segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Santa Casa da Misericórdia de Espinho

Álcool e droga assustam vizinhos de antiga fábrica em Espinho
00h00m
Natacha Palma

foto José Mota

As "festas" de adolescentes assustam os moradores da zona


A antiga creche da extinta Fosforeira Portuguesa, em Espinho, está a servir de refúgio a dezenas de adolescentes que lá passam tardes e noites num ambiente de álcool e "charros", em volta de pequenas fogueiras, denunciam os moradores, que estão assustados.

As portas e janelas abertas da antiga creche da Fosforeira Portuguesa, em Espinho, agora propriedade da Santa Casa da Misericórdia, serviram de convite a entrar.

No passado mês de Julho, começaram a ir para lá jovens com skates, até porque o edifício, com frente para a Rua 20, tem amplos salões. Com o tempo, os "skaters" acabaram por desaparecer, mas o local ganhou o estatuto de espaço de reunião para dezenas de jovens, que começaram a ir passar lá à tarde, ainda com as mochilas da escola, e à noite.

"Vão para lá beber álcool e fumar droga. Há umas noites, eram três ou quatro horas da madrugada, acordei com o barulho de gritos vindos de lá", contou uma moradora, Maria Joaquina Fernandes. "De outra vez, vim à janela e vi entrar oito rapazes e raparigas. Não deviam ter mais de 12, 13 anos. Disse-lhes para irem para escola e eles insultaram-me do pior que há e até ameaçaram que me partiam a janela", contou.

A situação agravou-se no dia da última greve geral. "Era perto do meio-dia quando vi uma miúda a dirigir-se para a antiga creche a beber Baileys pela garrafa. Foi tão escandaloso que disse para mim mesma 'Chega!'. Fui com uma câmara para filmar o que se passava lá dentro e deparei-me com uns vinte rapazes e raparigas. Puseram-se todos a fugir um para cada lado, mas depois fizeram-me uma espera e tentaram bater-me", contou outra residente, Maria Júlia Martins, já cansada de alertar a Misericórdia. Outra moradora, Fátima Martins, levou o caso à PSP e à Segurança Social.

Segundo os vizinhos, o maior medo são mesmo as fogueiras que os adolescentes fazem dentro do edifício para se aquecer. "Aquilo é um perigo. Há imensa mobília partida por todo o lado e até um monte de madeira no exterior, mesmo à espera que lhe ponham fogo. Se isso acontece, ainda pode dar-se aqui uma grande desgraça", alertou Maria Júlia Martins.

É que, mesmo nas traseiras do edifício principal da antiga creche fica um velho armazém onde se sente ainda o intenso cheiro a fósforo, isto apesar de terem sido dadas garantias aos moradores, por parte da Misericórdia, de que não há perigo porque o espaço foi limpo. Garantia que não convence quem vive ali. "Se o fogo lá chega, pode ir tudo pelos ares", fez notar Maria Joaquina Fernandes.

Ao JN, o administrador da Misericórdia de Espinho, José António Oliveira, disse ter já reunido com o comandante da divisão da PSP. A medida imediata a tomar será emparedar as entradas mais acessíveis do edifício. Os trabalhos devem começar em Janeiro.

JN

Sem comentários: