D. Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal no Barreiro
«A Democracia dá lugar a muitas pequenas Ditaduras»
«A Democracia dá lugar a muitas pequenas Ditaduras»
«Já dói falar em pobreza» - «Faltar pão é faltar razões de viver»
. «De joelhos só diante de Deus, diante dos homens sempre de pé»
“O amor de Deus prova-se no amor ao próximo. Quem ama a Deus e não ama o próximo é um mentiroso” – afirmou ontem à noite, D. Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal, no decorrer de uma sessão promovida pela Santa Casa da Misericórdia do Barreiro.
“Maldita filosofia da economia, hiper liberal em que o homem não conta, só conta o lucro” – sublinhou.
. «De joelhos só diante de Deus, diante dos homens sempre de pé»
“O amor de Deus prova-se no amor ao próximo. Quem ama a Deus e não ama o próximo é um mentiroso” – afirmou ontem à noite, D. Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal, no decorrer de uma sessão promovida pela Santa Casa da Misericórdia do Barreiro.
“Maldita filosofia da economia, hiper liberal em que o homem não conta, só conta o lucro” – sublinhou.
Estava repleto, ontem à noite, o Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro, numa sessão promovida no âmbito do 450º aniversário da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro, que tinha como convidado D. Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal, que veio falar sobre o tema «Pobreza hoje».
Período marcado por situações de pessoas com carências
Júlio Freire, Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro, abriu a sessão sublinhando que “atravessamos um período complexo”, marcado por situações de “pessoas com carências”, que todos os dias ocorrem à instituição.
Recordou que realizou uma reunião com o Ministro, a quem alertou para esta realidade.
O Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro referiu que a instituição vive actualmente um “processo de grande desenvolvimento”, destacando a construção da Unidade de Cuidados Continuados e o Equipamento para os mais carenciados – “com a máxima dignidade”.
Câmaras têm mais dificuldades neste contexto económico
Carlos Humberto, Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, recordou as dificuldades dos tempos actuais, sublinhou o trabalho realizado pela Santa Casa da Misericórdia do Barreiro, uma obra de apoio às carências da população.
O autarca sublinhou que vivemos – “momentos angustiantes e difíceis”, e, sublinhou as suas próprias angústias, enquanto presidente da Câmara, por saber que está obrigado a reduzir 2% de trabalhadores e reduzir 15% das chefias.
O presidente da Câmara Municipal do Barreiro, referiu que apesar das dificuldades – “não podemos abdicar, não podemos baixar os braços”, acrescentando que – “as Câmaras têm mais dificuldades neste contexto económico”.
Luta contra a fome nos anos 80
Alves Pereira, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro, recordou o conjunto de iniciativas que estão a assinalar as comemorações dos 450 anos da Santa Casa, e, sublinhou que este é – “um tempo de realizações”.
Na sua intervenção recordou a acção desenvolvida, nos anos 80, pelo Bispo de Setúbal, no combate contra a fome, que gerou a “admiração de Portugal”.
Uma profanação à dignidade humana
D. Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal, na sua intervenção, começou por sublinhar que “a humanidade não devia precisar nesta altura” de recorrer à necessidade de “dar de comera quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, nem de vestir os nus”.
Mas, salientou – “voltámos à necessidade de satisfazer as três obras” das Misericórdias, porque, disse – “estamos numa situação em que são tantos e tantos a viver com fome”.
“Isto é uma profanação à humanidade, à dignidade humana” – salientou.
Faltar pão é faltar razões de viver
O Bispo Emérito de Setúbal, referiu que, nos tempos de hoje – “devia reinar um clima de justiça e de bem estar”, porque, “faltar pão é faltar projecto, é faltar razões de viver”.
Recordou os problemas que viveu no distrito de Setúbal, que hoje se repetem, as pessoas que vivem com fome, as fábricas a fecharem, o aumento de desemprego, as pessoas que são dispensadas.
Já dói falar de pobreza
“Não é só a falta de pão, é a própria situação de desemprego, o problema psicológico” – sublinhou, porque a pessoa fica – “ferida na sua dignidade, sente-se mortalmente ferida”, é, disse, - “a destruição da humanidade de cada um”.
Não queremos o Bispo Reaccionário
D. Manuel Martins, sublinhou – “Já dói falar de pobreza”.
Recordou a sua chegada como 1º Bispo da Diocese de Setúbal, com manifestações à porta da Catedral de Setúbal, no ano de 1975, em pleno PREC, sendo recebido com protestos: “Não queremos o Bispo Reaccionário”, um “dono da Rádio Renascença”.
Nesse tempo, recordou, que afirmou – “Nasci Bispo em Setúbal, aqui sou de Setúbal, aqui anunciarei o Evangelho da Paz”, concretizando essas suas palavras com o desejo de “ir pelo mundo e dizer aos homens que Deus gosta deles”.
Proclamar a dignidade da pessoa humana
O Bispo Emérito de Setúbal, sublinhou que “os que acreditam em Deus têm fé”, mas, alertou, que “o amor de Deus prova-se no amor ao próximo”.
