quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Santa Casa da Misericórdia de Águeda

Hospital de Águeda em mudanças?!

por Silva Pinto em Agosto 18,2011
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A cidade de Águeda poderá estar na eminência de assistir à morte do Hospital Distrital de Águeda, se os governantes do País cumprirem o seu propósito de entregarem a gestão hospitalar às Misericórdias. Recordo que o edifício do Hospital, pertence à Misericórdia de Águeda.
Com todo o respeito que merece o actual Provedor e os Mesários da Misericórdia, de que sou associado, não aplaudo aquela ideia e espero que tal não se concretize.
O honroso passado e a actual valia dos cuidados de saúde prestados diariamente no prestigiado Hospital de Águeda, vão justificar bons motivos para impedir o cumprimento rígido daquela directiva. Devo adiantar que acredito na inteligência, capacidade e discernimento do actual Ministro da Saúde e, por isso, tenho uma certa esperança de que este assunto se resolverá capazmente.
Mas a experiência diz-nos que com grande facilidade se mudam as vontades e os tempos, se muda de ideias e de ideais, se muda de casaco, de casa, de carro, de mulher, de religião, de sexo e de nome. Mesmo contra a nossa vontade, muitas coisas mudam, inclusive pode mudar o nosso tempo de vida, a nossa saúde, o dia da nossa morte, a nossa Fé e a nossa Esperança. Por tudo isto fiquemos alerta e defendamos o Hospital Distrital de Águeda, tendo sempre como ideia principal que as pessoas são pessoas e não números ou cifrões.

II

Os argumentos invocados para a transferência do Hospital para a Misericórdia, fundamentam-se na situação económica do País, na modalidade de gestão, na carência de meios técnicos e humanos e na tendência para privatizar a saúde.
No caso da transferência do Hospital para a Misericórdia, o Governo/Estado deixaria de pagar aluguer do edifício, a sua manutenção e as novas obras de que carece. Deixaria de pagar aos administradores, aos médicos, aos enfermeiros, aos técnicos, aos auxiliares e a outros funcionários. As despesas com alimentação, água, luz, saneamento e produtos para os laboratórios também passariam para a responsabilidade directa dos novos administradores, etc., etc..
Acresce que se a Misericórdia aceitasse assumir a gestão dos Serviços Hospitalares, teria que adquirir o material lá existente e necessário, como camas, aparelhos RX, material cirúrgico, material de laboratório, etc., etc.. Tudo somado, o Governo/Estado poderia conseguir uma boa maquia. Mas, na nossa opinião, seria um erro económico e uma péssima solução para os doentes.
Mas a Misericórdia não é obrigada a aceitar a transferência das funções hospitalares para a sua responsabilidade e, em alternativa, pode exigir acordos, compromissos e parcerias que a beneficiem e compensem, no caso da proposta surgir. A Misericórdia pode aceitar ou não aceitar a referida tarefa ou missão, por estar mais vocacionada para outras importantes funções. Neste caso, os doentes da região de Águeda, poderiam ficar abandonados e desprotegidos.
Claro que a Misericórdia poderia delegar a gestão num grupo privado, o que será uma hipótese.
Atenuando o nosso pessimismo, esperemos que a Associação Empresarial de Águeda e a Câmara Municipal consigam a concretização da prometida, anunciada e adiada ligação por auto-estrada de Águeda a Aveiro, Coimbra e Porto.
Se de facto a ligação pela tal via rápida entre Águeda e Aveiro demorar apenas 10 minutos a percorrer, assegurando acessibilidades rápidas e seguras, parece óbvio, lógico e racional, diminuir ou encerrar o Hospital de Águeda. Parece racional mas não é. As pessoas não são números, nem cifrões, são pessoas.
A acontecer esta longínqua opção, Águeda apenas teria a funcionar um Centro de Urgência e de triagem, instalado, possivelmente, no Centro de Saúde ou no edifício da Misericórdia.
Se pensarmos com lógica, racionalidade e humanidade, esta solução de um centro de triagem não é a melhor, nem a mais económica. É um engano.
Sendo assim, o melhor será lutar e manter, com as beneficiações necessárias, tudo como está. Mudar para pior, não.
Em tempos, defendi nas colunas deste Jornal, a construção de um edifício novo e funcional para instalar o Hospital. Falou-se numa quinta no Redolho. Instalaram-se lá cavalos e o espaço lá continua. Falou-se em terrenos da Cruz de Almagre ou a nascente de S. Pedro. Colocaram lá eucaliptos e moradias. Não fomos, eu e outros, escutados.
Hoje, com este escrito, apenas quero alertar para o que pode suceder aos distraídos do concelho de Águeda e dos concelhos limítrofes, se o Governo/Estado cumprir, sem excepções, as suas ideias e as da Troyka.
 
Soberania do Povo

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