sábado, 17 de janeiro de 2009

Santa Casa da Misericórdia - Obra da Figueira

“Há redes (de solidariedade social) que só servem para consumir o dinheiro dos contribuintes”

Afirma Joaquim de Sousa

Lidar com o sistema social, em Portugal, não é de todo uma actividade pacífica. Se por um lado pontuam os que no silêncio desenvolvem meritória obra e são por isso oficialmente reconhecidos, por outro surgem entidades que apregoam ‘aos quatro ventos’ as iniciativas que desenvolvem tendo como alvo os mais desfavorecidos e socialmente carenciados.
Os apoios oficiais, pontualmente, vão dando para as ‘encomendas’, como popularmente se diz. Isto é, vai dando para manter portas abertas, realizar algum serviço social/solidário mas também para criar (e manter) emprego.
Uma das grandes diferenças entre os dois blocos reside no investimento privado. Se é bem verdade que uns aproveitam os apoios mas também contribuem investindo na formação profissional e na promoção da qualidade dos serviços prestados, outros… nem por isso.

“Solidariedade de espectáculo, não”
Este olhar poderá ter estado na génese das recentes críticas proferidas por Joaquim de Sousa, que renovou as suas funções de Provedor da Misericórdia – Obra da Figueira.
O responsável, na cerimónia de tomada de posse do novo elenco directivo da Misericórdia, garantiu que “não fazemos solidariedade social de espectáculo, somos cépticos com o que se passa no sector”.

“Os custos para auxiliar os pobres é um escândalo”
Há nove anos à frente dos destinos da instituição, Joaquim de Sousa angariou um saber que lhe permite aquilatar as movimentações deste sector tão próximo da comunidade. Daí que afirme que “os milhões de euros (das ajudas) não vão parar às mãos dos mais carenciados, servem sim para criar emprego”, criticando nesta linha de pensamento “a proliferação de instituições e redes de solidariedade social, autárquicas e privadas”. Na sua óptica, “os custos para auxiliar os pobres é um escândalo. Há redes (de solidariedade social) que só servem para consumir o dinheiro dos contribuintes”.

“Misericórdias são a âncora do futuro”
Neste cenário por si traduzido, o Provedor da Misericórdia da Figueira recorda que o Estado português e a União das Misericórdias acordaram os termos em que se procede o acesso dos idosos a este tipo de instituições. E garante que “mais nenhum pobre teria acesso (às Misericórdias) se se aplicasse à risca a lei. Nós flexibilizámos (o acesso) através de um estudo de modo a poder responder aos problemas dos desfavorecidos”.
Neste particular, diz mesmo que “não há um utente em que a Misericórdia – Obra da Figueira não entre com alguma percentagem do que consome, até os comparticipados pelo Estado”. Fica uma certeza: “as Misericórdias são a âncora do futuro” do apoio social.

Protecções asfixiantes
No auditório Silva Soares, perante o responsável pelo universo das Misericórdias do distrito de Coimbra (José Dias Coimbra) e o Presidente da Câmara da Figueira (Duarte Silva), Joaquim de Sousa teceu ainda outras críticas ao funcionamento efectivo e diário de uma Misericórdia. Entre outros ‘alertas à navegação’, o Provedor defendeu que “a Misericórdia está asfixiada com a Comissão de Acompanhamento de Menores que protege tudo - até os próprios empregos - menos os menores”.

Misericórdias reúnem-se na Figueira
José Coimbra, responsável pelo Secretariado Regional de Coimbra da União das Misericórdias considerou que a instituição figueirense “é hoje uma das mais activas no país, é um organismo digno da Figueira da Foz e de Coimbra e que já se impôs a nível nacional. É uma marca e uma presença muito importantes no contexto nacional”.
O responsável deixou o anúncio de que a 6 de Fevereiro próximo, no Casino Figueira, irá acontecer uma reunião nacional de Misericórdias na qual será abordado o tema “ “As Misericórdias e a Inovação”.


O Figueirense

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