O Provedor da Stª Casa da Misericórdia de Mangualde, Fernando Morais, era esta manhã um homem triste. O que foi um projecto inovador e que ía de encontro à população idosa de Mangualde e da região está a tornar-se um pesadelo para o responsável.
A Stª Casa da Misericórdia de Mangualde, decidiu investir cerca de 3 milhões de euros com ajuda do estado, Câmara Municipal, mas principalmente com recurso à banca, numa Unidade de Cuidados Continuados (UCC) a funcionar no antigo Hospital de Mangualde, pois como dizia Fernando Morais em entrevista ao MangualdeOnline em Outubro de 2010, “então vamos ficar de braços cruzados a assistir a um aumento progressivo dos idosos que se prevê sejam em 2050 um terço da população deste país, sem que ajudemos a minorar os problemas de saúde que incidem nesta faixa etária? Os hospitais estão cada vez mais vocacionados para cuidar dos problemas agudos da saúde que uma vez tratados ou estabilizados, não justificam a ocupação de camas pelos seus portadores. Por serem necessárias e por ser cara a estadia. E depois? Estão os domicílios aptos a receber estes idosos? Haverá apoio domiciliário integrado (parte social e parte de saúde) bastante para atender todos, grande parte deles sem família por perto, com pensões baixas? Claro que não. E até os próprios Lares das instituições não possuem essas competências. Não foram preparados, nem com pessoal bastante e habilitado, nem são dotados, financeiramente, para receber estes idosos. Os Lares foram talhados para pessoas com alguma autonomia, não para pessoas com elevada intervenção na área da saúde. Mas é isso que tem estado a acontecer de há uns temos para cá, por compreensível pressão das famílias e dos hospitais. Porque não há mais nada, ou o que vai havendo ainda é, localmente, insuficiente. Por isso avançámos com determinação e sem mais perdas de tempo.
No entanto a Misericórdia de Mangualde já tem a UCC pronta mas um telefonema no passado sábado vindo da Administração Regional de Saúde de Viseu (ARS), deitou tudo “por água abaixo” .
O que tinha sido marcado no dia 13 de Fevereiro pela própria ARS (a inauguração a 20 Fevereiro) ficou sem efeito. A ARS comunicou que não avançaria com a verba estipulada em protocolo para comparticipação financeira para operacionalização do dia-a-dia, alegadamente por ainda não estarem despachadas as verbas correspondentes. Fernando Morais, na cerimónia da não abertura, disse que a Sta Casa, vai voltar a esperar, mas também vão esperar os idosos já em espera no Hospital Central de Viseu e em outras instituições, bem como deita abaixo as espectativas de trabalho dos cerca de 50 colaboradores previstos para esta estrutura.
O Provedor diz ainda que só o simples facto de estar pronta esta UCC tem a despesa de 300euros/dia. Lembra ainda que era bom abrir até pela parte financeira pois o período de carência dado pela instituição que emprestou o dinheiro está a acabar e deixa a Sta Casa numa situação financeira complicada.
Situação inaceitável diz o Autarca Mangualdense
O Presidente da Câmara de Mangualde, João Azevedo, fez fortes críticas pela situação vivida pela Sta Casa. O autarca diz que que um processo assim só demonstra incompetência por parte dos responsáveis e que se tem que encontrar os responsáveis.
João Azevedo, diz que desde o inicio que estava tudo a correr muito bem, desde o protocolo inicial de atribuição de verbas do estado a este investimentos, depois com a execução a decorrer dentro da normalidade, mas que agora, os novos “actores” só vieram acrescentar dificuldades. O autarca deixa ainda a pergunta no ar, “porque é que em 48h se desmarca uma cerimónia que já estava marcada, com entidades confirmadas, com os funcionários prontos a trabalhar, com utentes já prontos para virem, porquê em Mangualde? “. O autarca exige explicações por parte dos responsáveis da ARS.
Actualizado em Segunda, 20 Fevereiro 2012 15:44
mangualdeonline
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