sábado, 3 de janeiro de 2009

Misericórdia da Mealhada

Mealhada: Futuro do Hospital da Misericórdia é insustentável nas actuais circunstâncias
Manter em funcionamento o Hospital da Misericórdia da Mealhada nas actuais circunstâncias “é insustentável”. O futuro tem que passar por acordos com o SNS ou parcerias

João Peres, provedor da Misericórdia da Mealhada, já o tinha dito, durante a aprovação do Orçamento e Plano de Actividades da instituição para 2009: o Hospital da Misericórdia não pode continuar a funcionar – com prejuízos que, no contexto geral da instituição, apontam para um valor próximo dos 450 mil euros durante este ano – nas actuais circunstâncias, embora esteja categoricamente excluída a eventualidade da sua venda. No entanto, existem duas saídas para dar continuidade ao funcionamento da unidade de saúde da Misericórdia: ou a consumação de parcerias ou, preferencialmente, acordos com o Serviço Nacional de Saúde, que possam garantir à população local um “serviço de qualidade com meios humanos e técnicos”.
A ideia voltou ontem a ser repetida, desta vez por Luís Teixeira, director clínico do Hospital, durante uma conferência de imprensa convocada precisamente para dar conta da situação daquela unidade.
Reforçando a ideia de que se trata de uma infra-estrutura ímpar na região, Luís Teixeira referiu que “quer o poder autárquico, quer o poder central têm que encarar o Hospital da Mealhada como uma unidade de saúde credível e com meios capazes de responder à maioria dos casos”, salientando o facto da Mealhada precisar “de mais que um Centro de Saúde para servir a população”. Recordo que, na Bairrada, Anadia tem um hospital, Cantanhede também e Águeda igualmente, só a Mealhada que não possui um serviço público hospitalar. “Precisamos que a Administração Regional de Saúde nos apoie, estabelecendo convenções que permitam colocar os nossos serviços à disposição da população em patamar de igualdade com qualquer outra unidade de saúde pública”.
Luís Teixeira recorda com mágoa, a medida tomada recentemente de encerrar o serviço de Urgência durante o período nocturno, “com claros prejuízos para a população, mas não podíamos continuar a assegurar o seu funcionamento sem a existência de um acordo com o SNS”, acrescentando que, mesmo assim, a instituição tem feito “um grande sacrifício para manter em funcionamento a urgência durante o período diurno, pois trata-se de um serviço com claros prejuízos que têm sido assumidos pela Misericórdia”.
Esclarecendo que o Hospital “não é uma unidade privada como erradamente se diz, mas sim uma unidade que é pertença de uma IPSS, cujo destino de verbas é totalmente canalizado para serviços prestados pela instituição”, o director clínico adiantou estarem em fase de conclusão dois acordos com o SNS nas áreas da imagiologia e fisioterapia, que deverão entrar em vigor no final de Janeiro. Uma “boa notícia”, mas que precisa de ser continuidade em outras áreas como as urgências ou ao nível das cirurgias, “onde, por exemplo, existem listas de espera, enquanto o Hospital da Misericórdia está subaproveitada com uma capacidade de ocupação que está abaixo dos 30%”. De resto, Luís Teixeira lembrou que, globalmente, o Hospital está com a sua capacidade abaixo dos 50%, solicitando a entidades como a ARS e poder local “um apoio global para que este hospital possa efectivamente ser devidamente aproveitado, pois já demonstrou que tem capacidade física e humana de qualidade inegável”.

António Jorge Pires

Diário de Aveiro

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