrimento e a miséria alheia.
Seguindo os mesmos princípios doutrinários e objectivos comuns que visam o exercício da caridade para salvação das almas, nem sempre os factores explicativos da origem de cada uma - continua a ler-se nessa aba - sob o ponto de vista social, económico, cultural e religioso, nem sempre são iguais, o que explica a configuração, identidade e diferente cronologia de cada uma.
Explica-se ainda nessa nota de abertura que a Misericórdia de Vila Real tem origem manuelina e desde aí tem desempenhado uma função social, credora do maior interesse público, sendo detentora de um património histórico que faz dela um exemplo paradigmático no contexto transmontano, para além de ser uma das mais antigas e importantes da região. Em finais de Setecentos passou a ter um Hospital próprio que nunca deixou de se ampliar e expandir, dando origem ao actual Hospital Distrital de Vila Real.
Em 2009 apresentou à CCDRN um projecto de investigação que veio a ser desenvolvido pelo CEPESE (Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade). E foi no âmbito desse projecto que há um ano se realizou o Seminário Internacional de que este grosso volume dá testemunho vivo e activo. Fica-se ainda a saber que no âmbito do mesmo projecto está prevista a edição de um livro em grande formato com a História da Misericórdia de Vila Real, desde a sua fundação até aos nossos dias e ainda um catálogo- inventário de todo o património móvel e imóvel da Instituição, bem como a criação de um portal na Internet, com diversas funcionalidades e conteúdos. Nos 500 anos de existência, tem a Misericórdia de Vila Real privilegiado os seus fins assistenciais e sociais, sendo justo realçar os incessantes contributos de diversa natureza que os seus sucessivos dirigentes e beneméritos deram a tão nobre causa humanitária. Disso dá conta a nota de abertura do Prof. Fernando de Sousa, coordenador do projecto «A Santa Casa da Misericórdia de Vila Real. História e Património».
Na introdução, Natália Marinho Ferreira Alves, responsável científica do Seminário de que esta obra dá testemunho, esclarece o papel do CEPESE, enaltece as instituições e os contributos de inúmeras universidades portuguesas e brasileiras, bem como o empenho, visão e espírito de aventura da Mesa da Santa Casa da Misericórdia, obviamente, responsável por tão complexa e proveitosa dinâmica historiográfica e patrimonial. Não deixa de enunciar o apoio do Arquivo Distrital de Vila Real e de vários docentes e investigadores locais que disponibilizaram o seu saber em tão específica temática. Insere os textos integrais das 46 comunicações apresentadas nesse congresso, bem como bibliografia e resumo bilingue no final de cada uma. Integra, igualmente, uma síntese bibliográfica dos 41 participantes com comunicações. E, sempre que oportuno, uma ou outra comunicação é ilustrada com gravuras raras ou de importância capital para a melhor compreensão do tema.
Quem faz uma obra desta envergadura e anuncia outras de maior amplitude científica, histórica e artística, profetiza um papel cada vez mais relevante numa cidade, capital de distrito, onde, apesar de tudo, ainda há muito caminho a percorrer para que se garanta bem-estar social a muitas gerações que nos vão suceder e que se defrontam, hoje como ontem, com grandes barreiras à realização pessoal e familiar.
Meio milénio de actividade perpassa nesta Instituição, cuja História é relembrada nestas mais de 700 páginas. Como «quem vê um povo vê o mundo todo», esta obra procura ser uma antecâmara de todas as Misericórdias no Mundo de Expressão Portuguesa. A Lusofonia em crescendo, através de estruturas multiseculares que atestam a grandeza civilizacional de um Povo que deu novos mundos ao mundo e em que nem sempre foram os seus concidadãos, gratos para com o espírito épico de gerações notáveis. Recorde-se a barbaridade por que passaram «os retornados», povos que tiveram a Língua de Camões como elo de fraternidade, como na Índia Portuguesa e tantos outros que, tendo laços comuns e a mesma Bandeira, nem sempre tiveram a dignidade cívica que mereciam. Fazem muita falta obras como esta, que perdurem, através dos séculos, servindo o ideal que ditou a sua quase providencial existência.