“Quem ama a Deus e não ama o próximo é um mentiroso” – sublinhou, porque - “o amor de Deus só se pode concretizar no amor aos homens”.
“É preciso proclamar por toda a parte a dignidade da pessoa humana, a agressão aos direitos humanos” – sublinhou.
Vivemos num mundo desumanizado
D. Manuel Martins, lançou um apelo à reflexão, sobre o mundo em que estamos, onde “não há tempo para conversar e entrarmos dentro de nós”.
E, neste contexto, sublinhou que todos – “temos que ser construtores da história”, porque, “somos pedras vivas na construção da civilização”.
Lamentou que neste mundo, as televisões falem mais das “árvores grandes que caem”, com Operações Furacão, Face Oculta, porque, afinal, todos nós “reparamos mais na árvore que cai do que no Jardim que cresce”.
Sublinhou que este é – “um mundo carregado de injustiças e desigualdades”, e, também, “um mundo manchado pelo sangue de tantas guerras”, e, “um mundo cheio de fome de pão e de afectos”.
“Vivemos num mundo desumanizado, sem humanidade, um mundo carregado de medo” – sublinhou.
O pecado da troika
“Maldita filosofia da economia, hiper liberal em que o homem não conta, só conta o lucro” – salientou o Bispo Emérito de Setúbal, recordando que “cada vez somos menos independentes, vivemos pendurados num grupo económico”.
E, num à parte, confessou que fez um pecado – “tão grande”, ao referir que “Só Deus nos pode salvar, porque é uma troika, uno na trindade”, gerando um clima de sorrisos na assistência.
“Estamos numa roda que não sabemos onde isto vai parar, os técnicos não sabem onde isto vai parar” – referiu.
“Esta Europa pode dar o pior” – sublinhou o Bispo Emérito de Setúbal.
Desenvolvimento da consciência democrática
Na sua intervenção referiu que “estamos na madrugada de um mundo novo”, porque, “o mundo está a progredir, o mundo está a avançar”, porque, as muitas conquistas da humanidade ao nível tecnológico – “ajudam o homem a crescer”, e, “ao desenvolvimento da consciência democrática”, que, “faz crescer em cada um de nós a sua consciência humana”.
“Hoje, já sentimos que estão a fazer pouco de nós” – referiu, porque, “antigamente tínhamos que nos resignar”.
“Não reagimos o suficiente, mas sabemos bater o pé quando ofendem a nossa dignidade” – sublinhou.
“A democracia é má, é muito má, mas é o menos mau de todos os sistemas políticos” – sublinhou.
Alertou, que – “a democracia dá lugar a muitas pequenas ditaduras”.
Não tenhais medo, ide avante
O Bispo Emérito de Setúbal, encerrou a sua intervenção alertando para o papel da Igreja, que, disse – “tem que ajudar as pessoas a descobrir a sua dignidade”.
“A Igreja deve ajudar as pessoas a não permitirem que se faça pouco delas” – referiu, acrescentando que o homem deve estar – “de joelhos só diante de Deus, diante dos homens sempre em pé”.
Por essa razão, salientou que a Igreja deve – “denunciar com coragem e sem medo as agressões que são feitas às pessoas humanas”.
“Não tenhais medo, ide avante” – foi o apelo que deixou aos participantes na sessão.
Período marcado por situações de pessoas com carências
Júlio Freire, Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro, abriu a sessão sublinhando que “atravessamos um período complexo”, marcado por situações de “pessoas com carências”, que todos os dias ocorrem à instituição.
Recordou que realizou uma reunião com o Ministro, a quem alertou para esta realidade.
O Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro referiu que a instituição vive actualmente um “processo de grande desenvolvimento”, destacando a construção da Unidade de Cuidados Continuados e o Equipamento para os mais carenciados – “com a máxima dignidade”.
Câmaras têm mais dificuldades neste contexto económico
Carlos Humberto, Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, recordou as dificuldades dos tempos actuais, sublinhou o trabalho realizado pela Santa Casa da Misericórdia do Barreiro, uma obra de apoio às carências da população.
O autarca sublinhou que vivemos – “momentos angustiantes e difíceis”, e, sublinhou as suas próprias angústias, enquanto presidente da Câmara, por saber que está obrigado a reduzir 2% de trabalhadores e reduzir 15% das chefias.
O presidente da Câmara Municipal do Barreiro, referiu que apesar das dificuldades – “não podemos abdicar, não podemos baixar os braços”, acrescentando que – “as Câmaras têm mais dificuldades neste contexto económico”.
Luta contra a fome nos anos 80
Alves Pereira, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro, recordou o conjunto de iniciativas que estão a assinalar as comemorações dos 450 anos da Santa Casa, e, sublinhou que este é – “um tempo de realizações”.
Na sua intervenção recordou a acção desenvolvida, nos anos 80, pelo Bispo de Setúbal, no combate contra a fome, que gerou a “admiração de Portugal”.
Uma profanação à dignidade humana
D. Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal, na sua intervenção, começou por sublinhar que “a humanidade não devia precisar nesta altura” de recorrer à necessidade de “dar de comera quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, nem de vestir os nus”.
