sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Santa Casa da Misericórdia de Pernes

Contrato de arrendamento com a Santa Casa da Misericórdia chega ao fim e instituição não o renova
Unidade de Saúde Familiar de Pernes de malas aviadas





A Unidade de Saúde Familiar (USF) do Alviela, em Pernes, vai ter de abandonar as instalações que alugou à Santa Casa da Misericórdia local até final de Fevereiro de 2009, data em que expira o contrato de arrendamento celebrado com a instituição. Médicos, enfermeiros e pessoal administrativo deverão ser instalados provisoriamente em módulos pré-fabricados até que esteja construída a nova unidade de saúde na vila, há muito ambicionada.

A extensão de saúde funciona em condições consideradas precárias no rés-do-chão de um imóvel da Santa Casa da Misericórdia, que reclama o seu retorno para poder alargar o lar de grandes dependentes que já funciona nesse edifício. A lista de espera nessa área tem engrossado e a instituição quer ampliar essa valência com alguma brevidade. “Não estamos a pôr ninguém na rua, mas temos muita necessidade daquelas instalações”, diz a provedora da Misericórdia de Pernes, Maria dos Anjos Patusco, revelando que o Ministério da Saúde já foi notificado da não renovação do contrato há mais de um ano.

Actualmente a Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo paga uma renda mensal da ordem dos 600 euros e, sem alternativas a partir do final de Fevereiro, deverá instalar os serviços em estruturas pré-fabricadas junto ao largo do Rossio, no centro da localidade. A solução está a ser analisada pela ARS, de entre várias possibilidades, diz Pedro Coelho dos Santos, das relações públicas da ARS. Esta semana deve ocorrer uma reunião com a Misericórdia de Pernes, precisamente para analisar esse assunto. “Até Fevereiro será certamente encontrada uma solução que permita a continuidade do funcionamento da USF em questão”, acrescenta a mesma fonte.

A possibilidade de instalação da USF em contentores é confirmada a O MIRANTE pelo presidente da Junta de Freguesia de Pernes, José Viegas (CDU), que se encontra a par do processo. Até porque a junta faz parte da solução para construir uma unidade de saúde de raiz, ao ceder o terreno para o efeito junto ao largo do Rossio, no centro da vila.

Actualmente está-se na fase final de elaboração do projecto e já há garantias de financiamento estatal, no âmbito das compensações que o município de Santarém vai beneficiar pela deslocalização do novo aeroporto de Lisboa da Ota para o Campo de Tiro de Alcochete. O concurso para a construção, segundo o autarca, deverá ser aberto ainda este mês, estimando-se que entre em obra no ano que vem.

A coordenadora da USF do Alviela sabe que é “inevitável” a saída das actuais instalações, que mesmo tendo sido alvo de melhoria há poucos anos continuam longe de serem ideais. Quatro degraus íngremes dificultam o acesso a pessoas com escassa mobilidade. Os médicos não têm sequer uma sala para reunir. “Reunimos no meu consultório, que é um pouco maior que os outros”, diz Isabel Costa.

“No dia 1 de Março o assunto tem de estar resolvido e nós temos de ir para algum lado”, diz com pragmatismo a médica, que acrescenta não ter problemas em passar a exercer em contentores pré-fabricados. O seu receio maior é que a situação provisória se protele no tempo. “Queremos dar cada vez mais condições aos nossos utentes e essa não será a situação ideal para progredirmos”, afirma.


USF do Alviela com desempenho premiado

A questão das novas instalações de saúde em Pernes ganhou mais pertinência com as novas atribuições da extensão de saúde de Pernes, convertida no final de 2006 em Unidade de Saúde Familiar do Alviela, com o alargamento do horário (das 08h00 às 20h00) e prestação de cuidados de saúde a 9.500 utentes de seis freguesias – Pernes, Vaqueiros, Arneiro das Milhariças, Tremez, São Vicente do Paul e Casével. Um projecto que agrega os médicos que prestavam serviço naquelas seis freguesias.

O desempenho da USF do Alviela foi avaliado de forma bastante positiva pela ARS de Lisboa e Vale do Tejo. Das 24 USF existentes na área de abrangência da ARS, a do Alviela foi considerada a segunda melhor em termos de desempenho no ano de 2007. O que lhe dá direito a receber incentivos adicionais por parte do Ministério da Saúde, para utilizar em beneficio da USF, da melhoria das condições de trabalho e de formação dos seus quadros. Prestam ali serviço seis médicos, seis enfermeiros e cinco administrativos

O Mirante
13-11-2008

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