Publicado na Quarta-Feira, dia 04 de Janeiro de 2012, em Actualidade
A Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo pretende apurar o rendimento dos cerca de 180 utentes que tem a seu cargo no lar de idosos para poder gerir a qualidade/custo desta valência. Os utentes e os familiares poderão ser chamados a contribuir com mais apoio financeiro com novas regras de comparticipação a acordar com a Segurança Social.
O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo refere que é intenção da instituição proceder a um levantamento acerca dos rendimentos globais dos utentes que frequentam o Lar da Idosos.
Trata-se de uma medida que, segundo informou ao jornal “a União” António Marcos, quer contrabalançar o binómio “qualidade/custo” perante um período de “contenção” financeira que a instituição prepara-se para enfrentar.
Ao todo, são cerca de 180 os utentes que, contas feitas pelo responsável, tem um gasto médio de 1.300 euros por mês.
Actualmente, e segundo as regras firmadas pela Segurança Social, a SCMAH recebe de cada utente uma comparticipação em valor correspondente a 80 por cento do rendimento mensal dos idosos, que equivale à respectiva pensão.
Porém, este é um cálculo que, nem sempre corresponde ao rendimento total dos pensionistas.
Segundo o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Angra, “entre 10 a 15 por cento” dos casos reportam-se a utentes que têm mais capacidade financeira do que as declaradas e que são equacionadas na fórmula da comparticipação à SCMAH e à Segurança Social.
Uma forma de apurar os rendimentos dos utentes será, adianta, através do IRS.
APOIO DAS FAMÍLIAS
“Numa perspectiva futura, eventualmente, as famílias deverão poder apoiar os seus idosos”, antecipou António Marcos.
Assim, ainda “este ano”, a SCMAH pretende saber “se existem mais rendimentos disponíveis” por parte dos utentes para fazer face às despesas que existem”.
O responsável refere existirem casos de idosos que auferem duas pensões, mas cuja dedução é apenas efectuada sobre uma pensão.
Sem adiantar um calendário em concreto, nem as novas regras, o provedor refere que deverão ser introduzidas alterações neste mecanismo de comparticipações. Alterações que, aliás, acresce estão a preparar a sua introdução em diversas instituições na região com acompanhamento por parte da Segurança Social: “os acordos com a Segurança Social vão ser alterados”.
António Marcos defende que além dos 80 por cento das pensões e do apoio do estado, parte do “diferencial” deve ser suportado pela família do utente.
“A pergunta que aqui se coloca é a seguinte: vamos apostar na qualidade ou na quantidade?”, questiona António Marcos.
É por isso que o provedor deixa o seguinte apelo: “uma vez que isso entre em execução, faço um apelo às famílias para que assumem a sua responsabilidade em apoiar aquilo que a segurança social não apoia”.
SAÚDE FINANCEIRA “RAZOÁVEL”
“Já entrámos num período de contracção”, disse, em jeito de balanço, o provedor da SCMAH, referindo que, apesar de classificar de “razoável” a saúde financeira da instituição, já está em curso um plano de corte de despesas.
Segundo o responsável, a instituição está a realizar um estudo para apurar a “resistência” financeira da SCMAH aos tempos de crise.
Para já, não está na mesa a redução do quadro de pessoal.
Em 2011, admitiu, “não fomos muito penalizados, mas 2012 vai ser um ano experimental”.
Sem apontar valores, as contas de 2011 da SCMAH, informou, deverão estar fechadas em Março.
Humberta Augusto
haugusto@auniao.com
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