Mas, salientou – “voltámos à necessidade de satisfazer as três obras” das Misericórdias, porque, disse – “estamos numa situação em que são tantos e tantos a viver com fome”.
“Isto é uma profanação à humanidade, à dignidade humana” – salientou.
Faltar pão é faltar razões de viver
O Bispo Emérito de Setúbal, referiu que, nos tempos de hoje – “devia reinar um clima de justiça e de bem estar”, porque, “faltar pão é faltar projecto, é faltar razões de viver”.
Recordou os problemas que viveu no distrito de Setúbal, que hoje se repetem, as pessoas que vivem com fome, as fábricas a fecharem, o aumento de desemprego, as pessoas que são dispensadas.
Já dói falar de pobreza
“Não é só a falta de pão, é a própria situação de desemprego, o problema psicológico” – sublinhou, porque a pessoa fica – “ferida na sua dignidade, sente-se mortalmente ferida”, é, disse, - “a destruição da humanidade de cada um”.
Não queremos o Bispo Reaccionário
D. Manuel Martins, sublinhou – “Já dói falar de pobreza”.
Recordou a sua chegada como 1º Bispo da Diocese de Setúbal, com manifestações à porta da Catedral de Setúbal, no ano de 1975, em pleno PREC, sendo recebido com protestos: “Não queremos o Bispo Reaccionário”, um “dono da Rádio Renascença”.
Nesse tempo, recordou, que afirmou – “Nasci Bispo em Setúbal, aqui sou de Setúbal, aqui anunciarei o Evangelho da Paz”, concretizando essas suas palavras com o desejo de “ir pelo mundo e dizer aos homens que Deus gosta deles”.
Proclamar a dignidade da pessoa humana
O Bispo Emérito de Setúbal, sublinhou que “os que acreditam em Deus têm fé”, mas, alertou, que “o amor de Deus prova-se no amor ao próximo”.
“Quem ama a Deus e não ama o próximo é um mentiroso” – sublinhou, porque - “o amor de Deus só se pode concretizar no amor aos homens”.
“É preciso proclamar por toda a parte a dignidade da pessoa humana, a agressão aos direitos humanos” – sublinhou.
Vivemos num mundo desumanizado
D. Manuel Martins, lançou um apelo à reflexão, sobre o mundo em que estamos, onde “não há tempo para conversar e entrarmos dentro de nós”.
E, neste contexto, sublinhou que todos – “temos que ser construtores da história”, porque, “somos pedras vivas na construção da civilização”.
Lamentou que neste mundo, as televisões falem mais das “árvores grandes que caem”, com Operações Furacão, Face Oculta, porque, afinal, todos nós “reparamos mais na árvore que cai do que no Jardim que cresce”.
Sublinhou que este é – “um mundo carregado de injustiças e desigualdades”, e, também, “um mundo manchado pelo sangue de tantas guerras”, e, “um mundo cheio de fome de pão e de afectos”.
“Vivemos num mundo desumanizado, sem humanidade, um mundo carregado de medo” – sublinhou.
O pecado da troika
“Maldita filosofia da economia, hiper liberal em que o homem não conta, só conta o lucro” – salientou o Bispo Emérito de Setúbal, recordando que “cada vez somos menos independentes, vivemos pendurados num grupo económico”.
E, num à parte, confessou que fez um pecado – “tão grande”, ao referir que “Só Deus nos pode salvar, porque é uma troika, uno na trindade”, gerando um clima de sorrisos na assistência.
“Estamos numa roda que não sabemos onde isto vai parar, os técnicos não sabem onde isto vai parar” – referiu.
“Esta Europa pode dar o pior” – sublinhou o Bispo Emérito de Setúbal.
Desenvolvimento da consciência democrática
Na sua intervenção referiu que “estamos na madrugada de um mundo novo”, porque, “o mundo está a progredir, o mundo está a avançar”, porque, as muitas conquistas da humanidade ao nível tecnológico – “ajudam o homem a crescer”, e, “ao desenvolvimento da consciência democrática”, que, “faz crescer em cada um de nós a sua consciência humana”.
“Hoje, já sentimos que estão a fazer pouco de nós” – referiu, porque, “antigamente tínhamos que nos resignar”.
“Não reagimos o suficiente, mas sabemos bater o pé quando ofendem a nossa dignidade” – sublinhou.
“A democracia é má, é muito má, mas é o menos mau de todos os sistemas políticos” – sublinhou.
Alertou, que – “a democracia dá lugar a muitas pequenas ditaduras”.
Não tenhais medo, ide avante
O Bispo Emérito de Setúbal, encerrou a sua intervenção alertando para o papel da Igreja, que, disse – “tem que ajudar as pessoas a descobrir a sua dignidade”.
“A Igreja deve ajudar as pessoas a não permitirem que se faça pouco delas” – referiu, acrescentando que o homem deve estar – “de joelhos só diante de Deus, diante dos homens sempre em pé”.
Por essa razão, salientou que a Igreja deve – “denunciar com coragem e sem medo as agressões que são feitas às pessoas humanas”.
“Não tenhais medo, ide avante” – foi o apelo que deixou aos participantes na sessão.
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