António Virgílio da Cunha Magalhães Soeiro
“A tendência de fome é para aumentar todos os dias”
António Virgílio da Cunha Magalhães Soeiro é Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Viseu. "Triste" pelo chumbo do Governo ao projecto para criar uma unidade de cuidados continuados na cidade, o provedor aceitou conversar com o Jornal do Centro e com a Rádio Noar sobre outras actividades que a instituição desenvolve e os projectos que tem para o futuro. Magalhães Soeiro fala com agrado da construção de um berçário e creche nas antigas instalações da maternidade e do desejo de acabar com a lista de espera de idosos no lar social. O último ano a trabalhar no projecto do refeitório social permite-lhe afirmar que há fome em Viseu e algumas pessoas sem abrigo.
Como se define hoje a Misericórdia de Viseu?
As instituições Misericórdia procuram dar corpo efectivo a tudo quanto as 14 obras de Misericórdia equacionam com um programa globalizante, uma vez que abrangem todas as carências, hoje mais sentidas, de modo que em cada caso e em cada circunstância da vida dessas pessoas se possa dar uma resposta.
Hoje há mais carências?
É capaz. Mais no aspecto social.
Que actividades desenvolve a Misericórdia de Viseu?
A acção social da Misericórdia compreende as áreas da infância e da terceira idade. Na área da infância apoiamos cerca de 600 crianças. Em que valências? Dois jardins-de-infância que são o Nossa Senhora e Fátima e S. Sebastião, um ATL, uma creche familiar com 18 amas que recolhem durante o dia 50 bebés até aos três anos. Temos um centro de acolhimento temporário com 22 crianças que o Tribunal nos entrega. Depois temos dois lares, um com 180 e outro com 150/160 [idosos]. Dois centros de dia e apoio domiciliário. Isto dá mil e tal pessoas apoiadas. Temos cerca de 350 trabalhadores.
Obriga a um orçamento cuidado?
A Misericórdia é uma grande empresa, que é preciso gerir como uma empresa, mas diferente das normais, uma empresa de economia social. Ainda temos a farmácia, um hotel e um complexo desportivo. Temos uma quinta. O lucro de todas essas actividades lucrativas reverte para melhorar a acção social. Acrescido ao que já disse, temos a parte habitacional. Esses meios ajudam muito a acção social que desenvolvemos.
Qual é o orçamento da Santa Casa da Misericórdia de Viseu?
Normalmente três milhões de euros.
A Misericórdia continua a ter mais influência que a própria autarquia, como noutros tempos?
Não, não. Como diz o homem do Porto, o Pinto da Costa, "cada macaco no seu galho". Nós estamos subordinados como outra instituição.
O número de crianças que entra no Centro de Acolhimento Temporário tem vindo a aumentar?
A capacidade máxima é de 22 crianças.
Estão sempre no limite?
Está sempre lotado. Até já ultrapassámos às vezes.
A Misericórdia tem muitas listas de espera?
Principalmente no lar social. E temos listas de espera na parte do berçário e da creche.
Por isso é que vão avançar com a construção de uma nova creche?
Chegámos à conclusão que as instalações que temos não são suficientes nem para o que temos este ano, nem para fazer face às inscrições já feitos. Nas instalações da antiga maternidade do Hospital [de S. Teotónio] fazemos uma adaptação do que temos, com vista a criar duas unidades de creche para 66 miúdos.
Consegue dar-nos uma imagem do projecto?
Não tem nada de especial. Estamos a aproveitar todas as infra-estruturas existentes na pediatria. São projectos de execução relativamente fácil.
As obras estão para começar, e quando vai entrar em funcionamento a nova unidade?
No próximo ano lectivo tem que estar pronto.
Há dinheiro?
Sendo obras de adaptação vamos gerindo os materiais empregues com uma negociação financeira. Mas são muitas salas (10), e tem muitas particularidades.
A obra tem alguma comparticipação?
Não tem comparticipação nenhuma. Infelizmente, quando nos candidatamos dão-nos sempre uma resposta que eu acho muito interessante. Dizem sempre: "a Misericórdia é muito rica".
