domingo, 11 de janeiro de 2009

Santa Casa da Misericórdia de Faro

Sistema de apoio de prevenção contra o frio recolhe alguns sem-abrigo para tendas em Faro


d.r. Ver Fotos »

Sem abrigo
Os três graus de temperatura mínima sentidos no Algarve levaram as autoridades locais a criar um sistema de apoio na prevenção contra o frio, encaminhando população de rua para tendas.

Em declarações à Agência Lusa, a governadora civil de Faro Isilda Gomes referiu que existiram algumas situações pontuais na noite passada, mas nada de grave.

Na tenda montada em Faro, junto às instalações dos bombeiros municipais, José Herculano, um ex-recluso de 49 anos, pediu ajuda para enfrentar o frio através da linha de emergência social "144" e através, da Cruz Vermelha, conseguiu um lugar na tenda em Faro.

A tenda tem capacidade para receber 12 utentes com dormida quente, enquanto as refeições são feitas no refeitório da Santa Casa da Misericórdia, o banho quente pode ser tomado nas instalações do MAPS (Movimento de Apoio à Problemática da SIDA) e a roupa é fornecida pela Cruz Vermelha.

"Foi o medo do frio que me levou a pedir ajuda", declarou à Lusa o sem-abrigo, que está desempregado desde que saiu da prisão e que passou esta noite a beber chá quente e uma cama com o "kit" de almofada e cobertores na tenda de Faro.

Em Loulé, também pernoitaram no centro de atendimento montado pela autarquia, em Quarteira, três pessoas.

As três pessoas foram recolhidas das ruas pela equipa que iniciou quarta-feira rondas pelos locais onde habitualmente se concentram os sem-abrigo ou pessoas desfavorecidas naquele concelho algarvio.

Segundo disse à Lusa o coordenador da Protecção Civil Municipal, em Loulé - onde também foi montado um centro -, foram identificadas duas pessoas, que habitam em casas degradadas com a autorização dos proprietários, mas não quiseram acompanhar a equipa.

"O dispositivo vai estar montado até domingo e todas as noites vamos fazer rondas por Almancil, Quarteira e Loulé", disse João Lima, acrescentando que as pessoas recolhidas pelos serviços são desempregadas e duas nem sequer são naturais do Algarve.

Os dois centros montados pela autarquia têm todas as condições de aquecimento e conforto para que a população desfavorecida possa pernoitar, sendo igualmente fornecidos alimentos e bebidas quentes, como forma de prevenir casos de hipotermia.

A Santa Casa da Misericórdia de Faro estabeleceu, recentemente, por seu turno, um protocolo com a autarquia farense para fornecer refeições quentes aos mais desprotegidos, que também podem utilizar os balneários das instalações da Santa Casa para fazer a higiene com água quente.

Segundo o provedor da Santa Casa da Misericórdia Candeias Neto, têm aparecido cada "vez mais pessoas no refeitório social e com muita fome".

"São pessoas que passam o dia inteiro sem comer e chegam a repetir quatro e cinco vezes o prato de sopa", contou Candeias Neto, sublinhando que quem procura o refeitório social já não são apenas os sem-abrigo ou toxicodependentes, mas também pessoas em situação de carência, como imigrantes do Leste europeu e desempregados.

8 de Janeiro de 2009 | 17:27
lusa
Barlavento

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