sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Santa Casa da Misericórdia da Mealhada

Santa Casa da Misericórdia da Mealhada - João Peres reeleito provedor


Os elementos dos órgãos sociais da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada (SCMM) foram reeleitos, com cinquenta e nove votos, por mais três anos, numa assembleia, que se realizou na manhã do passado domingo, 14 de Novembro. O Plano de Actividades e Orçamento para 2011 que “estima atingir um volume total de proveitos de 6,579,477 euros a que corresponderão custos no montante de 6,594,142 euros”, e que prevê que o “resultado líquido previsional ascenda o montante de -14,665 euros”, foi também aprovado por unanimidade. Aos jornalistas, e já depois de ter sido reeleito provedor, João Peres lamentou “a Segurança Social não deixar utentes do Prolongamento do Lar passarem para o Centro de Noite, que está fechado há dois anos e pronto a ser usado, mesmo depois do Sistema Nacional de Saúde já ter dito sim” e ainda “a situação do Mercado, que tem que ser resolvido com a Câmara da Mealhada com alguma urgência, uma vez que o espaço não tem segurança”.

Centro de Noite, a estrear há dois anos, preocupa “irmãos”

“Temos o Centro de Noite, com dezassete camas, pronto e a estrear há dois anos, mas sem utentes. Pensámos então em transferir para as instalações do chamado Centro de Noite, dezassete utentes do Prolongamento do Lar – que se situa junto ao Hospital da Misericórdia da Mealhada (HMM) – e assim podíamos transferir para este espaço o mesmo número de utentes dos cuidados continuados ou paliativos, o que permitiria uma maior disponibilidade de camas no hospital. Já temos o consentimento do Sistema Nacional de Saúde, falta a autorização da Segurança Social”, declarou João Peres, que acrescentou: “Este é claramente um caso de política”.
Mas a ideia foi bem acolhida por Arminda Martins, vereadora da Câmara da Mealhada, que na qualidade de “irmã”, se “disponibilizou para ajudar a instituição junto das entidades competentes”. “Estou disponível para promover encontros, nomeadamente, com o Secretário de Estado”, acrescentou.

Orçamento para 2011 “é conservador e cuidadoso”

Nas perspectivas orçamentais, a Santa Casa “considera que vai ter uma plena ocupação da capacidade instalada quer na área dos Idosos quer na área da Educação. Quanto à Saúde, as perspectivas apontam para um crescimento da receita a rondar os 3,4 por cento face ao que se prevê executar até Dezembro de 2010. Os aumentos previstos para alguns serviços oscilam dos dois aos cinco por cento”. Nesta área, e segundo o documento do Plano de Actividades e Orçamento para o ano 2011, “prevê-se um cenário altamente restritivo em matéria de Orçamento do Estado e da capacidade do governo para a sua execução”. Já em relação aos custos com o pessoal “não estão previstos quaisquer aumentos excepto os que decorrem das progressões na carreira”.
As projecções da SCMM indicam “uma estabilização da condição financeira”, contudo, “os princípios da preocupação e da sã gestão dos recursos, bem como os quadros conjuntural, político e macroeconómico, não permitem, para 2011, cabimentar investimentos para além de algumas pequenas obras de adaptação e substituição de activos. Os fundos que se prevêem gerar serão utilizados na optimização da estrutura de capitais, nomeadamente, pagamento de divida a instituições bancárias que será o principal desafio financeiro para o próximo ano”.
Este documento, que mereceu parecer positivo do Revisor Oficial de Contas e do Conselho Fiscal da instituição, “é conservador e cuidadoso, atendendo à época que se vive”, disse, aos jornalistas, João Peres.

Qualidade dos serviços prestados aos Idosos nem sempre vai ao encontro dos proveitos

Sobre a valência dos Idosos, “estima-se um resultado líquido positivo no montante de 37,461 euros, que resultará da manutenção de um trabalho interno de procura da eficiência”. Contudo, a instituição continua a “debater-se com dificuldades nesta área pois as exigências de qualidade, quer da Segurança Social, quer dos utentes e seus responsáveis, são cada vez maiores”. “Pretende-se a continuação da prestação de um serviço de qualidade que, na maior parte dos casos, não se consegue ligar directamente aos proveitos oriundos das mensalidades que os utentes podem pagar. Com efeito, a precariedade das pensões e o aumento do custo de vida das famílias é um problema que reflecte as alterações da sociedade actual”, lê-se no documento, que ainda acrescenta: “Em 2011, estaremos atentos à dificuldade das famílias no cumprimento das obrigações para com esta instituição no que toca ao pagamento da comparticipação familiar. Contudo, seremos absolutamente irredutíveis no princípio da manutenção da estabilidade financeira pois é dela que resulta a manutenção do serviço prestado”.

