sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Misericórdia - obra da Figueira

Misericórdia - obra da Figueira: Edifício de apartamentos protegidos para séniores arranca em 2011

Com novos corpos gerentes a Misericódia – Obra da Figueira já elegeu o desafio para o triénio 2009/11: o arranque da construção do edifício que “vai completar a reconversão da antiga Mata da Misericórdia”. Com um orçamento nunca inferior a dois milhões de euros, o novo edifício – desenhado pela arquitecta natural da Freguesia do Paião e a trabalhar no Porto, Ana Rute Costa – permitirá deslocar os serviços administrativos – actualmente a funcionar no edifício-sede da Misericódia – Obra da Figueira – e acomodar dezenas de idosos em cerca de 30 apartamentos – tipologia T0 e T1 – em regime de residência protegida. Na prática, os idosos, individualmente ou como casal, poderão arrendar os apartamentos e aí viver de forma autónoma, beneficiando de todas as comodidades – segurança, alimentação, limpeza e higiene, entre outras – que a Misericódia – Obra da Figueira disponibiliza aos seus utentes em lar.
Os preços para esta modalidade ainda não estão definidos, dependendo quer do custo final do edifício, quer da eventual comparticipação de fundos comunitários.
“Estamos a aguardar a abertura de uma candidatura”, explicou Joaquim de Sousa.
“O estudo prévio já foi entregue na Câmara Municipal da Figueira da Foz, de forma que, se abrir alguma candidatura, temos tudo pronto para avançar”, concluiu, admitindo que, mesmo sem fundos comunitários, o projecto avance.
“Em princípio julgamos estar em condições de avançar com isto, mesmo sem fundos”, afirmou o Provedor da Misericódia – Obra da Figueira, que revelou ter sido já apresentada uma outra candidatura, aberta pela Fundação Calouste Gulbenkian, “destinada a equipar os nossos serviços com o que há de mais moderno em meios de assistência a idosos”.


Famílias ajudadas aumentaram 50% no último ano
Só uma funcionária sabe quem são ou tem acesso aos nomes das cerca de cem famílias que, semanalmente, recebem em suas casas a ajuda da Misericódia – Obra da Figueira. O sigilo – garante Joaquim de Sousa com a anuência de toda a equipa de chefias – decorre da consciência que a solidariedade não se apregoa, muito menos se deve ostentar. “Fui Presidente de Câmara (da Figueira da Foz) durante três anos, entreguei à volta de 36 casas, e nunca fiz uma cerimónia pública para entregar chaves”, desabafou, crítico da “demagogia da pobreza” levada a cabo por algumas entidades.
“Então agora, no Natal, é demais: vejo os jornais gastarem páginas inteiras a divulgarem que este ou aquele entregou brinquedos às criancinhas…”, lamentou, asseverando que “a ostentação do dar é o pior que pode haver”, e que as cerimónias públicas dirigidas a pessoas carenciadas “são ofensivas para quem recebe”. Afinal, questionou o Provedor, “está a fazer-se propaganda política ou a servir a comunidade?”, lembrando que este hábito – que considerou particularmente grave vindo de quem, como as instituições de solidariedade, tem por missão precisamente a prestação de auxílio – “já vem do tempo dos chás de canastra do Movimento Nacional Feminino”.
Já noutro tom, Joaquim de Sousa considerou relevante o aumento registado no número de famílias apoiadas: “Do ano passado para este o número cresceu em cerca de 50%… e não é muitas vezes a pobreza visível a olho nu, é a pobreza envergonhada de uma classe média resvalada”, informou, secundado pela vice-Provedora, Virgínia Pinto, que admitiu que as famílias recém-admitidas neste programa de distribuição de géneros de primeira necessidade são sobretudo “agregados familiares atingidos pelo desemprego”.

APOIO À INFÂNCIA
Entretanto, com 64 crianças, a recém-inagurada creche da Misericórdia – Obra da Figueira (orçada em cerca de um milhão de euros, 70% dos quais suportados pela instituição) está a funcionar em pleno, beneficiando as famílias de um acordo de comparticipação do Estado. Já no jardim-de-infância – frequentado por 60 das 75 crianças para que está preparado – a comparticipação do Estado ficou-se este ano por 11 crianças, muito embora a instituição tenha optado por definir os preços para as famílias “como se houvesse comparticipação”. Para o ano, já em Janeiro – a poucos meses das eleições –, o alargamento da comparticipação vai estar em cima da mesa.

ELOGIOS A TERESA MACHADO
E porque o tema eram os problemas sociais, Joaquim de Sousa – questionado por um jornalista sobre a prestação da Câmara Municipal da Figueira da Foz nesta área – não se coibiu de elogiar a Vereadora da Acção Social, Teresa Machado. Conhecido pela frontalidade das suas críticas, Joaquim de Sousa destacou que “Teresa Machado tem desempenhado muito bem o seu papel de vereadora, sem ostentações nem espectáculos, mas de forma verdadeiramente activa”, considerou, salvaguardando “a falta de meios para tudo o que, certamente, gostaria de fazer”, mas sublinhando “o excelente mandato, que se distingue, por várias características – como a dignidade e a presença permanente – do resto da vereação”.


(REPORTAGEM COMPLETA NA EDIÇÃO ON-LINE)


Andreia Gouveia
O Figueireense

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