segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Santa Casa da Misericórdia de Gaia

ENTREVISTA Joaquim Vaz vai voltar a ocupar o cargo de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Gaia
“A vitória é para a nossa Misericórdia”


A partir de Janeiro, a Santa Casa da Misericórdia de Gaia tem um novo provedor. Novo, mas já bem conhecido, pois é já experiente nestas andanças. Falamos com Joaquim Vaz, que se prepara para assumir mais um mandato de três anos à frente da instituição.

LETÍCIA AZEVEDO

Joaquim Vaz volta ao
lugar de provedor da
Santa Casa da Misericórdia
de Gaia. Depois de
ter sido eleito por 329 votos,
deve assumir funções no início
de Janeiro. ‘O Gaiense’
falou com este ‘irmão’,
sobre cultura de misericórdia,
afectos e projectos para
o próximo triénio.

Ligado à obra social

“A razão da minha candidatura
prende-se muito com
a minha forma de estar na
vida”, referiu Joaquim Vaz,
uma pessoa, que ”por natureza”,
gosta de estar ligada
a obra de âmbito social.
Em ano de eleições, foi
“ouvindo alguns apelos de
irmãos, de funcionários, de
utentes”, para que fosse candidato.
“Fui interiorizando,
pedi conselhos aos meus exprovedores,
dos quais recebi
apoio e incentivo para apresentar
candidatura. A partir
desse momento contactei
com um grande número de
irmãos e todos me disseram
que valia a pena”, contou o
novo provedor.

“Uma responsabilidade
acrescida”

Desta forma, Joaquim Vaz
formou, “com o devido tempo”,
a sua equipa: “Trabalhamos
em uníssono. Apresentamos
um programa, informamos
todos os irmãos,
sem qualquer exclusão, fizemos
contactos pessoais,
ouvimos muitos irmãos,
fomos ao encontro deles”.
Numa das eleições mais concorridas
de sempre, a lista de
Joaquim Vaz obteve 329 votos,
o que para ele significa “uma
responsabilidade acrescida.”
O eleito tem em atenção que,
“o mais importante são as
pessoas que nos são confiadas.
Todos os que vêm bater
à porta da Misericórdia, é
porque precisam de apoio e,
esses, são os que merecem
da nossa parte a maior
atenção. E, como nem só de
pão vive o homem, também
de carinho, expressado em
atitudes de solidariedades, de
afecto, porque o mundo dos
afectos é muito importante na
terceira idade, como na
primeira”.

“Faremos o melhor
que pudermos”

A razão que motiva Joaquim
Vaz e a sua equipa, é a instituição,
por isso, “a vitória é
para a nossa misericórdia. Ela
é que tem de ser engrandecida
e prestigiada, com o nosso
trabalho, com a nossa humildade.
Faremos o melhor que
pudermos”, garantiu.
Uma das tarefas às quais o
novo provedor se promete
entregar, é a defesa do
património da Santa Casa
de Gaia, que, “no contexto
das Misericórdias portuguesas,
é uma pequena grande
Misericórdia. É uma referência”,
assegurou Joaquim
Vaz, recordando que a instituição
dá apoio a muitas
pessoas: “Temos quatro
lares, três para pessoas
carenciadas, sem retaguarda
familiar e um lar residencial,
para pessoas que têm
algum capital financeiro”.
Além disso, “temos uma
creche, jardim-de-infância, um
centro de acolhimento para
crianças em risco, o hospital, uma clínica
de fisiatria, um centro de
hemodiálise e uma farmácia social”.
A luta contra a pobreza é
muito complexa e a
Santa Casa tenta
responder aos
inúmeros apelos, de
várias formas, embora
esteja “mais vocacionada
para o internamento”
que, já vários
especialistas afirmam
“deve ser a última hipótese”.
Joaquim Vaz garante que, “o
mais importante começa
logo pelo centro
de dia”, para evitar o isolamento,
tentando “ocupar e motivar” os
utentes. Quando esta situação
já não é suficiente, “e eles ficam em
casa, então terá que haver apoio ao
domicílio”. Mas também este
é temporário, pois, “em
determinada altura já não
resolve o problema e tem
de se fazer o internamento”,
o que, “infelizmente, é
o princípio do fim”, lamenta
o ‘irmão’, justificando que
os lares da Misericórdia
“estão transformados em
autênticos hospitais de
retaguarda”.

Mais equipamentos

Por este motivo, Joaquim
Vaz acalenta a vontade de
avançar com o projecto de
uma Unidade de Cuidados
Continuados. Além disso, o
provedor gostaria também
de ter um novo lar, mais no
interior do concelho, para
poder dar apoio às freguesias
mais distantes.
Do programa apresentado
pela lista encabeçada por
Joaquim Vaz, constam
muitos outros projectos,
que passam sobretudo,
pela criação de uma verdadeira
“cultura de misericórdia”,
uma “provedoria
aberta”, mais apoio à
primeira e à terceira infância
e uma máquina da
saúde “muito bem oleada”.

Ser solidário pode
fazer a diferença

“A nossa instituição não é
para apresentar lucros.
Tem de apresentar um
equilíbrio entre proveito e
despesas”, frisou Joaquim
Vaz, que acredita, apesar
das dificuldades, que têm
de ser encontradas novas
iniciativas e “sensibilizar
as pessoas para que
sejam mais solidárias e
dêem algum contributo”.

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PERFIL

Joaquim Vaz está ligado
à Misericórdia, “vai para
27 anos”.
Por vários mandatos foi
convidado a integrar a
equipa de outros provedores,
tendo-lhe sempre
sido concedido o pelouro
do Lar Salvador
Brandão, em Gulpilhares,
do qual ainda
hoje é ‘visitador’ assíduo.
Teve uma ligação
muito próxima à área da
terceira idade, tendo sido
também fundador da
conferência masculina
de S. Vicente de Paulo de
Nossa Senhora do Ó,
padroeira da freguesia, o
que lhe deu “uma visão
mais alargada das necessidades
existentes.”
Em 1997, foi convidado a
candidatar-se a provedor.
“Fiz alguma obra,
como a clínica de fisiatria,
para dar alguma sustentabilidade
à instituição”,
para que
“pudéssemos fazer mais
caridade, dar mais
assistência a pessoas
carenciadas”.
Entretanto, foi convidado
a dar um contributo à
União das Misericórdias,
tendo-se “enraízado em
toda essa problemática e
cultura de misericórdia”.





in O Gaiense

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