sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Santa Casa da Misericórdia de Leiria

Mulher dorme sob protesto em frente à Santa Casa da Misericórdia
Uma mulher, de 57 anos, residente da Barosa, Leiria, dorme há quatro noites num colchão em frente ao Lar Residencial da Santa Casa da Misericórdia, protestando contra o abandono que diz ser alvo por parte da instituição e de uma companhia de seguros, depois de um acidente de trabalho.
Maria Alice trabalhou durante nove meses no Lar da Santa Casa da Misericórdia de Leiria e em 2002 sofreu uma lombalgia de esforço na coluna, quando tentava sentar um utente numa cadeira de rodas.
A funcionária foi operada três vezes numa unidade hospitalar de Coimbra. Na terceira intervenção cirúrgica foi-lhe colocada uma prótese na zona da coluna que a impede de fazer uma vida normal.
“Tem sido uma tortura”, diz Maria Alice, deitada no colchão, em frente à instituição, onde tem pernoitado desde domingo.
Depois de realizadas as operações, a paciente foi submetida a várias sessões de fisioterapia, pagas pela companhia de seguros, mas, como ultimamente não tem dinheiro para continuar a recuperação, decidiu fazer o protesto em frente à Santa Casa, exigindo que lhes sejam pagas verbas que alegadamente terá direito por ter ficado impossibilitada de trabalhar.
“Preciso de fazer fisioterapia e não tenho dinheiro, por isso alguém tem que olhar para a minha situação, porque o que me pagaram não dá para nada”, lamenta a mulher, adiantando que irá manter-se dia e noite naquelee local até que lhe encontrem uma solução para o problema.
“A reforma do meu marido não há para suportar todas as despesas, tenho prestações da casa em atraso, para além de não ter dinheiro para ir à fisioterapia”, acrescenta.

Provedor diz que Santa Casa não lhe deve nada

Fernando Lopes, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Leiria, diz que a instituição “não deve nada” a Maria Alice e remete a justiticação para uma decisão proferida pelo Tribunal de Trabalho de Leiria no dia 22 de Fevereiro de 2007.
Nesse documento, a que o Diário de Leiria teve acesso, Maria Alice assinou e aceitou receber 8.898,34 euros de uma seguradora, relativos a pensão entre 21 de Dezembro de 2004 e 31 de Dezembro de 2006, mais 755,99 euros da entidade patronal (Santa Casa Misericórdia).
“Pela sinistrada foi dito que se encontra paga de todas as pensões até à data do cálculo (21 de Dezembro de 2004)”, consta no documento do Tribunal de Trabalho.
Perante a decisão judicial, Fernando Lopes afirma que a Santa Casa “não deve absolutamente nada à senhora Maria Alice”.
Apesar dos vários contactos efectuados durante o dia de ontem, não foi possível obter uma reacção do responsável pela delegação de Leiria da companhia de seguros em causa.

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