quinta-feira, 29 de julho de 2010

Santa Casa da Misericórdia da Golegã

Fotografia abriu ciclo de mini cursos promovido pela Academia Sénior da Santa Casa da Misericórdia
Avós e netos juntos em cursos de Verão na Golegã

Até 27 de Agosto, estão ao dispor mais mini cursos que vão desde Internet aos bordados, com a duração de uma semana cada.

Em volta da mesa, os envelopes com as imagens registadas com máquinas de rolo, ainda em papel fotográfico, foram sendo abertos com curiosidade pelos nove alunos do primeiro mini curso de fotografia para Avós e Netos, promovido pela Academia Sénior da Santa Casa da Misericórdia da Golegã. As duas crianças e sete adultos revelavam um entusiasmo semelhante. Para trás ficou uma semana dedicada à fotografia, em que saíram para a rua e procuraram entender conceitos estranhos como “enquadramento” ou “sombras”. Nem todos afirmam ter aprendido alguma coisa com a experiência, que os motivou sobretudo pelo convívio.

Mesmo na última aula da semana, sexta-feira, 23 de Julho, a formadora, Teresa Trancas, não perdeu a vontade de motivar os alunos. Esta semana do mini curso de fotografia, refere, “não foi mais que uma chamada de atenção” a este mundo, “uma forma de aumentar o poder de observação”, “para se ver melhor” o que nos rodeia. E a “fotografia é mais bonita se tiver o nosso coração, a nossa inteligência, o nosso olhar”.

Para esta amante da imagem, a fotografia é uma “arte maior”, que dá a hipótese de “cristalizar o momento”. “Muitas vezes somos atraiçoados pela memória e a fotografia dá vida” a esses instantes esquecidos.

Nem todos partilham deste entusiasmo, mas Joaquim Fialho, 87 anos, natural da Golegã, recorda de imediato os tempos de tropa, em Timor, de 1945/46. “Tenho uma pena fantástica de não ter fotografias” dessa época, em que exibia um “bigode retorcido”, lembra. A memória faz levantar o riso na sala.

“Nunca pensei que a fotografia tivesse tanto segredo”, comenta. Resolveu frequentar este mini curso de Verão apenas pelo entretenimento, uma forma “de passar a vida e esquecer outras coisas”. “Isto são coisas que aparecem sem a gente esperar”, comenta, referindo que não sabe se vai ou não comprar uma máquina fotográfica. Do rolo de 27 fotografias que gastou, nem todas o decepcionaram. “Para primeira vez, não estou descontente”.

Já Maria Adília Oliveira, frequentadora assídua da Academia Sénior, refere que estes cursos servem sobretudo para se entreter. A semana em fotografia “se calhar não deu para aprender muito”, mas conseguiu entender pequenas coisas que fazem diferença quando se utiliza uma máquina fotográfica. “Agora quando tiro fotografias já procuro ter mais atenção às sombras”, refere.

Saber captar imagens e observar com outros olhos o mundo que nos rodeia tem um significado diferente para alguns dos alunos. Anália Duarte, 74 anos, natural do Alentejo, comenta, sem entrar em pormenores, que viveu “50 anos fechada numa gaiola” e quando conseguiu sair descobriu a fotografia. “Se fosse mais nova era a profissão a que me dedicava”, refere.

Já Luís Filipe, 10 anos, foi uma das duas crianças que apareceram no último dia do curso. Nenhum dos dois veio com os avós, mas a relação com os mais velhos foi agradável. Porém, o jovem comenta não ter aprendido nada de especial. “Aprendi que as fotografias não se devem tirar de qualquer maneira”, refere.

Até 27 de Agosto, a Academia Sénior da Santa Casa da Misericórdia da Golegã tem ao dispor mais mini cursos de Verão, que vão desde Internet aos bordados. Com a duração de uma semana cada, têm a possibilidade de integrar também os mais novos. Até ao momento, cada mini curso conta com cerca de 15 inscritos.

Este é o segundo ano em que se realiza esta iniciativa. Segundo Fernanda Oliveira, directora técnica da Academia, a instituição movimenta ao longo do ano entre 60 a 70 pessoas nos vários módulos. De momento encontra-se a ser estruturado o próximo ano lectivo. Durante o Verão, os seniores poderão ainda contar com os habituais pequenos-almoços, tardes dinâmicas e viagens.

O Mirante

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