Misericórdia de Santarém procura soluções para rentabilizar património devoluto
Falência do projecto Campus XXI vai permitir à instituição retomar o património das Fontainhas e dar-lhe utilidade e rentabilidade.
Edição de 2012-02-02
O fim da sociedade Campus XXI que tinha por objectivo construir um Parque de Saúde e Bem-Estar na Quinta das Fontainhas, na periferia de Santarém, deixou a Santa Casa da Misericórdia de Santarém com um menino nos braços. As instalações - pertencentes ao Estado que as cedeu à Misericórdia de Santarém na década passada em direito de superfície por um período de 99 anos - foram recuperadas há uma dúzia de anos mas o investimento não tem sido rentabilizado.
O actual provedor da Misericórdia de Santarém, Mário Rebelo, reconhece essa pecha mas garante que estão a ser envidados esforços para dar nova vida ao complexo, incluindo a exploração e rentabilização dos terrenos agrícolas adjacentes, como já aconteceu anteriormente. Em aberto está a possibilidade de criação ali de uma unidade de residências assistidas vocacionada para a terceira idade, onde os ocupantes tenham à disposição cuidados médicos.
Um projecto que também já tem alguns anos, como lembra Carlos Rodrigues, que foi durante alguns anos responsável pela área do património da Misericórdia e lamenta o “abandono” a que a quinta, com 33 hectares, tem estado votada ao longo dos últimos anos.
“Foram ali feitas obras de limpeza, conservação e manutenção e podia-se ter utilizado a Quinta das Fontainhas para receber serviços nossos que permitiriam desocupar e rentabilizar instalações na cidade. Mas nada disso foi feito e optou-se pelo projecto Campus XXI. O resultado está à vista e isso é que me dói”, diz Carlos Rodrigues. O ex-irmão, que se demitiu por discordar da gestão do anterior provedor Garcia Correia, afirma que a Misericórdia perdeu muito com essa decisão.
Para já as instalações da Quinta das Fontainhas ainda não estão disponíveis, pois a sociedade Campus XXI encontra-se em insolvência e só após a conclusão desse processo se dará a retoma do espaço para a posse da Santa Casa da Misericórdia de Santarém, diz o provedor Mário Rebelo.
Aproveitamento do antigo hospital em estudo
Em estudo está ainda a ocupação de parte dos edifícios onde funcionou há décadas o antigo hospital de Santarém, no complexo que alberga também a sede da Misericórdia, alguns ainda ocupados por serviços do Centro de Saúde de Santarém e que rendem à instituição alguns milhares de euros mensais. Parte desses serviços já tinham saído em 2009 para a nova unidade de saúde de São Domingos.
É uma fonte de rendimento que a Misericórdia vai perder em breve, com a transferência do que resta do centro de saúde no planalto para as novas instalações no bairro de São Bento. Mário Rebelo diz que está a ser ponderada a ocupação das instalações com um projecto ligado à área da saúde, mas sem fazer concorrência ao que já existe na cidade nesse sector.
Pelo caminho ficou também a Unidade de Apoio Integrado para ali prevista na década de 90 e que nunca se chegou a ser instalada, tendo dado origem a um processo em tribunal pois as verbas para esse projecto acabaram por ser utilizadas para outras obras.
O Mirante
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