segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca do Campo

2009-01-18 23:25

"As nossas Santas Casas, as nossas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e os nossos centros paroquiais devem lembrar-se todos os dias de que o seu património não são os seus terrenos, as suas casas, os seus equipamentos ou o seu dinheiro. O património das Santas Casas e IPSS é um património imaterial que corresponde ao valor da dádiva que fazem em termos de promoção da dignidade humana e inclusão social".
Foi com este recado que o presidente do Governo Regional encerrou a sua intervenção, na cerimónia de lançamento da primeira pedra do futuro Centro de Actividades Ocupacionais da Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca do Campo, a nascer junto à zona da carreira de São Francisco. Em jeito de reparo, Carlos César fez questão de apontar determinadas posturas que o deixam incomodado... "Não fico, muitas vezes, satisfeito quando vejo Santas Casas da Misericórdia - o que não é o caso da Vila Franca, IPSS e outras organizações disputarem com o Governo, como se fossem uma empresa, como se estivessem mais preocupadas em saber quantos terrenos têm, quantas casas os utentes lhes deixam, quanto dinheiro têm no cofre, para mostrarem à direcção anterior que têm mais dinheiro do que a que se segue", denunciou o governante. Por essa razão, o governante deixou o repto a todos que estão envolvidos neste tipo de instituições, desde os trabalhadores até aos gestores, para que tenham em consideração que o caminho a seguir é serviço em prol da dignidade humana dos que mais precisam. "Se as IPSS e Misericórdias tivessem como função fazer negócio não fazíamos protocolos nem contratos com elas", assegurou. A esse propósito, César reiterou que as políticas de reintegração e reabilitação social de pessoas com deficiência assumem, actualmente, uma importância cada vez maior, não só pelo apoio a essas pessoas mas também às respectivas famílias, sendo por isso necessário investir em infra-estruturas e outros domínios que possam dar respostas a essas situações e carências. Uma ideia subscrita pelo provedor da Misericórdia vilafranquense, António Cordeiro, que admitiu com o concelho ficará bem melhor servido em termos de apoio social. O presidente do Executivo aproveitou ainda a ocasião para lembrar que na Região já existem dezasseis CAO que apoiam quinhentos cidadãos portadores de deficiência, e que foram criados centros de atendimento e de acolhimento, que abrangem cerca de 350 utentes. No âmbito de projectos em curso, César referiu que já estão a ser criadas residências para pessoas com deficiência, havendo agora duas em São Miguel, uma na Terceira e outra no Faial, para além de estarem ainda a ser desenvolvidos serviços na área do transporte adaptado que, actualmente, já servem cerca de 150 doentes. "Falar de obra é muito simples realizá-la é algo mais complexo que exige preparação, ponderação, tecnicidade, responsabilidade e noção dos meios. Falar contra também é muito simples. Fazer a favor é, naturalmente, mais complexo e está só ao alcance daqueles que têm um empenhamento exclusivo e continuado no bem público", vincou o presidente do Governo. O Centro de Actividades Ocupacionais poderá acolher cinquenta jovens cidadãos portadores de deficiência, residentes no concelho de Vila Franca do Campo e que não estejam abrangidos pela escolaridade obrigatória, ou seja, com mais de quinze anos. Este projecto está integrado no Complexo Social de Vila Franca do Campo, que inclui uma cozinha industrial e uma lavandaria, bem como uma futura Unidade de Cuidados Continuados Assistenciais. De referir ainda que a empreitada foi adjudicada ao consórcio estabelecido entre "Construções Couto & Couto Lda e a CONDURIL – Construtora Duriense, SA". A obra, com um valor superior a três milhões de euros, será totalmente financiada pelo orçamento da Região Autónoma dos Açores, através da Secretaria Regional do Trabalho e Solidariedade Social.

Luisa Couto

AO

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