domingo, 6 de fevereiro de 2011

Santa Casa da Misericórdia de Mortágua

Deu ambulâncias aos bombeiros e Misericórdia
Amadeu Gouveia deu duas ambulâncias aos bombeiros e uma carrinha à Misericórdia de Mortágua com poupanças de uma vida
2011-02-02
TERESA CARDOSO
Amadeu Gouveia é o único irmão da Santa Casa da Misericórdia de Mortágua a quem foi atribuído o estatuto de benemérito. Uma distinção que o orgulha, e que ficou a dever-se, em parte, ao altruísmo que revelou ao oferecer à instituição, em 2005, um mini-autocarro, de 68 mil euros, dinheiro que retirou das poupanças de uma vida de intenso trabalho.


foto Teresa Cardoso/Jn

Amadeu Gouveia


Nos dois últimos anos, em 2009 e 2010, o gesto solidário de Amadeu Gouveia repetiu-se, desta vez com a doação de duas ambulâncias aos Bombeiros Voluntários de Mortágua. O ancião, hoje com 89 anos, já distribuiu por instituições sociais do seu concelho equipamentos no valor total de 158 mil euros.

O que move este homem, que nunca casou, a partilhar com os outros o que tanto lhe custou a ganhar? "Nada de especial. Apenas fico muito feliz ao dar o que tenho. Sobretudo quando o faço a favor de instituições que existem para apoiar quem precisa. A cabeça e o coração mandam--me ajudar", justifica.

O benemérito reconhece, no entanto, que tem num dos sobrinho, o engenheiro Manuel Gouveia, um "cúmplice" dos actos filantropos que pratica. "É como um filho. Estamos sempre unidos e em sintonia", enfatiza.

Amadeu Gouveia nasceu em Vale de Mouro, a cerca de 8 quilómetros de Mortágua, em 21 de Agosto de 1921, no seio de uma família de agricultores. Foi um de cinco filhos. A exemplo dos irmãos, os primeiros anos foram passados a ajudar os pais, a guardar ovelhas e a estudar para fazer a quarta classe. "Na altura não era fácil. Era como andar hoje na Universidade", recorda. Na década de 60, e depois de ter sido proprietário de uma taberna com mercearia, rumou a França. Ficou lá cinco anos, a trabalhar nas obras, até que um acidente de trabalho o fez regressar. Na sua aldeia, onde além do comércio se dedicava ao negócio dos eucaliptos, era já então reconhecido como um "mãos largas": emprestava dinheiro, vendia fiado e até dava injecções. "Não devemos pensar só em nós. Afinal, não podemos levar o material [dinheiro] connosco", ironiza.

JN

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