sábado, 12 de fevereiro de 2011

Santa Casa de Misericórdia de Vina do Castelo

O Minho perdeu um dos maiores defensores

Escrita em Dia 2011-02-12 Costa Guimarães

Ele não foi apenas advogado, fundador do Partido Socialista, governador civil de Viana do Castelo, ministro da Administração Interna, deputado constituinte ou ainda provedor da Santa Casa de Misericórdia.

O doutor Alberto Marques de Oliveira e Silva foi um dos maiores combatentes que a região do Minho perdeu, como se viu no processo desastradamente conduzido em prol da regionalização, um preceito constitucional que alguns, por razões puramente tácticas, aceitaram submeter a referendo.

O dr. Oliveira e Silva foi um vianense que dedicou boa parte da sua vida às causas públicas, servindo sempre com generosidade e dedicação o seu país e com extremo carinho o de Viana do Castelo, onde nasceu, e que representou como deputado e governador civil.

A morte chega cedo — como escreveu José Manuel Carpinteira — para o detentor de uma notável carreira cimentada no inconformismo e alicerçada na coragem, manifestados desde cedo com a oposição ao Estado Novo, quando ainda era estudante em Coimbra, onde se licenciou em Direito, com o Curso de Ciências Pedagógicas.

A audácia em tempo de ditadura valeu-lhe a prisão pela PIDE, a polícia política do regime, que não tolerava os que ousavam discordar.
Oliveira e Silva ousou e foi um hom em que nunca se conformou desde que começou na década de quarenta no MUD Juvenil (Movimento de Unidade Democrática Juvenil) e ajudou a fundar o PS, onde integrou a Comissão Política Nacional.

Por via disso, os vianenses elegeram-no como seu representante em seis legislaturas consecutivas, conferindo-lhe a legitimidade para ser ministro da Administração Interna e governador Civil de Viana do Castelo por três vezes.

A sua vida não se resumiu ao combate politico porque as causas sociais ocuparam um lugar afectivo e efectivo que atravessa toda a sua vida como prova o exercício presente de provedor da Santa Casa de Misericórdia.

Mas há algo que os vianenses não podem esquecer, neste dia em que seu corpo desce à terra que ele amou e o viu nascer: a sua dedicação e empenho pelos problemas da sua terra natal até ao fim da vida.

Alberto Oliveira e Silva desce à terra num momento em que a democracia portuguesa mergulha no descrédito. Que a sua vida seja semente de inconformismo, de coragem e ousadia e não nos deixe encarcerar na indiferença.

Ele foi um dos que sofreu para que a Liberdade triunfasse. A nós cabe usar essa liberdade de forma participada e activa para que o sofrimento de tantos Oliveira e Silva não tenha sido em vão.

Correio do Minho

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