sábado, 18 de abril de 2009

Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz

Demissões na Misericórdia de Santa Cruz

Assembleia geral marcou ontem as eleições para o próximo dia 10 de Maio
Data: 28-03-2009

Desentendimentos relativos à amplitude de intervenção social da Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz levaram à demissão de três membros que pertenciam à direcção daquela instituição, que, sendo constituída por cinco membros, deixou de poder funcionar com quorum. Desta forma, esta funcionará até 10 de Maio, data marcada para a realização de eleições, em autogestão. O prazo para a apresentação de listas termina a 30 de Abril.

Na Assembleia Geral da Santa Casa, que decorreu na noite da passada quinta-feira e que durou mais de três horas, os demissionários, o vice-provedor Nélio Nunes, o secretário Ezequiel Vieira e o tesoureiro Manuel Vieira enumeraram ao presidente da Assembleia Geral da Santa Casa, Savino Correia, as razões pelas quais entenderam demitir-se da direcção. Destas, as de maior desentendimento estão relacionadas com as leituras diferentes sobre o modo de acção da Santa Casa junto da sociedade civil. Se por um lado os demissionários entendem que esta instituição deve ter uma amplitude de muito maior intervenção, principalmente em momentos em que há muitas famílias a passar por graves dificuldades financeiras, o ainda presidente tem outra perspectiva.

Instado a comentar as razões das demissões, Nélio Nunes recusou prestar declarações por entender que deve reservar-se nesta fase. O mesmo sucedeu com os outros dois demissionários.

Provedor desvaloriza demissões

À saída da Assembleia Geral, o provedor da Santa Casa, Joaquim Vieira, e o presidente da Assembleia, Savino Correia, inicialmente reticentes em prestar declarações, acabaram por desvalorizar estas demissões.

Savino Correia garantiu que a reunião serviu para tentar sanar algumas divergências, sem que isso no entanto tivesse sido possível. "Parece-me que as razões apresentadas pelos demissionários não têm peso suficiente para a tomada de uma decisão deste tipo. Esta foi uma reunião normal, em que as partes expuseram as suas posições".

Já Joaquim Vieira, contornando as polémicas, preferiu falar do trabalho que tem sido desenvolvido por esta instituição, desvalorizando as demissões.

"Os utentes da Santa Casa são as pessoas que devem ser protegidas neste caso. Estamos interessados em abrirmo-nos mais à sociedade civil mas isso só pode ser feito com mais verbas que actualmente não temos".

Como exemplo, o provedor esclarece o trabalho que tem sido desenvolvido no Centro desta misericórdia. "Temos 20 pessoas no Centro de Dia que almoçam connosco todos os dias e ainda mais 40 que frequentam o Centro de Convívio. Apoiamos ainda outros dois idosos com refeições. O problema de nos abrirmos à sociedade civil é que é preciso dinheiro para o fazer". O provedor esclareceu ainda que cada idoso que vive nesta Santa Casa representa uma despesa média mensal de 1350 euros e desses, apenas cinco vagas são de natureza particular, as restantes vagas são ocupadas por pessoas enviadas pela Segurança Social da Madeira.

Previstas duas listas

Uma vez que já parece certo que não haverá uma entendimento entre as partes envolvidas neste processo, a possibilidade de se virem a apresentar duas listas às eleições de 10 de Maio é muito forte. Apesar de os demissionários não o confirmarem, corre em Santa Cruz o rumor destes estarem já a preparar uma lista para a direcção da Misericórdia.

Mais certa é a recandidatura do actual provedor, Joaquim Vieira, com o apoio inequívoco de Savino Correia. Este explica porquê. "Devia ver o carinho e a forma como as pessoas que estavam na reunião falaram com o Joaquim Vieira. O provedor merece o meu total apoio, mas essa decisão cabe a ele. Vamos pensar", disse. Sobre este assunto, Joaquim Vieira preferiu não comentar.

Polémicas à parte, no próximo mês de Junho irá realizar-se na Madeira o Congresso Regional (Açores e Madeira) das Misericórdias que contará com a participação de 23 Misericórdias açorianas e cinco madeirenses. Uma semana depois irá realizar-se também na Região o Congresso Nacional das Misericórdias Portugueses.

in DN Madeira
Marco Freitas

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