sexta-feira, 3 de abril de 2009

Santa Casa da Misericórdia de Alfaiates

Povo revoltado contra bispo da Guarda
00h06m
LUÍS MARTINS
A população de Alfaiates acusa o bispo da Guarda de querer tomar de "assalto" a Misericórdia local, proprietária do lar de idosos.

Duas dezenas de populares e funcionários concentraram-se, ontem, à porta do lar em sinal de protesto contra a decisão de D. Manuel Felício. O prelado nomeou, por decreto, uma comissão administrativa para dirigir a Misericórdia em vez de validar a lista, encabeçada por Joaquim Vaz, eleita, por larga maioria, em Fevereiro e Março. Contudo, ambos os sufrágios foram anulados com o argumento de que os Irmãos não estavam habilitados a votar por não terem jurado o Compromisso ao provedor.

"É uma falsa questão, porque quem votou tem as quotas em dia. Nós cumprimos tudo o que foi pedido", reage Fernando Cordeiro. Este elemento da lista eleita não aceita a nomeação do diácono António Lucas para provedor, à frente da comissão administrativa, e garante que "o povo não está disposto a aceitar quem não foi eleito". "O lar é a única coisa válida que ainda cá temos e não vamos abdicar dela", promete, adiantando que o caso pode ir parar aos tribunais se o impasse não se resolver.

Já Alfredo Esteves, membro da comissão que construiu o lar no início da década de 90, alega que o bispo nem sabia da existência desta instituição, "que o povo ergueu sem a ajuda de ninguém, e agora quer tirar-nos o que muito nos custou". Em Alfaiates, cuja Misericórdia conta já com 800 anos de existência, fala-se mesmo no dinheiro que a Santa Casa possui em contas bancárias, uma das quais teria um saldo de cerca de 740 mil euros. "É o dinheiro que está em causa", critica, avisando que, "à boa ou à má, é o povo que tem que tomar conta do lar".

O JN não conseguiu obter, ontem, um comentário do bispo da Guarda.

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