A Misericórdia também sofre com as consequências da crise? Pais que deixam de pagar o infantário ou pagam tarde…
Esse foi um dos sintomas onde começámos a detectar a questão da pobreza, da fome. Mesmo nas rendas, acertam a renda mas passados dois meses as pessoas estão a dizer que não podem [pagar], porque estão desempregadas, ou porque o marido deixou de trabalhar… estamos frequentemente a fazer reduções das mensalidades.
O novo projecto surge porquê?
Por duas necessidades. Primeiro, pelos pedidos que estão a ser feitos, segundo, reconhecemos que os berçários que temos não reúnem as condições ideais.
Acha que o próprio concelho tem falta de berçários para responder à população local?
Não tenho dados, mas penso que sim. O berçário e a creche são duas idades que os infantários não absorvem.
Um dos últimos projectos desenvolvidos pela Misericórdia de Viseu foi o do refeitório social a funcionar na antiga maternidade. Está a cumprir a função para que foi pensado?
Começou em 18 de Agosto, mas já antes uma das funções do refeitório social, a alimentação, ali fomos fazendo. Surgiu porque havia pedidos. Como não tínhamos o refeitório feito e depois de ser feita a selecção das pessoas, optámos por enviar comida para toda a gente que sentimos que era carenciada. A partir do momento em que fizemos o refeitório, as pessoas começaram a ir ao refeitório à excepção de 12 que não se podem transportar e nós vamos levar.
Nesta altura está a funcionar em pleno?
O refeitório tem várias finalidades: alimentação, bens, distribuição de roupa, até formação e a parte médica. A única coisa que não está a funcionar é a parte da saúde. Temos nesta altura 85 refeições [diárias], banhos no balneário social…
Tudo suportado pela Misericórdia?
Só suportado pela Misericórdia. Aquele projecto está em cerca de 100 mil euros. A primeira coisa que me disseram foi: "Não há cá pobres nenhuns" e eu fiquei muito admirado.
Não é assim?
Não é bem assim. Na semana passada, após uma noite de chuva e frio, no dia seguinte apareceu um senhor todo roto que foi dormir debaixo de uma mesa do Fontelo [Viseu]. Uma voluntária até chorou quando viu aquela pessoa. Apareceu um russo que não falava uma palavra de português, fazia parte de um grupo de três, dois deles foram-se embora e ele não tem ninguém. Dois senegaleses também lá apareceram.
Durante este ano encontrou casos que em anos anteriores não se registavam em Viseu?
Para mim são casos novos. O caso do Fontelo é um caso excepcional. Agora, a tendência de fome é para aumentar todos os dias.
Quem pode ir a este refeitório social?
Inicialmente a nossa ideia era: quem quiser vir comer pode comer. Depois apareceram pessoas que não estão referenciadas e não necessitavam de apoio. Hoje é avaliada a situação pelos técnicos da Misericórdia.
Os casos novos de que fala surgem em consequência do desemprego?
Também.
O Balneário Social surgiu da necessidade de resolver a falta de higiene destas pessoas?
Eles próprios pediam. "Então quando é que vêm os banhos?". Assim começou a funcionar e agora já não passam sem eles.
Pagam para tomar banho?
Não pagam nada.
A terceira idade é uma das áreas onde a Misericórdia tem uma lista de espera considerável. Tem algum projecto para colmatar o problema?
O espaço destinado à unidade de saúde familiar (nas traseiras do Hospital S. Teotónio) tinha na continuação um lar social. Agora, quando houver dinheiro estamos a pensar fazer aí um lar, porque temos muita gente a pedir e é um problema muito grande fazer a triagem.
O Lar de S. Caetano da Misericórdia funciona também como um espaço de cuidados continuados?
Sempre funcionou.
O vosso projecto para uma unidade de cuidados continuados foi chumbado. Ficou triste com esta decisão?
Fiquei triste porque a saúde foi uma das primeiras acções da Misericórdia em Viseu, há mais de 500 anos, no Hospital das Chagas onde hoje funciona a Polícia (PSD) e isto era um anseio nosso de um serviço que gostaríamos de prestar à população, porque entendemos que temos condições para o fazer.
