domingo, 6 de fevereiro de 2011

Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros

Multiplicam-se os pedidos de ajuda das famílias à Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros
Por Eduardo Teixeira
Moita

Com o agravamento da crise multiplicam-se os pedidos de ajuda das famílias à Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros – Medidas do Governo retiram capacidade de resposta!

A realidade económica e social é cada dia mais preocupante, as famílias multiplicam os pedidos de apoio para fazer face a carências básicas, especialmente bens alimentícios.

Este quadro de aprofundamento de dificuldades agravadas pelas medidas dos governantes tais como a subida generalizada dos preços de bens e serviços; a redução de salários e pensões; a diminuição dos apoios às instituições torna a situação insustentável, quer para as famílias quer para as instituições de cariz social, e a Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros (SCMAV) não é excepção.

Neste cenário, na qualidade de Vice Provedor da Mesa Administrativa da SCMAV, decidi dirigir-me às populações do Concelho da Moita no sentido de dar a conhecer as dificuldades que a nossa instituição terá que enfrentar para continuar com o seu papel de apoio tendo em vista a nossa acção mitigadora dos graves problemas que estamos a viver e que previsivelmente se virão agravar ao longo deste ano face a um dos Orçamentos de Estado mais restritivos dos últimos 35 anos.
Os tempos de crise que temos vindo a viver e aqueles que se perspectivam são de facto preocupantes para todos os trabalhadores e pensionistas, pequenos e médio empresários e para a generalidade da população. Apesar de não termos contribuído para actual situação da responsabilidade directa da alta finança, banqueiros e especuladores, apoiados pelos governos com dinheiros públicos, somos nós que temos que sofrer as consequências. Assim uma pequena minoria lucra com a crise atirando a imensa maioria para uma situação de pobreza e exclusão social que aporta novos e avultados encargos às instituições como a SCMAV.

Os custos reais do funcionamento diário das nossas valências aumentam de dia para dia, enquanto os acordos da instituição com governo, em especial com a Segurança Social, se mantêm por actualizar afastando-se cada vez mais das reais necessidades. O que é ilustrativo da total insensibilidade para os problemas reais das populações dos nossos governantes, criando um problema grave de sustentabilidade da instituição uma vez que ao contrário de outras organizações similares a SCMAV não tem receitas próprias. Também ao contrário do que muitas vezes se diz, a SCMAV não recebe verbas dos chamados “jogos de azar”(como acontece com a SCM de Lisboa)!

Por outro lado a receita proveniente da quotização é simbólica. São as verbas provenientes dos utentes e seus familiares que contribuem para o equilíbrio financeiro e sustentabilidade da nossa instituição, no entanto e dadas as dificuldades que são impostas às famílias - as baixas pensões e reformas - os utentes e suas famílias têm cada vez menos rendimentos. Com o aumento da pobreza, a procura da Santa Casa para servir refeições tem subido exponencialmente, para que exista uma noção da realidade no ano de 2009 foram servidas mais de 12000 refeições a pessoas carenciadas do concelho.

Outra situação preocupante passa pela medida prevista no OE da revogação dos benefícios fiscais, designadamente a isenção de IVA às instituições particulares de solidariedade social (IPSS), em que as Misericórdias se acham incluídas e às instituições religiosas não católicas (mas mantendo os apoios concedidos à Igreja Católica!?). Esta medida, que continuaremos a opor-nos juntamente com a União das Misericórdias, significará deixar de ser reembolsadas uma verba avultada relativamente a obras e equipamentos que no futuro implicará mais uma limitação na nossa acção. Que juntamente com algumas pressões, de legitimidade duvidosa, que temos vindo a sofrer por parte de alguns agentes/inspectores ao serviço do governo transformam a nossa tarefa ainda mais complicada.

A SCMAV instituição com grande implementação no nosso concelho merece todo o nosso empenho e dedicação e perante crise económica e social, perante a diminuição de verbas entradas na instituição, a Mesa Administrativa definiu as seguintes linhas orientadoras:

1. Dar primazia para a manutenção de todos os equipamentos e valências a funcionar;
2. Garantir a manutenção dos postos de trabalho a todos os trabalhadores;
3. Realizar investimentos para aumentar os serviços prestados aos utentes e criar novos postos de trabalho.

A SCMAV já cá está há 510 anos e seguramente que muitas foram as crises ao longo destes 5 séculos, que os trabalhadores da instituição, as mulheres e homens que por cá passaram souberam ultrapassar e chegar aos nossos dias. Todos, trabalhadores, associados, utentes, familiares e a população do concelho, temos responsabilidade de contribuir para que a instituição se mantenha mais uns séculos. Assim estamos certos de que com o contributo de todos e as medidas enunciadas a SCMAV tem o futuro garantido.


O Vice Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros
Eduardo Teixeira

rostos.pt

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