sábado, 26 de novembro de 2011

Santa Casa da Misericórdia de S. João da Madeira

Hospital pode mesmo voltar à Misericórdia

Primeiro-ministro anunciou intenção no domingo. União das Misericórdias aplaude
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O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou no último domingo, em Vila Real, que vai devolver às misericórdias os hospitais que foram nacionalizados depois do 25 de Abril. São 23 as unidades que se encontram nesta situação, entre as quais a de S. João da Madeira, mas permanece a dúvida sobre que hospitais serão efetivamente devolvidos. A matriz será preparada a partir do próximo ano, devendo estar concluída em março de 2012.
Por enquanto, tudo está em aberto. O Hospital de S. João da Madeira poderá voltar à gestão da Santa Casa ou não, uma vez que o presidente da União das Misericórdias Portuguesas aconselha a um estudo caso a caso. Também o diretor de serviços da Misericórdia local, Vítor Gonçalves, não está seguro de que os hospitais que integram centros hospitalares, como é o caso de S. João da Madeira, sejam incluídos neste lote.
Em declarações ao labor, há três semanas, o provedor da Santa Casa local defendeu a manutenção do hospital. Sobre a devolução do equipamento à instituição, disse: “se o Estado nos quiser devolver o hospital com as valências que tinha em 1974, não me será difícil propor aos meus companheiros na administração para estudarmos a possibilidade de responder afirmativamente ao repto”.
O primeiro Hospital de S. João da Madeira foi construído e inaugurado pela Santa Casa da Misericórdia a 1 de janeiro de 1923, com a herança deixada por Francisco José Luís Ribeiro, patrono da praça com o mesmo nome. Foi precisamente a iniciativa de construir um hospital na vila que levou à criação da instituição, na medida em que era necessária uma entidade que o gerisse.
Instalado inicialmente no lugar da Quintã, o hospital era pequeno, recorrendo ao serviço de apenas dois médicos e um enfermeiro. Em 1941, perante o crescimento da população, constata-se que as condições são insuficientes e a Santa Casa faz a primeira tentativa para construir um novo hospital, apelando aos donativos dos sanjoanenses. Em 1966, o equipamento tal como o conhecemos hoje é finalmente inaugurado, mantendo-se sob a gestão da Misericórdia até ser nacionalizado pelo Estado, em 1974. Empregava, na altura, perto de 50 médicos, assistentes e auxiliares, tinha 16 especialidades médicas e ultrapassava a capacidade de ocupação em 25%.
No domingo, em Vila Real, o primeiro-ministro disse que era “importante que possamos fazer esta correção da nossa história mais recente e concluir esse trabalho importante que é de devolver à sua origem esses hospitais que têm prestado um serviço importante às comunidades”.
Para o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, a devolução dos hospitais públicos às misericórdias “é melhor para os portugueses”. E isto porque as misericórdias fazem nos seus hospitais “mais consultas e cirurgias com menos custos” do que as unidades do Serviço Nacional de Saúde, disse ao jornal Público.
Sobre a abertura para receber todo o pessoal e equipamento, Manuel Lemos ressalvou que “a gestão [das misericórdias] não é a do Estado”. “Se ficarmos com toda a gente, no fundo gastamos o mesmo”, disse ao diário.
Por: Anabela S. Carvalho
labor.pt

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