quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Santa Casa da Misericórdia de Benavente

Uma centena de utentes deslocou-se a Lisboa e manifestou-se à porta da Administração Regional de Saúde
Mais de mil assinaturas para exigir regresso das consultas comparticipadas à Misericórdia de Benavente

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Dois autocarros cedidos pela câmara municipal e uma carrinha de nove lugares da junta de freguesia transportaram uma centena de utentes de Benavente que foram à capital do país exigir à Administração Regional de Saúde que honre o acordo assinado com a Misericórdia. Na bagagem levaram a primeira parte de um longo abaixo-assinado com 1100 assinaturas.

O presidente do conselho directivo da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT), Rui Portugal, recebeu na terça-feira, 23 de Agosto, as primeiras 1100 assinaturas de um longo abaixo-assinado que a população do concelho de Benavente está a recolher exigindo o regresso das consultas comparticipadas pelo Serviço Nacional de Saúde no Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Benavente.
Segundo o coordenador da Comissão de Utentes do Concelho de Benavente, Domingos David, o responsável da ARS ficou “surpreendido” e “admirado” com a quantidade de assinaturas que lhe foram entregues em mão. Ainda assim a comissão garante que em breve entregará no número 77 da Avenida dos Estados Unidos da América, em Lisboa, local onde está situada a sede daquela entidade estatal, a segunda parte do documento, com mais umas centenas de assinaturas. A população do concelho deslocou-se a Lisboa para se manifestar à porta da ARS-LVT e exigir que esta honre os compromissos assumidos com a Misericórdia, que actualmente continua sem poder ter consultas comparticipadas de cardiologia e cirurgia-geral. Foram precisos dois autocarros e uma carrinha de nove lugares para levar todos os interessados em marcar presença no protesto.
Enquanto decorria a manifestação com palavras de ordem e faixas de protesto o presidente da administração regional de saúde recebeu os elementos da comissão de utentes. No final surgiram promessas de que serão negociadas no futuro as duas especialidades que continuam em falta.
“No nosso entender o que se passou é que houve um acordo assinado entre a ARS e o grupo Mello para a gestão do hospital de Vila Franca de Xira. Foi como se tivéssemos sido vendidos nesse negócio e isso nós não aceitamos. Ainda por cima foi um negócio em que as partes mais importantes, os utentes, não foram ouvidos”, criticou Domingos David.
O coordenador da Comissão de Utentes garante que valeu a pena realizar a manifestação em Lisboa. “Se não nos tivéssemos mexido ainda hoje as situações estavam por resolver”, referindo-se à concentração realizada no dia 2 de Agosto no cine-teatro de Benavente, onde se juntaram mais de 400 pessoas em protesto.
“Neste momento há partes do concelho sem transportes públicos por causa das férias escolares. Como é que as pessoas fazem para irem às consultas em Vila Franca? Estamos todos em grande sofrimento por causa disto”, lamenta a O MIRANTE.
No entendimento do responsável da ARS-LVT, Rui Portugal, o Hospital de Vila Franca de Xira tem condições de oferecer atendimento com bons tempos de espera. “A ARS-LVT vai de encontro às preocupações de gerar poupança e redução de despesa, aproveitando ao máximo a capacidade e oferta dos hospitais, mantendo a qualidade”, acrescenta o responsável.
Desde o dia 1 de Julho que os utentes do concelho de Benavente deixaram de beneficiar das comparticipações do Serviço Nacional de Saúde em várias consultas da especialidade no Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Benavente, sendo obrigados a deslocar-se ao Hospital de Vila Franca de Xira. Depois de uma reunião entre a misericórdia e a ARS-LVT, no dia 4 de Agosto, foram desbloqueadas as consultas de dermatologia e medicina física e reabilitação (fisioterapia). O provedor da misericórdia já tinha dito a O MIRANTE que a solução amenizava mas não resolvia o problema, uma vez que foram feitos recentemente investimentos de 500 mil euros numa unidade de cirurgia que agora fica a aguardar por comparticipação. O provedor da instituição já admitiu ter de despedir pessoal caso a situação não seja regularizada. O acordo assinado com a Administração Regional de Saúde é válido até ao final do ano, altura em que será reavaliado.

O Mirante

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