quinta-feira, 3 de junho de 2010

Santa Casa da Misericórdia de Santarém

Possível negócio com empresa espanhola, aprovado em 2007 em assembleia-geral, fica sem efeito
Misericórdia de Santarém desiste da venda da praça de toiros

A actual provedoria da Santa Casa da Misericórdia de Santarém desistiu de tentar vender a Monumental Celestino Graça. A novidade foi dada pelo provedor, Mário Rebelo, na quinta-feira, 27 de Maio, dia em que a instituição comemorou 510 anos. “Tencionamos revogar a ideia de alienação da praça de toiros. Vamos ter que encontrar uma parceria público-privada para desenvolvermos um projecto concreto. Não vamos vender nenhum património, a menos que esse património seja para darmos respostas sociais”, explicou o responsável, que tomou posse em Janeiro passado.

Em Fevereiro de 2007, a assembleia-geral da Santa Casa aprovou a venda dos 1,5 hectares onde está situada a praça de toiros à empresa Sademure por 8,5 milhões de euros, ficando esta ainda encarregue de construir uma nova praça de toiros com metade da lotação da actual. Na altura, o provedor Garcia Correia disse que depois dessa decisão ia começar a negociar com os interessados as condições do negócio. Alguns irmãos da Misericórdia mostraram-se contra esse acordo, que acabou por não se consumar e que agora sai de cena.

O projecto dos espanhóis contemplava para a área da praça um edifício com 12 pisos com uma zona comercial e de escritórios. A intenção da empresa era também urbanizar uma parte do Campo Infante da Câmara, com cinco blocos de apartamentos de seis pisos. Recorde-se que um ano antes, a SCMS denunciou o protocolo que tinha assinado com a construtora António Jorge Lda., que previa a cedência do terreno da praça em troca da construção de uma nova com seis mil lugares que servisse também para outros espectáculos.

Refira-se que a Câmara de Santarém também já assumiu claramente que pretende construir no Campo Infante da Câmara, em zona próxima da Monumental Celestino Graça, um recinto multiusos preparado para vários espectáculos, entre os quais corridas de toiros.

Centro de Saúde abandona

instalações no final do ano

A Misericórdia de Santarém começa também já a preparar o futuro das instalações actualmente afectas ao Centro de Saúde de Santarém, que devem ficar devolutas no final deste ano, altura em que a unidade de saúde passará a funcionar nas antigas instalações da Coordenação de Área Educativa, no bairro de São Bento.

A Misericórdia vai perder um importante encaixe financeiro decorrente do aluguer e para rentabilizar o espaço está a estudar a hipótese do Centro Médico-Cirúrgico de Santarém (Surgimed) – que deixou o Hospital Distrital de Santarém – vir a instalar-se no local. Outra hipótese é alugar essa área para consultórios médicos.

No dia em que a instituição assinalou o 510º aniversário com um jantar que juntou amigos e personalidades da cidade nos claustros do antigo Hospital de Jesus Cristo, o provedor referiu ainda que o Campus XXI - Parque de Saúde e Bem-Estar das Fontainhas, projectado para ser um empreendimento com valências nas áreas da saúde e social e onde a Misericórdia tem capital de cinco por cento, terá que ser reformulado. “Actualmente já existem algumas respostas sociais na cidade que estavam englobadas no projecto inicial. Temos que reformular e adaptar o projecto à realidade actual”, justificou o provedor.

Já o local para onde estava prevista a instalação da Biblioteca Veríssimo Serrão será utilizado para dar resposta social, “provavelmente” de apoio à habitação social no centro histórico de Santarém. Recorde-se que a Misericórdia tinha como objectivo adaptar um edifício devoluto da Travessa da Misericórdia para acolher a biblioteca-museu Joaquim Veríssimo Serrão e parte do espólio do historiador. Mas o historiador cansou-se de esperar pelo desenvolvimento do projecto e decidiu doar parte da sua biblioteca pessoal e objectos nela contidos à Câmara de Santarém, desistindo da intenção de oferecer esse espólio à Misericórdia de Santarém.

Quanto ao projecto para a criação de um hotel de charme de cinco estrelas - que a Misericórdia pretendia erguer num edifício devoluto do Largo da Graça de que é proprietária – vai continuar suspenso por falta de investidores. “Vamos continuar à espera de tempos mais favoráveis para decidirmos se avançamos com a ideia ou não”, concluiu o provedor da Misericórdia, Mário Rebelo.

O Mirante

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