quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Santa Casa da Misericórdia do Porto

Hospitais

Misericórdia do Porto disponível para reaver Santo António

23.11.2011 - 17:27
Por Lusa

Passos Coelho anunciou no sábado a devolução às misericórdias dos hospitais nacionalizados após o 25 de Abril de 1974Passos Coelho anunciou no sábado a devolução às misericórdias dos hospitais nacionalizados após o 25 de Abril de 1974 (Nelson Garrido)
O provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP), António Tavares, disse hoje à agência Lusa que a instituição está disponível para negociar com o Governo as condições de devolução do Hospital de Santo António.

“Achamos que é o momento certo para fazer esta discussão”, afirmou António Tavares, congratulando-se com o anúncio feito pelo primeiro-ministro, Passos Coelho, no sábado, em Vila Real, da devolução às misericórdias dos hospitais nacionalizados após o 25 de Abril de 1974.

Para o provedor, “o modelo de contratualização pode ser um bom caminho” para a gestão dos hospitais que o Governo irá devolver às misericórdias.

António Tavares reconheceu que o Hospital de Santo António está agora integrado numa nova entidade, Centro Hospitalar do Porto, que inclui outros edifícios e valências construídos pelo Estado, mas sublinhou que a SCMP tem uma “postura activa” em relação a esta matéria, pelo que acredita que será possível encontrar a melhor solução.

“O país já mostrou que não tem dinheiro para tudo. Temos de criar condições para que as pessoas não fiquem sem Serviço Nacional de Saúde, que é um bem que ninguém vai querer perder”, frisou.

O Hospital de Santo António foi construído no final do século 18 pela SCMP e nacionalizado em 1976, a par de outros dois hospitais da mesma misericórdia, o Conde Ferreira, entretanto já devolvido, e o Rodrigues Semide, encerrado em 1989 e reconvertido anos depois na Universidade Lusíada.

Uma década após as nacionalizações, a SCMP construiu um novo hospital, da Prelada, inaugurado em 1988.

António Tavares referiu que o Estado está a pagar uma renda – “não é muito” – pela utilização do Hospital de Santo António, edifício que, salientou, “não tem valor” calculável, dado tratar-se de monumento nacional.

“A Misericórdia do Porto já presta cuidados de saúde há 500 anos. O Hospital de Santo António tem mais 200 anos do que o Hospital de S. João, que o Estado lançou em 1959. É uma história de que nos orgulhamos muito”, realçou, lembrando também a importância e o pioneirismo dos hospitais Conde Ferreira (aberto em 1883) e Rodrigues Semide (1926).

O primeiro-ministro disse no sábado, em Vila Real, que está na hora de se dar "mais um passo" na devolução dos hospitais públicos que foram nacionalizados às santas casas da misericórdia após 1974.

"Ainda hoje são mais de uma quinzena de hospitais públicos que se mantêm na esfera pública, mas que vieram destas santas casas. O Governo vai agora começar a preparar, de uma forma programada e organizada, a devolução desses hospitais às santas casas respectivas", afirmou.

Passos Coelho explicou que este vai ser um "processo longo", porque é "preciso cuidar que as actividades desenvolvidas na área da saúde não são colocadas em causa".

"Mas é importante que possamos fazer esta correcção da nossa história mais recente e concluir esse trabalho importante que é de devolver à sua origem esses hospitais que têm prestado um serviço importante às comunidades", acrescentou.

Este trabalho, referiu, será também feito em contacto com a União das Misericórdias Portuguesa (UMP) e será programado a partir do primeiro trimestre do próximo ano.

No mesmo dia, em declarações à Lusa, o presidente da UMP, Manuel Lemos, referiu que são 23 os hospitais nacionalizados às misericórdias que ainda estão na posse do Estado e reconheceu que a devolução será demorada e terá de ser feita de forma faseada, dado englobar grandes hospitais, como o de Santo António, médias unidades de saúde, como as de Barcelos ou Montijo, e pequenas, como Cantanhede ou Serpa.
Público

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