Na primeira aba lê-se que as misericórdias, enquanto instituições de assistência que surgiram em Portugal na viragem do séc. XV para o séc. XVI e que rapidamente se expandiram pelo mundo de expressão portuguesa, têm a sua origem nas confrarias de caridade medievais que floresceram em toda a cristandade, dedicando-se à prática das obras ou actos de misericórdia, de forma a atenuar o sofrimento e a miséria alheia.
Seguindo os mesmos princípios doutrinários e objectivos comuns que visam o exercício da caridade para salvação das almas, nem sempre os factores explicativos da origem de cada uma - continua a ler-se nessa aba - sob o ponto de vista social, económico, cultural e religioso, nem sempre são iguais, o que explica a configuração, identidade e diferente cronologia de cada uma.
Explica-se ainda nessa nota de abertura que a Misericórdia de Vila Real tem origem manuelina e desde aí tem desempenhado uma função social, credora do maior interesse público, sendo detentora de um património histórico que faz dela um exemplo paradigmático no contexto transmontano, para além de ser uma das mais antigas e importantes da região. Em finais de Setecentos passou a ter um Hospital próprio que nunca deixou de se ampliar e expandir, dando origem ao actual Hospital Distrital de Vila Real.
Em 2009 apresentou à CCDRN um projecto de investigação que veio a ser desenvolvido pelo CEPESE (Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade). E foi no âmbito desse projecto que há um ano se realizou o Seminário Internacional de que este grosso volume dá testemunho vivo e activo. Fica-se ainda a saber que no âmbito do mesmo projecto está prevista a edição de um livro em grande formato com a História da Misericórdia de Vila Real, desde a sua fundação até aos nossos dias e ainda um catálogo- inventário de todo o património móvel e imóvel da Instituição, bem como a criação de um portal na Internet, com diversas funcionalidades e conteúdos. Nos 500 anos de existência, tem a Misericórdia de Vila Real privilegiado os seus fins assistenciais e sociais, sendo justo realçar os incessantes contributos de diversa natureza que os seus sucessivos dirigentes e beneméritos deram a tão nobre causa humanitária. Disso dá conta a nota de abertura do Prof. Fernando de Sousa, coordenador do projecto «A Santa Casa da Misericórdia de Vila Real. História e Património».
Na introdução, Natália Marinho Ferreira Alves, responsável científica do Seminário de que esta obra dá testemunho, esclarece o papel do CEPESE, enaltece as instituições e os contributos de inúmeras universidades portuguesas e brasileiras, bem como o empenho, visão e espírito de aventura da Mesa da Santa Casa da Misericórdia, obviamente, responsável por tão complexa e proveitosa dinâmica historiográfica e patrimonial. Não deixa de enunciar o apoio do Arquivo Distrital de Vila Real e de vários docentes e investigadores locais que disponibilizaram o seu saber em tão específica temática. Insere os textos integrais das 46 comunicações apresentadas nesse congresso, bem como bibliografia e resumo bilingue no final de cada uma. Integra, igualmente, uma síntese bibliográfica dos 41 participantes com comunicações. E, sempre que oportuno, uma ou outra comunicação é ilustrada com gravuras raras ou de importância capital para a melhor compreensão do tema.
Quem faz uma obra desta envergadura e anuncia outras de maior amplitude científica, histórica e artística, profetiza um papel cada vez mais relevante numa cidade, capital de distrito, onde, apesar de tudo, ainda há muito caminho a percorrer para que se garanta bem-estar social a muitas gerações que nos vão suceder e que se defrontam, hoje como ontem, com grandes barreiras à realização pessoal e familiar.
Meio milénio de actividade perpassa nesta Instituição, cuja História é relembrada nestas mais de 700 páginas. Como «quem vê um povo vê o mundo todo», esta obra procura ser uma antecâmara de todas as Misericórdias no Mundo de Expressão Portuguesa. A Lusofonia em crescendo, através de estruturas multiseculares que atestam a grandeza civilizacional de um Povo que deu novos mundos ao mundo e em que nem sempre foram os seus concidadãos, gratos para com o espírito épico de gerações notáveis. Recorde-se a barbaridade por que passaram «os retornados», povos que tiveram a Língua de Camões como elo de fraternidade, como na Índia Portuguesa e tantos outros que, tendo laços comuns e a mesma Bandeira, nem sempre tiveram a dignidade cívica que mereciam. Fazem muita falta obras como esta, que perdurem, através dos séculos, servindo o ideal que ditou a sua quase providencial existência.
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