Chegaram a pensar num projecto para o edifício do antigo hospital.
Com a transformação do hospital antigo [em pousada] pôs-se de parte, mas nunca deixámos de pensar no projecto. O nome é que é novo, porque a ideia manteve-se sempre. Nós sentimos diariamente que há necessidade de ter camas para esta finalidade. Candidatámo-nos, cumprimos os prazos… e aceitava esta justificação se as candidaturas aprovadas já existissem, agora não existe nada disto, nós candidatámo-nos tal como as outras entidades. Não estou a tirar mérito ao trabalho das outras instituições, agora, em termos de apreciação de projecto, temos um corpo clínico permanente, temos enfermagem permanente, temos pessoal competente habituado a estas questões, temos possibilidade de receber as pessoas que acabam o tempo nos cuidados continuados, porque temos os lares, temos uma logística montada, não percebo porque foi reprovado. Acho que é uma desconsideração muito grande para a Misericórdia.
Que resposta vai dar ao Hospital S. Teotónio quando lhe voltarem a pedir para receber mais uma situação de cuidados continuados?
Desculpem, mas têm os cuidados continuados de…
A transformação do antigo hospital numa Pousada foi um bom negócio para a Misericórdia?
Para nós foi um bom negócio. Acompanhava a decadência do prédio e todos os dias que lá ia via que já tinha caído mais uma pedra daqui e outra dali. Era um tormento e uma vergonha. Houve a recuperação de um edifício que era nosso, continua a ser nosso, há uma renda e fez-se um equipamento que dignifica a cidade.
A entrega da gestão do Hotel Príncipe Perfeito e do complexo desportivo de Cabanões foi o reconhecer que a Misericórdia não está vocacionada para este tipo de negócio?
A razão foi essa.
Ainda se deixa o património à Misericórdia?
Não.
Mas deixa-se algum.
Com contrapartidas. São pessoas que psicologicamente querem estar sossegadas de que vão ter um apoio até morrer.
ed. 406, 24 de Dezembro de 2009
Jornal do Centro
“A tendência de fome é para aumentar todos os dias”
António Virgílio da Cunha Magalhães Soeiro é Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Viseu. "Triste" pelo chumbo do Governo ao projecto para criar uma unidade de cuidados continuados na cidade, o provedor aceitou conversar com o Jornal do Centro e com a Rádio Noar sobre outras actividades que a instituição desenvolve e os projectos que tem para o futuro. Magalhães Soeiro fala com agrado da construção de um berçário e creche nas antigas instalações da maternidade e do desejo de acabar com a lista de espera de idosos no lar social. O último ano a trabalhar no projecto do refeitório social permite-lhe afirmar que há fome em Viseu e algumas pessoas sem abrigo.
Como se define hoje a Misericórdia de Viseu?
As instituições Misericórdia procuram dar corpo efectivo a tudo quanto as 14 obras de Misericórdia equacionam com um programa globalizante, uma vez que abrangem todas as carências, hoje mais sentidas, de modo que em cada caso e em cada circunstância da vida dessas pessoas se possa dar uma resposta.
Hoje há mais carências?
É capaz. Mais no aspecto social.
Que actividades desenvolve a Misericórdia de Viseu?
A acção social da Misericórdia compreende as áreas da infância e da terceira idade. Na área da infância apoiamos cerca de 600 crianças. Em que valências? Dois jardins-de-infância que são o Nossa Senhora e Fátima e S. Sebastião, um ATL, uma creche familiar com 18 amas que recolhem durante o dia 50 bebés até aos três anos. Temos um centro de acolhimento temporário com 22 crianças que o Tribunal nos entrega. Depois temos dois lares, um com 180 e outro com 150/160 [idosos]. Dois centros de dia e apoio domiciliário. Isto dá mil e tal pessoas apoiadas. Temos cerca de 350 trabalhadores.
Obriga a um orçamento cuidado?
