sexta-feira, 14 de maio de 2010

Santa Casa da Misericórdia de Paredes

Unidade de saúde inaugurada há dois anos atravessa dificuldades financeiras
Nova administração tenta salvar Hospital da Misericórdia de Paredes

O Hospital da Misericórdia de Paredes está a passar por dificuldades financeiras, que já levaram a que alguns dos médicos que vinham prestando serviço nesta unidade de saúde privada abandonassem a instituição.
Para tentar salvar o hospital inaugurado em Fevereiro de 2008, o conselho de administração nomeado no final do ano passado extinguiu a anterior comissão administrativa e contratou um novo administrador-delegado.

Também o antigo presidente do Hospital Padre Américo, Pereira Magalhães, foi contratado para director clínico. O objectivo imediato, diz Pereira Magalhães, passa obrigatoriamente por renegociar a dívida bancária.



Todos os meses paga mais do que recebe

O Hospital da Misericórdia de Paredes foi inaugurado em Fevereiro de 2008, depois de um investimento de sete milhões de euros na recuperação de um edifício que já tinha albergado o antigo hospital do concelho.

Apresentando como principais argumentos um Serviço de Urgência para Adultos aberto 24 horas por dia e uma Urgência Pediátrica aberta das 9h00 às 24h00, para além da primeira Urgência de Medicina Dentária do país aberta 24 horas por dia, os responsáveis pelo Hospital da Misericórdia esperavam receber, nos primeiros meses, 150 utentes diários.
Quando o Hospital entrasse em velocidade cruzeiro, esse número subiria, anunciavam, para os 500 doentes dia.

Todavia, a falta de licença para algumas especialidades e a inexistência de convenções, por exemplo, com o Sistema Nacional de Saúde (SNS) para outras condicionou o desenvolvimento do Hospital, e levou a que hoje atravesse graves dificuldades financeiras. "O Hospital foi mal estruturado. Todos os meses paga mais do que recebe", diz o novo director clínico.

Pereira Magalhães chegou a Paredes no início deste mês para, frisa, "dar continuidade a um plano estratégico que prevê a resolução de situação económico-financeira, que é má, mas perfeitamente possível de ser recuperada".

Plano estratégico que foi elaborado por Miguel Gouveia Brito, administrador-delegado contratado no final do ano passado, mas que acabou por sair recentemente para a equipa que José Luís Catarino constituiu no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa. "A recuperação depende apenas da vontade dos accionistas e passa pela resolução dos encargos com a dívida bancária", refere Pereira Magalhães.

Segundo o antigo presidente do Hospital Padre Américo, o pagamento dos empréstimos bancários "estão muito concentrados no tempo", ou seja grande parte da dívida tem de ser paga nos primeiros anos de funcionamento do Hospital. Por isso, garante Pereira Magalhães, a solução imediata tem de passar, obrigatoriamente, pela renegociação da dívida ao banco.

"Esta é uma decisão que tem de ser tomada a muito curto prazo, sob pena de hipotecar o futuro do Hospital", alerta o director clínico.

Outra necessidade premente é a recuperação da imagem do Hospital da Misericórdia de Paredes junto da comunidade médica e da população. "Essa imagem está degradada devido às dificuldades financeiras do Hospital, que levou inclusive ao afastamento de alguns médicos", sustenta.

Para alcançar este objectivo, está programado, a "breve trecho", a criação de um laboratório de análises e de uma clínica de imagiologia, para os quais o Hospital da Misericórdia já terá as respectivas convenções com diferentes entidades.


Comissão administrativa substituída por administrador-delegado

Desde o início que a Cespu, com 51 por cento do capital social, assumiu a liderança de um projecto que contou, igualmente, com o investimento significativo do grupo espanhol La Rosaleda. A Câmara Municipal de Paredes e a Santa Casa da Misericórdia de Paredes, ambas com dez por cento, também se constituíram accionistas do Hospital da Misericórdia de Paredes.

Algum tempo depois da inauguração, porém, os espanhóis reduziram a sua participação para apenas cinco por cento, permitindo que António Mendes Pereira (antigo dono da Farmácia Ruão) adquirisse 24 por cento do capital social.

Com esta nova estrutura accionista, mudou, de igual modo, o organograma directivo. No final do ano passado, a presidência do conselho administrativo passou a ser ocupada pelo ex-presidente do hospital bracarense S. Marcos, Américo Afonso, e foi já o novo líder que extinguiu a comissão administrativa liderada por Joaquim Merino. Este passou a ser um dos sete elementos do conselho administrativo, sendo substituído na liderança executiva por Miguel Gouveia Brito.


Urgência Pediátrica com horário reduzido


A Urgência Pediátrica foi uma dos principais "armas" apresentadas pelo Hospital da Misericórdia de Paredes. Aberta das 9h00 às 24h00, este serviço prometia responder às necessidades de uma região que tinha no Hospital Padre Américo a alternativa possível.

No entanto, recentemente, Francisco Cunha, o médico que assegurava as manhãs, acabou por sair e, agora, a Urgência Pediátrica está a funcionar apenas das 14h30 às 22h00.

Segundo Pereira Magalhães, esta redução de horário não está relacionada com as dificuldades financeiras do Hospital da Misericórdia. "É uma situação provisória, provocada pela saída do médico para o Porto. Em breve o horário será reposto", assegura.


O Verdadeiro Olhar

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