quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Misericórdias: Vila Verde e Arganil são exemplos de empreendedorismo e inovação

Misericórdias: Vila Verde e Arganil são exemplos de empreendedorismo e inovação

autor
Lusa

As Santas Casas da Misericórdia de Vila Verde, em Braga, e Arganil, em Coimbra, são dois exemplos de empreendedorismo e inovação a apresentar no Congresso da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), que se inicia quinta-feira no Funchal.O caso de Vila Verde é considerado uma prova de que as Misericórdias podem ser grandes geradoras de emprego na área social, enquanto Arganil é uma das Santas Casas que aderiu a um projecto de inovação tecnológica no apoio aos idosos.A Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde arrancou há dez anos com 54 trabalhadores e hoje tem 307 funcionários e mais 90 trabalhadores com prestação de serviço, num contínuo crescimento de actividade e de emprego, referiu à Lusa o provedor Bento Morais.Apontada como exemplo de empreendedorismo, a Santa Casa da Misericórdia começou a alargar a sua actividade, criando empresas e serviços, como uma unidade de cuidados continuados e um hospital, a par de uma farmácia, uma loja de produtos paramédicos, um lar para deficientes profundos, um centro de actividade ocupacional para deficientes e várias empresas que dão trabalho a deficientes, como uma lavandaria, uma padaria/pastelaria e uma unidade de jardinagem.'Estamos atentos, não visamos o lucro, visamos servir os utentes, criando trabalho e satisfação às pessoas que nos rodeiam', referiu, com orgulho, Bento Morais.No entanto, este crescimento não tem sido isento de dificuldades, nomeadamente no que diz respeito a apoios por parte do Estado.'Temos dificuldades. Neste país não se apoia o empreendedorismo, não se apoia quem trabalha', lamentou o provedor, referindo que há dois anos que espera por acordos de cooperação para a construção de mais creches e jardins-de-infância, com 150 crianças a aguardar pelas obras.'Na Saúde também aguardamos os novos protocolos que estão em discussão eternamente, que nunca se concretizam. Esperemos que a tutela olhe para quem faz alguma coisa neste país', desabafou.As necessidades de quem acorre à Misericórdia aumentaram nos últimos anos, disse, razão pela qual foi sextuplicada a capacidade de resposta na creche, de 50 para 300 crianças, enquanto os apoios a idosos aumentaram em 100 por cento.A inovação tecnológica é o orgulho da Santa Casa da Misericórdia de Arganil, distrito de Coimbra, que aderiu a um projecto apoiado pelo programa Progride.Trata-se do chamado Atendimento Permanente, uma solução tecnológica que consiste na instalação em casa dos utentes de aparelhos ligados a um centro de atendimento nacional que faz a triagem das necessidades e encaminha para as respectivas Misericórdias.Com este Atendimento Permanente a idosos isolados cumpre-se um dos grandes objectivos, explicou à Lusa José Coimbra, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Arganil: 'retardar ao máximo a ida do idoso para lares ou residências assistidas, mantendo-o no seio da família e junto dos amigos, nas suas comunidades de origem'.Em caso de necessidade, seja de saúde, seja de alimentação, higiene ou mesmo um simples problema com um televisor, o utente contacta o centro de atendimento, explica o que pretende e os serviços da Misericórdia são accionados para dar resposta.Neste momento há cerca de 150 utentes ligados ao sistema da Misericórdia de Arganil, que envolveu um investimento de 800 mil euros.'Este projecto desenvolveu-se ultimamente mais na Saúde, como apoio domiciliário integrado. Nos primeiros tempos só fazíamos o apoio domiciliário na refeição e higiene diária do utente, mas verificámos que era necessário avançarmos mais no domínio da Saúde', referiu José Coimbra, indicando que actualmente o utente tem ao seu dispor, entre outros, serviços de enfermagem, de fisioterapia, de nutrição e de psicologia, além de compra de medicamentos.
Correio do Minho

Sem comentários: