sábado, 18 de dezembro de 2010

Santa Casa da Misericórdia de Braga

“Há famílias que têm vergonha de pedir ajuda”

Braga
2010-12-16 visitas (168) comentários (0) autor
Patrícia Sousa
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Ainda não eram 15 horas e muitas das famílias que receberam ontem um cabaz de produtos alimentares já esperavam à porta da Basílica dos Congregados. Mas algumas famílias pediram para os entregar em casa, outras foram antes ou depois da hora marcada e houve ainda outras que nem chegaram a pedir. Simplesmente por vergonha.
Como já é habitual a Equipa Sócio-Caritativa da Basílica dos Congregados entregou ontem mais 91 cabazes a famílias carenciadas do concelho.

A coordenadora da equipa, Bernardete Sepúlveda, admitiu que tem havido um aumento dos pedidos, sobretudo de “pessoas diferentes” daquelas que por hábito não o faziam. “Até agora ajudávamos pessoas com reformas baixas, hoje são mais famílias desestruturadas, desempregados, reformados que agora têm filhos e netos para ajudar, famílias que têm casa, mas não têm dinheiro para pagar ao banco”, referiu a responsável, realçando o facto de haver “cada vez mais pobreza envergonhada”. E justificou: “temos casos que fomos a casa entregar os cabazes e outros que são os vizinhos que vêm pedir ajuda. As pessoas têm vergonha de pedir ajuda, porque sempre ajudaram e agora elas é que precisam de ajuda”.

As famílias que a equipa ajuda são provenientes da freguesia de S. Vicente e de outras freguesias do concelho que ainda não têm o apoio do Banco Alimentar. “Este ano já ajudamos famílias de Fraião, Real e até Lamaçães”, contou.
Bernardete Sepúlveda estava feliz porque este ano a equipa conseguiu atender todos os pedidos. “Com a ajuda da Santa Casa da Misericórdia conseguimos entregar mais cabazes e bem mais completos”, referiu a coordenadora, assegurando que não disseram “não” a nenhuma família, depois de todos os casos terem sido devidamente analisados.

Gastão Sequeira e Irene Montenegro, da Santa Casa da Misericórdia, também estavam presentes ontem no momento de entrega dos cabazes à maior parte das famílias. “Preocupa-nos o aumento da pobreza encapotada e escondida”, confidenciaram aqueles responsáveis.
Este ano, pela pr imeira vez, a Santa Casa da Misericórdia decidiu associar-se a esta iniciativa da equipa da Basílica dos Congregados até porque “a missão das instituições é idêntica”.

“A mesa administrativa da Santa Casa aprovou a quantia e entregámos à equipa dos Congregados para aumentar e melhorar os cabazes que entregam todos os anos, por esta altura, às famílias carenciadas”. Mas alertaram: “infelizmente as carências não são apenas alimentares, as famílias debatem-se sem dinheiro para pagar a renda, a luz e até os medicamentos e temos que estar atentos para acudir a todo o tipo de situações”.

Arroz, açúcar, farinha, massa, aletria, leite, azeite, óleo, cereais, garrafa de vinho do Porto, caixa de sortido, chocolate, bolo-rei, bacalhau, latas de atum, salsichas e feijão foram os produtos que rechearam os cabazes entregues a 91 famílias.
A Equipa Sócio-Caritativa da Basílica dos Congregados, durante o ano de 2010, já distribuiu mais de 13.200 kg de géneros alimentícios, 18.015 peças de roupa, 1.386 pares de sapatos.
Entretanto, no próximo sábado, no salão anexo à basílica, a partir das 15 horas, realiza-se uma festa para as crianças das famílias que recebem ajuda.

Cantina social abre em 2011

A Santa Casa da Misericórdia de Braga vai abrir, no primeiro trimestre do próximo ano, uma cantina social.
“A cantina vai funcionar num edifício, propriedade da Santa Casa, na freguesia de S. Vicente”, revelaram Gastão Sequeira e Irene Montenegro, da mesa administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Braga. E explicaram: “com a situação económica que vivemos é fundamental a ajuda aos outros e vamos servir refeições às pessoas que mais precisam”.

Neste momento, a instituição ainda está a trabalhar no terreno junto da Equipa Sócio-Caritativa da Basílica dos Congregados e dos párocos das freguesias para conseguirem sinalizar as pessoas que mais precisam deste serviço social.
Os responsáveis da instituição sublinharam que, ainda, não está definido se vão servidos almoços e/ou jantares.

Correio do Minho

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