Doentes têm que se deslocar a Vila Franca o que está a gerar protestos da população e da câmara
Critério economicista deixa doentes de Benavente sem consultas no Hospital da Misericórdia
Critério economicista deixa doentes de Benavente sem consultas no Hospital da Misericórdia
Os doentes do concelho de Benavente deixaram de beneficiar das comparticipações do Serviço Nacional de Saúde nas consultas de especialidade prestadas pela Santa Casa da Misericórdia de Benavente (SCMB), sendo obrigados a deslocarem-se para o hospital de Vila Franca para terem as consultas. Uma medida que para Administração Regional de Saúde visa racionar os recursos e que acontece um mês depois de a gestão do hospital de Vila Franca ter sido entregue aos privados do Grupo Mello. A situação está a revoltar os utentes porque a medida não é igual para todos, uma vez que os doentes de Salvaterra de Magos e Coruche continuam a beneficiar das comparticipações nas consultas dadas na Misericórdia de Benavente.
A onda de revolta está a crescer, a comissão de utentes considera o caso “aberrante” e o vice-presidente da câmara de Benavente, Carlos Coutinho, diz que se trata de uma situação “inaceitável” que penaliza os cidadãos do concelho. Em causa está um protocolo assinado entre a misericórdia e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) em Março último, com efeitos a partir de 1 de Julho. Esse protocolo prevê que, como o hospital de Vila Franca tem as especialidades de cirurgia geral, dermatologia, oftalmologia e medicina física e reabilitação, os utentes devem ser encaminhados pelos centros de saúde e unidades de saúde familiar para o hospital, ao invés de serem encaminhados para a Santa Casa da Misericórdia.
Para o vice-presidente da Câmara de Benavente “ não se percebe porque motivo se está a tentar impor uma medida que penaliza e muito os munícipes de Benavente. Nós não aceitamos isso de maneira nenhuma. Esperamos que haja bom senso e que as coisas se resolvam naturalmente senão teremos de agir de outra forma”, alerta Carlos Coutinho. E acrescenta que a situação “obriga os residentes do concelho a terem de ir a Vila Franca, enquanto que os doentes de Salvaterra de Magos e Coruche podem beneficiar das consultas comparticipadas no hospital de Benavente. Isso é inaceitável”.
No entender da comissão de utentes do concelho de Benavente, a população “cujos antepassados conseguiram edificar um hospital e manter um conjunto de serviços complementares aos parcos serviços prestados pelo Serviço Nacional de Saúde, não podem beneficiar das comparticipações na obra que construíram, mas os utentes de concelhos vizinhos beneficiam”, lamenta a comissão encabeçada por Domingos David.
Contactada pelo nosso jornal a ARS-LVT justifica que a especialidade de cirurgia plástica e reconstrutiva, por não existir no hospital de Vila Franca, pode continuar a ser frequentada pelos utentes de Benavente no hospital da Misericórdia. A entidade esclarece que o objectivo do acordo é alcançar maior eficiência na utilização dos recursos e controlar o crescimento da despesa na saúde. A ARS-LVT informa que a Santa Casa da Misericórdia de Benavente poderá voltar a ser uma opção para os utentes caso o hospital de Vila Franca perca a sua capacidade de resposta. “De qualquer modo essa resposta está de momento assegurada pelo que as alegadas queixas carecem de fundamentação e razoabilidade”, conclui a ARS-LVT.
A comissão de utentes já fez saber que a actual situação obriga a grandes deslocações, “perdas de tempo e custos para os utentes” e apela à população para não se conformar com a decisão. O MIRANTE tentou obter um esclarecimento sobre esta matéria junto da Santa Casa da Misericórdia de Benavente mas nenhuma resposta nos foi enviada até à data de fecho desta edição.
O Mirante
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