Projecto do edifício para o primeiro CEB já está na Câmara para ser aprovado

Quanto à valência da Educação, “os principais desafios continuam a ser a procura da dimensão óptima evitando a criação de uma estrutura demasiado pesada e a decisão sobre a viabilidade e o momento do projecto para o primeiro ciclo de ensino”. “Temos o projecto do edifício feito e já está na Câmara da Mealhada para ser aprovado. Contudo, temos que ser cautelosos”, declarou o provedor da Santa Casa.
No documento lê-se que, em relação às Actividades de Tempos Livres (ATL) será promovida “a eficiência interna de modo a obter-se resultados operacionais satisfatórios e que permitam a manutenção das condições proporcionadas e a criação de novos equipamentos sociais se tal se vier a julgar pertinente. Para esta resposta social estima-se um resultado positivo no montante de 41,635 euros”. “Não permitiremos que abusos nos atrasos das mensalidades de alguns coloquem em causa o serviço prestado a todos os utentes”.
Também João Pega, elemento da mesa administrativa da SCMM e responsável pela valência da Educação, afirmou: “Temos quase todas as áreas da Infância lotadas. Duplicámos a Pré-escola e temos o ATL quase lotado”.

Fisioterapia vai aumentar 40 por cento e dar resposta à lista de espera existente

Sobre a valência da Saúde, o HMM espera “continuar a negociação dos acordos com a Administração Regional de Saúde do Centro para a Gastrenterologia, Cardiologia e Pneumologia, bem como espera negociar outros serviços e incluir o hospital na Rede Nacional de Cuidados de Saúde”.
As Urgências continuam com muita afluência de pessoas do concelho e arredores. “No entanto, não podemos deixar de referir que este serviço será sempre deficitário e a sua manutenção só se justifica pela extrema relevância para a população e da nossa vocação social”, lê-se no documento.
Em relação à Unidade de Cuidados Continuados, a taxa de ocupação ronda os noventa e cinco por cento. “Para 2011, o objectivo é manter a taxa acima dos oitenta e cinco por cento e pretende-se ainda uma melhoria dos cuidados e serviços prestados ao doente através da formação contínua do pessoal”.
Nas consultas de especialidades prevê-se o crescimento progressivo da actividade. “Estaremos atentos às necessidades da população e procuraremos disponibilizar as especialidades mais relevantes”, aponta o documento.
Já no Serviço de Fisioterapia “será concluído o alargamento da capacidade do serviço que permitirá um aumento de quarenta por cento da capacidade instalada. Em função da lista de espera existente considera-se que este aumento seja imediatamente tomado e que constitua um factor de qualidade do serviço reduzindo o tempo para o inicio de tratamento”.
De uma maneira geral, para o próximo ano os resultados líquidos do HMM deverão ser negativos “no valor de -140,760 euros. As amortizações ascenderão a 586,976 euros e os encargos financeiros a 120, 663 euros pelo que o EBITDA – que é um indicador financeiro frequentemente utilizado para comparar os lucros das empresas – ascenderá a 503,704 euros positivos. Dado o montante de endividamento ser elevado, contamos que a manutenção da Euribor a valores baixos, tal como é esperado pelos mercados para 2011, contribua para beneficiar a tesouraria da instituição e a consolidação das operações à sustentabilidade desta resposta social”.

Mercado pode vir a ser para novo Lar de Idosos?

O Mercado é também um dos temas que mais preocupa a SCMM. “Prevê-se que o resultado desta resposta social seja positivo no montante de 46,999 euros. Contudo, entendemos que a sua remodelação e adequação às exigências legais actuais – higiene e segurança – e demais comodidades – acessos, estacionamento -, não faz parte da nossa missão nem teríamos capacidade financeira para tal. “É urgente resolver esta situação com a Câmara da Mealhada, que caso entenda pode mudar o mercado para outro local”, declarou João Peres.
Mas caso esse encontro não surja e o problema não se solucione, a SCMM começa a pensar “em destinar o espaço às necessidades futuras da instituição, nomeadamente, projectando-o para um eventual novo pólo de cuidados aos Idosos se o crescimento da actividades do Hospital obrigar ao alargamento das suas instalações físicas para o actual Prolongamento do Lar”.

Mónica Sofia Lopes

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DA MEALHADA
Órgãos sociais – Triénio 2011-2013
Assembleia de Irmãos: Presidente – Manuel Jacinto, Vice-presidente – Bruno Peres, Secretários – Maria Graça e Maria Ferreira. Suplentes - Dulce Couceiro e João de Melo.
Mesa Administrativa: Provedor – João Peres, Vogais – Ana Ferreira, António Andrade, Carlos Jaime, João Pega, Manuel Filipe e Orlando Semedo. Suplentes – Carlos Neves, José de Melo e José Nunes.
Conselho Fiscal: Presidente – Américo dos Santos, Relatores – Armando Braga da Cruz e Arminda Martins. Suplentes – Amândio de Melo e Joaquim Ramos

Data Publicação: 2010-11-16
Autor: JM

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