A Misericórdia é uma grande empresa, que é preciso gerir como uma empresa, mas diferente das normais, uma empresa de economia social. Ainda temos a farmácia, um hotel e um complexo desportivo. Temos uma quinta. O lucro de todas essas actividades lucrativas reverte para melhorar a acção social. Acrescido ao que já disse, temos a parte habitacional. Esses meios ajudam muito a acção social que desenvolvemos.
Qual é o orçamento da Santa Casa da Misericórdia de Viseu?
Normalmente três milhões de euros.
A Misericórdia continua a ter mais influência que a própria autarquia, como noutros tempos?
Não, não. Como diz o homem do Porto, o Pinto da Costa, "cada macaco no seu galho". Nós estamos subordinados como outra instituição.
O número de crianças que entra no Centro de Acolhimento Temporário tem vindo a aumentar?
A capacidade máxima é de 22 crianças.
Estão sempre no limite?
Está sempre lotado. Até já ultrapassámos às vezes.
A Misericórdia tem muitas listas de espera?
Principalmente no lar social. E temos listas de espera na parte do berçário e da creche.
Por isso é que vão avançar com a construção de uma nova creche?
Chegámos à conclusão que as instalações que temos não são suficientes nem para o que temos este ano, nem para fazer face às inscrições já feitos. Nas instalações da antiga maternidade do Hospital [de S. Teotónio] fazemos uma adaptação do que temos, com vista a criar duas unidades de creche para 66 miúdos.
Consegue dar-nos uma imagem do projecto?
Não tem nada de especial. Estamos a aproveitar todas as infra-estruturas existentes na pediatria. São projectos de execução relativamente fácil.
As obras estão para começar, e quando vai entrar em funcionamento a nova unidade?
No próximo ano lectivo tem que estar pronto.
Há dinheiro?
Sendo obras de adaptação vamos gerindo os materiais empregues com uma negociação financeira. Mas são muitas salas (10), e tem muitas particularidades.
A obra tem alguma comparticipação?
Não tem comparticipação nenhuma. Infelizmente, quando nos candidatamos dão-nos sempre uma resposta que eu acho muito interessante. Dizem sempre: "a Misericórdia é muito rica".
A Misericórdia também sofre com as consequências da crise? Pais que deixam de pagar o infantário ou pagam tarde…
Esse foi um dos sintomas onde começámos a detectar a questão da pobreza, da fome. Mesmo nas rendas, acertam a renda mas passados dois meses as pessoas estão a dizer que não podem [pagar], porque estão desempregadas, ou porque o marido deixou de trabalhar… estamos frequentemente a fazer reduções das mensalidades.
O novo projecto surge porquê?
Por duas necessidades. Primeiro, pelos pedidos que estão a ser feitos, segundo, reconhecemos que os berçários que temos não reúnem as condições ideais.
Acha que o próprio concelho tem falta de berçários para responder à população local?
Não tenho dados, mas penso que sim. O berçário e a creche são duas idades que os infantários não absorvem.
Um dos últimos projectos desenvolvidos pela Misericórdia de Viseu foi o do refeitório social a funcionar na antiga maternidade. Está a cumprir a função para que foi pensado?
Começou em 18 de Agosto, mas já antes uma das funções do refeitório social, a alimentação, ali fomos fazendo. Surgiu porque havia pedidos. Como não tínhamos o refeitório feito e depois de ser feita a selecção das pessoas, optámos por enviar comida para toda a gente que sentimos que era carenciada. A partir do momento em que fizemos o refeitório, as pessoas começaram a ir ao refeitório à excepção de 12 que não se podem transportar e nós vamos levar.
Nesta altura está a funcionar em pleno?
O refeitório tem várias finalidades: alimentação, bens, distribuição de roupa, até formação e a parte médica. A única coisa que não está a funcionar é a parte da saúde. Temos nesta altura 85 refeições [diárias], banhos no balneário social…
Tudo suportado pela Misericórdia?
Só suportado pela Misericórdia. Aquele projecto está em cerca de 100 mil euros. A primeira coisa que me disseram foi: "Não há cá pobres nenhuns" e eu fiquei muito admirado.
Não é assim?
