sábado, 9 de abril de 2011

Santa Casa da Misericórdia do Barreiro

2011-04-07, Ana Lourenço Monteiro
Assembleia Geral da Misericórdia unânime quanto ao futuro da instituição
O Relatório e Contas de Gerência referentes ao exercício do ano 2010 da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro (SCMB) foi discutido e votado na reunião da Assembleia Geral da instituição, que teve lugar no passado dia 31 de Março. Perante a explanação proferida pelo provedor Júlio Freire, a propósito das actividades e projectos da instituição e da recuperação do défice existente, o Conselho Fiscal (Definitório) emitiu o seu parecer positivo quanto à aprovação do documento apresentado aos Irmãos e por estes aprovado por unanimidade.
Para o provedor da SCMB, o Relatório e Contas de 2010 apresentado à Assembleia Geral “está ao nível de todos os outros”, muito embora com resultados finais que são, de alguma forma, “anormais” em relação ao que a Mesa Administrativa tem vindo a apresentar. As razões para essa caracterização foram enumeradas e justificadas por Júlio Freire, que apontou “as acrescidas dificuldades financeiras derivadas do aumento dos juros”, “a falta de liquidez dos fornecedores e prazos de pagamento mais curtos” e “as dificuldades na venda do património imobiliário em virtude da crise do mercado” como exemplos.
Segundo o responsável, também “o crescimento das famílias carenciadas no Barreiro tem reflexos no aumento significativo dos custos hoteleiros da Misericórdia”, já que o Estado “apenas subsidia parcialmente esses custos”. O “aumento dos pedidos de famílias dos utentes em relação à dispensa do pagamento dos serviços prestados pela Santa Casa” é uma realidade que a Mesa Administrativa da instituição também enfrenta ultimamente.
O crescimento dos encargos derivados de um acréscimo de trabalhadores (mais 17 para a Creche) e dos custos das matérias consumidas (mais 18% na alimentação), assim como a necessidade de serem efectuados “profundos investimentos na manutenção e conservação da Capela”, já acabada e sem financiamento externo, estão entre os motivos referidos. De igual modo, Júlio Freire englobou ainda na origem do défice de 2010 da SCMB – no valor de cerca de 250 mil euros – “os custos extraordinários referentes à construção da Unidade de Cuidados Continuados (UCC) e da Clínica de Fisioterapia”.
O provedor da Santa Casa considerou ser este um défice “que não é excessivo” e facilmente ultrapassável com o equilíbrio provindo da verba a receber da venda de património que se encontra em negociações, nomeadamente na Rua Norton de Matos, na Rua Serpa Pinto (recentemente requalificado), e de uma outra propriedade/quinta (só esta última no valor de 450 mil euros).
A obtenção de mais donativos está, igualmente, entre as previsões da Mesa Administrativa, que admite que “há sintomas bastante reais de que a solidariedade no Barreiro está a aumentar”. Segundo Júlio Freire, “os donativos desceram no ano passado mas este ano voltaram a subir”. “Durante estes três meses já recebemos mais do que no ano passado, o que quer dizer que as perspectivas são boas”, perspectivou.
No âmbito dos donativos, o provedor fez também referência às ideias já iniciadas e em curso para obtenção de fundos, como o Muro da Solidariedade, localizado em frente ao Lar de São José, e a venda do patrocínio dos quartos da UCC a empresas. Júlio Freire recordou ainda que, no âmbito da comparticipação deste equipamento social pelo Estado no valor de 750 mil euros, a SCMB tem já a receber 500 mil, verba que também permitirá equilibrar as contas da Misericórdia do Barreiro.
Tendo como objectivo “transformar todo o espaço da instituição num grande quarteirão da solidariedade”, o provedor afirmou que, com todos os seus projectos e a importância das obras em curso, a SCMB será “uma das melhores Misericórdias do país”, no que respeita à qualidade de serviços de assistência à população. Nesse contexto, Júlio Freire falou, concluindo, das Residências Assistidas e do Hospital de Alzheimer como ideias em estudo e até já projectadas, assim como da Comunidade de Inserção como um motivo de orgulho da instituição.
“Esperamos que tudo se resolva e que, para o ano, com esta situação normalizada, o relatório seja diferente”, desejou.

Jornal do Barreiro

1 comentário:

Anónimo disse...

É a primeira vez na minha vida que vejo um défice tão elevado ser aprovado por unanimidade. Anda tudo doido!
Para quando uma auditoria à SCMB, a bem da transparência?
Esta não me parece uma situação normal.