Em causa mais de 100 mil euros
Ex-provedor da Misericórdia do Fundão acusado pelo MP
16.02.2012 - 10:04 Por José António Cerejo
O Ministério Público (MP) acusou o antigo provedor da Misericórdia do Fundão, Manuel Antunes Correia, bem como três filhas e dois genros de se terem apropriado indevidamente de mais de 100 mil euros da instituição. Antunes Correia, que saiu da provedoria em 2007, depois de 26 anos naquelas funções, era igualmente membro do secretariado nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP).
Na segunda-feira, o PÚBLICO noticiou também que o Ministério Público tinha acusado o provedor da Misericórdia de Portimão, José Correia, pela prática de 17 crimes. Além de provedor em Portimão, José Correia é presidente do conselho fiscal da UMP. A acusação contra Antunes Correia prende-se com a transferência mensal de dinheiro da misericórdia, entre 1996 e 2002, para as contas das filhas e dos genros. Tais transferências somaram um total de 102.722 euros e eram feitas como se os familiares do provedor fossem trabalhadores da instituição. O Ministério Público diz também que Antunes Correia, acusado de peculato e falsificação, recebeu perto de dez mil euros da misericórdia e da UMP, graças à apresentação às duas entidades de despesas em duplicado. As suspeitas sobre a sua gestão avolumaram-se em 2007, quando entrou em funções uma comissão administrativa presidida pelo actual provedor, Jorge Gaspar. Segundo o jornal O Interior da semana passada, Jorge Gaspar declarou à rádio Cova da Beira que a misericórdia irá apresentar um pedido de indemnização cível contra o seu antigo dirigente.
No caso de Portimão, José Correia e o anterior provedor, José Serralha, são acusados dos crimes de infidelidade e participação económica em negócio, sendo o primeiro acusado também de peculato e falsificação. Correia, que é presidente do conselho fiscal da UMP, colocou ontem o lugar à disposição, mas o presidente da união, Manuel Lemos, disse ao PÚBLICO que o secretariado nacional decidiu manter-lhe a confiança.
"Até prova em contrário ele é inocente e por isso entendemos que deve manter-se em funções. Se mais tarde for condenado, aí é a própria lei que o impede de continuar", afirmou o presidente da UMP, afirmando que "a esmagadora maioria das pessoas constituídas arguidas são depois consideradas inocentes". Quanto a Antunes Correia, adiantou que a UMP "vai analisar o assunto", após ter recebido uma comunicação do Ministério Público. "Estas situações preocupam-nos naturalmente, mas o que se passa nas misericórdias é o reflexo, para o bem e para o mal, da sociedade portuguesa."
Público
Sem comentários:
Enviar um comentário