Não é bem assim. Na semana passada, após uma noite de chuva e frio, no dia seguinte apareceu um senhor todo roto que foi dormir debaixo de uma mesa do Fontelo [Viseu]. Uma voluntária até chorou quando viu aquela pessoa. Apareceu um russo que não falava uma palavra de português, fazia parte de um grupo de três, dois deles foram-se embora e ele não tem ninguém. Dois senegaleses também lá apareceram.
Durante este ano encontrou casos que em anos anteriores não se registavam em Viseu?
Para mim são casos novos. O caso do Fontelo é um caso excepcional. Agora, a tendência de fome é para aumentar todos os dias.
Quem pode ir a este refeitório social?
Inicialmente a nossa ideia era: quem quiser vir comer pode comer. Depois apareceram pessoas que não estão referenciadas e não necessitavam de apoio. Hoje é avaliada a situação pelos técnicos da Misericórdia.
Os casos novos de que fala surgem em consequência do desemprego?
Também.
O Balneário Social surgiu da necessidade de resolver a falta de higiene destas pessoas?
Eles próprios pediam. "Então quando é que vêm os banhos?". Assim começou a funcionar e agora já não passam sem eles.
Pagam para tomar banho?
Não pagam nada.
A terceira idade é uma das áreas onde a Misericórdia tem uma lista de espera considerável. Tem algum projecto para colmatar o problema?
O espaço destinado à unidade de saúde familiar (nas traseiras do Hospital S. Teotónio) tinha na continuação um lar social. Agora, quando houver dinheiro estamos a pensar fazer aí um lar, porque temos muita gente a pedir e é um problema muito grande fazer a triagem.
O Lar de S. Caetano da Misericórdia funciona também como um espaço de cuidados continuados?
Sempre funcionou.
O vosso projecto para uma unidade de cuidados continuados foi chumbado. Ficou triste com esta decisão?
Fiquei triste porque a saúde foi uma das primeiras acções da Misericórdia em Viseu, há mais de 500 anos, no Hospital das Chagas onde hoje funciona a Polícia (PSD) e isto era um anseio nosso de um serviço que gostaríamos de prestar à população, porque entendemos que temos condições para o fazer.
Chegaram a pensar num projecto para o edifício do antigo hospital.
Com a transformação do hospital antigo [em pousada] pôs-se de parte, mas nunca deixámos de pensar no projecto. O nome é que é novo, porque a ideia manteve-se sempre. Nós sentimos diariamente que há necessidade de ter camas para esta finalidade. Candidatámo-nos, cumprimos os prazos… e aceitava esta justificação se as candidaturas aprovadas já existissem, agora não existe nada disto, nós candidatámo-nos tal como as outras entidades. Não estou a tirar mérito ao trabalho das outras instituições, agora, em termos de apreciação de projecto, temos um corpo clínico permanente, temos enfermagem permanente, temos pessoal competente habituado a estas questões, temos possibilidade de receber as pessoas que acabam o tempo nos cuidados continuados, porque temos os lares, temos uma logística montada, não percebo porque foi reprovado. Acho que é uma desconsideração muito grande para a Misericórdia.
Que resposta vai dar ao Hospital S. Teotónio quando lhe voltarem a pedir para receber mais uma situação de cuidados continuados?
Desculpem, mas têm os cuidados continuados de…
A transformação do antigo hospital numa Pousada foi um bom negócio para a Misericórdia?
Para nós foi um bom negócio. Acompanhava a decadência do prédio e todos os dias que lá ia via que já tinha caído mais uma pedra daqui e outra dali. Era um tormento e uma vergonha. Houve a recuperação de um edifício que era nosso, continua a ser nosso, há uma renda e fez-se um equipamento que dignifica a cidade.
A entrega da gestão do Hotel Príncipe Perfeito e do complexo desportivo de Cabanões foi o reconhecer que a Misericórdia não está vocacionada para este tipo de negócio?
A razão foi essa.
Ainda se deixa o património à Misericórdia?
Não.
Mas deixa-se algum.
Com contrapartidas. São pessoas que psicologicamente querem estar sossegadas de que vão ter um apoio até morrer.
ed. 406, 24 de Dezembro de 2009
Jornal do Centro
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